Por Zildinha, nossa guia para passeios a pé por Paris.
Todos já ouvimos falar de Montmartre um dos símbolos de Paris como o Champs Elysées, a torre Eiffel, os bouquinistas… Uns adoram este bairro, outro detestam. Desconfio que os que o detestam não o conhecem realmente.
Montmartre está ao norte de Paris e foi anexada à capital em 1860, na época da urbanização haussmanniana. Porque era longe, de difícil acesso e popular não entrou na área de ação do famoso barão. Ainda bem! Assim conservou suas características e seu estilo século 18.
Sem conhecimento do bairro corremos o risco de reduzí-lo à sua Basílica Sacre Coeur, à praça do Tertre, ao seu aspecto boêmio e ao seu famoso cabaré Moulin Rouge.
Mas basta pegar as suas ruas secretas para descobrir o seu lado bucólico, semelhante às pequenas cidades do interior da França. Casas agradáveis, belos jardins e crianças brincando em pequenos parques arborizados.
Montmartre é o último vilarejo da capital, encantador e com uma paisagem excepcional.
Montmartre possui um rico passado religioso com histórias e fatos que datam do início da nossa era. Em 250, Saint Denis foi aí martirizado e decapitado pelos romanos. Diz a legenda que ele pegou a própria cabeça no chão, a lavou em uma fonte, caminhou ainda alguns passos e somente após caiu morto.
Em Montmartre encontramos a Igreja São Pedro, a mais antiga igreja romana de Paris e foi neste bairro que nasceu a ordem dos Jesuítas com Ignace de Loyolla. A famosa Basílica do Sacre Coeur foi construída bem mais tarde, em 1873, para que do alto da colina Cristo abençoasse toda a cidade.
O aspecto boêmio de Montmartre também tem sua história. Os bares populares com pistas de dança, as famosas guinguettes, atraíram multidões desde o final do final do século 18. As pessoas dançavam e bebiam por preços mais baixos em cenários campestres, Montmartre ainda era o campo, longe da cidade.
O pintor Renoir imortalizou um destes lugares, o Moulin de la Gallete, aberto até hoje. A obra acima – Bal au moulin du moulin de la Galette – se encontra no Musée d’Orsay.
O Lapin Agile, cujo o nome parece bem misterioso à primeira vista, ainda é um cabaret, o mais velho de Montmartre, aberto em 1869.
O período mais glorioso de Montmartre se situa entre 1900-1914, quando artistas, pintores, escultores, escritores invadiram a área atraídos pela luz e claridade da colina e alugueis mais baratos. Nesta época, a praça Emile Goudeau – berço da arte moderna – foi o endereço de vários deles, inclusive Picasso. Eles moravam no Bateau Lavoir, antiga fábrica de pianos transformada em ateliers para os artistas. Em 1904, Picasso, ainda pobre, mora em um desses ateliers. O Bateau Lavoir era um lugar precário, onde os moradores gelavam no inverno e se sufocavam no verão. Em 1907 Picasso pintou Les Demoiselles d’Avignon neste endereço.
Mas a história de Montmartre está longe de terminar. Seu charme está intacto. Como prova, o imenso sucesso do filme Amélie Poulain.
Vocês sabem o que quer dizer « club des hydrophates » ? Uma « galette » ? Le « poirier sans pareil » ? O « Chat Noir » ? Uma « folie » ?… Eu os convido para um passeio longe dos circuitos habituais para conhecerem realmente a história de Montmartre.
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36 Comentários
Arthur
A rua da terceira foto aparece logo no ínicio do filme “Paris eu te amo”. É no primeiro curta do filme, onde um motorista está procurando vaga para estacionar e, logo depois, depara-se com uma mulher que tem uma queda de pressão na calçada.
Fernanda
Lina, como faço para agendar e saber os valores de uma visita a pé por Montmartre?
Tu podes me passar o contato da Zildinha?
Obrigada,
Abraço.
Fernanda
Mariana Berutto
fernanda, o contato da zildinha é [email protected]
Fernanda Faria
Olá Lina!!
Montmatre é um lugar interessante para o domingo??
patricia
Lina e Eddie,
Mto obrigada.
Luiz Oliveira
Pessoal, podem ir a Montmartre tranquilos, apenas o cuidado em sempre deixar a bolsa debaixo do braço ou a carteira no bolso da frente da calça. A tão propagada periculosidade de lá são os “apaches” batedores de carteiras que podem ser comparsas dos famosos vendedores de fitinhas (nem todos são bandidos, mas mesmo assim evitem os mesmos), pois para os franceses são “violentos”. Imagino se eles vivessem em um certo país onde assalto a mão armada, homicídios e tentativas de estupro são corriqueiros! Podem ir a qualquer hora, à noite principalmente o bairro ferve com os jovens aglomerados no Bd de Clichy.
Eddie
Uma dica para a Patrícia: você não precisa comprar o ticket para Versailles caso compre o “Paris Museum Pass” pois o mesmo dá acesso total ao palácio e aos jardins. Também não é necessário comprá-lo com antecedência pela internet pois ele é vendido em qualquer ponto de informações, na maioria dos monumentos e pontos turísticos e com mais facilidade ainda em qualquer loja FNAC.
José Rodrigues
A região é ótima e vale muito o passeio e as compras de lembranças.
Tem que ficar bem atento mas não é motivo para desistir.
Luciana
Também não acho o bairro violento e sempre vou no período noturno. Adorei a idéia da visita guiada. Alguma dica de hotel com charme por lá?
Gustavo Gurgel
Bonjour Lina..
Estou atrás do link de um artigo que vc publicou sobre a “depressão” pós viagem à Paris. Achei o artigo interessante queria lê-lo, mas não estou achando.
Queria aproveitar a oportunidade e agradecer a indicação do Rodrigo Lavalle que me ajudou muito durante minha estada em Paris.
Abraços .
Mariana Berutto
Gustavo, será que é esse? https://www.conexaoparis.com.br/2013/02/26/o-retorno/
Luciana Albuquerque
Fiz duas vezes o roteiro recomendado por Lina na primeira vez que estive em Paris à primeira vez, tamanha foi a descoberta. As melhores fotos que tirei foram lá, meus amigos ficavam encantados. Pude voltar com calma com meu marido esse ano e andar por essas ruelas realmente encantadoras,parece que o tempo parou… É preciso apenas um pouco de disposição nas subidas e escadarias, fora isso, NENHUM outro problema.