Retornei ao Marais acompanhada por Zildinha, a guia conferencista indicada pelo Conexão Paris e pelo Minha VIagem Paris.
Como muitos devem saber, morei neste bairro durante 13 maravilhosos anos. Segui de perto sua transformação de bairro decadente à área hype e chic. Se nesta transformação ele perdeu, infelizmente, seu lado de antigo bairro autêntico, ele ganhou em elegância e em cosmopolitismo novaiorquino. Conheço muito bem suas ruas, restaurantes e monumentos.
Aceitei o convite de Zildinha me perguntando, enfim, o que ela pode ainda me mostrar?
Confesso que fui de surpresa em surpresa.
O roteiro da Zildinha é um sábio resumo de informações históricas, arquitetônicas, anedóticas, comportamentais e gastronômicas.
O roteiro começa pelas duas ilhas – Cité e Saint Louis – passa diante dos principais monumentos do bairro – incluindo uma visita da Notre Dame – envereda pelas ruelas e praças do Marais, cita os bons restaurantes, dá uma paradinha em uma pâtisserie que não deixa ninguém indiferente e termina com uma vista imperdível de Paris.
Se eu conhecia de cor os caminhos por onde passamos, aprendi com Zildinha a olhar de outra forma as fachadas, as esculturas e os monumentos. Pequenas informações que mudaram para sempre a relação que tinha com o bairro.
Daqui para a frente, todas as vezes em que eu passar diante da Conciergerie, lembrarei que cada uma das torres possui um nome e que a primeira se chama Torre de Bonbec. Sua construção é anterior à Conciergerie e foi, durante séculos, uma sala de torturas. Ter bonbec na idade média significava falar alto. A Torre de Bonbec de onde escapavam os gritos dos supliciados.
Agora sei que o belo relógio solar da Ilha de la Cité foi construído para anunciar o nascimento das crianças reais.
Diante da Notre Dame, saberei ler a verdadeira “história em quadrinhos” da sua fachada. Me lembrarei sobretudo do julgamento final, enquanto um anjo pesa com uma balança os defeitos e as qualidades da pessoa julgada, os pequenos demônios – com sorrisos irônicos – aumentam discretamente o peso em favor do inferno. Veja na foto acima, à esquerda o anjo e à direita o diabo. As pessoas à direita estão amarradas por uma corda e são arrastadas, por um diabo, para o inferno. No centro, aos pés da balança, um diabinho modifica o peso real. Mesmo na representação do discurso ameaçador da Igreja Católica, os artistas escultores encontravam um jeitinho de inserirem um detalhe divertido.
E assim, de detalhes em detalhes, passamos uma tarde deliciosa. E como ninguém é de ferro, tivemos no final uma pausa mais do que gourmande.
Aproveito para esclarecer que Zildinha formou uma equipe de profissionais competentes. Tanto ela quanto todos os outros membros do seu grupo estão aptos a acompanhar nossos leitores pelas ruas de Paris.
Meu próximo passeio com eles será em Montmartre.
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27 Comentários
Lucy
aproveitar
Erickalalucha
Pessoal, como funciona esse pAasseio guiado pelo Marais?
Rodrigo Lavalle
Ericka, escreva para a Zildinha no email [email protected] e ela te dará mais informações.
Abraços.
Lia
Ola Rodrigo! Obrigada por sua informação a respeito do transporte de CDG. Gostaria de mais uma dica. Qual melhor dia da semana para conhecer Louvre, Versailles e a Fundação Louis Vuitton? Abraços
Rodrigo Lavalle
Lia, evite os finais de semana. São sempre os dias mais cheios.
Abraços.
Valéria Peruna
Como alugar uma Velibe sendo turista em Paris?
Rodrigo Lavalle
Valéria, nesse artigo nosso leitor Eduardo V. explica o passo a passo do aluguel: https://www.conexaoparis.com.br/2011/08/10/alugar-bicicletas-em-paris-modificacoes-do-programa-velib/.
Abraços.
lenita
a historia de Paris será sempre eterna
Ana Lucia Sampaio
Adorei o relato do passeio…
Bastante pertinente em relação ao meu comentário anterior sobre a contratação da Zildinha…
Vocês, desta forma, ratificam a indicação e informam sobre a “equipe”…
O que eu afirmava era justamente o desejo de passear coma própria Zildinha, que é motivo dos maiores elogios do Conexão…
Carmelo
Realmente os passeios com Zildinha são sempre uma grande surpresa, já estamos com saudades!
Renata
Imagina então nós, meros mortais que não podemos morar em Paris….?! rsrs….Uma vez, na primeira primeira visita a Paris, conheci uma guia de turismo chamada Pascal e ela falou uma coisa que me lembro sempre: “Moro em Paris há 8 anos, sou guia local da cidade, e ainda não conheço tudo!”; por isso que cada vez que vou à Paris eu procuro visitar e passear em lugares diferentes e tenho certeza que não conheço quase nada, mas estou trabalhando para isso!!! <3
Ricardo
Já estou ansioso pelo post sobre o passeio em Montmartre!
Maurício Christovão
Belo roteiro, como de hábito. O Marais é mesmo muito bonito e interessante. Observo apenas que o lindo relógio dito “solar” da Ilha de la Cité é um relógio comum.