Diego é um querido amigo parisiense que acabou de ter sua primeira experiência desfilando em uma escola de samba no Brasil. No artigo a seguir ela nos conta como foi. O texto foi escrito em francês. Abaixo, nossa tradução livre.
Por Diego Milatz
Historicamente o carnaval, nascido na Europa, é um período de diversão durante o qual a ordem estabelecida e a distribuição dos papéis se invertem. O rei vira um humilde habitante e o cidadão médio é consagrado rei. Cada um deles mascarado ou maquiado a fim de poder fazer tudo aquilo que é proibido em tempos normais.
Um dos carroda da Vai-Vai (Foto: SASP fotógrafo Chico Ros)
Hoje o carnaval é uma festa popular onde todo mudo se fantasia para cantar, dançar, tocar música e celebrar a alegria de viver. No Brasil, o carnaval é uma festa nacional, quase uma religião. Visto da França, o carnaval brasileiro continua sendo o evento que melhor simboliza a união da dança e da música – essa arte de viver que todo o mundo inveja – tanto que muitos pensam que essa festa tem sua origem nessa terra inundada de sol.
E bem, vocês sabem de uma coisa? Depois do que eu acabei de viver no Sambódromo de São Paulo, eu também passei a achar que o carnaval é totalmente brasileiro. Eu acabei de realizar o sonho que todo estrangeiro sonha viver um dia.
No ritmo das percussões desenfreadas, de um refrão enebriante, no coração do sambódromo de São Paulo e no meio de 3.000 dançarinos da escola mais premiada do Brasil – a Vai-Vai – eu fiz do samba meu instrumento corporal.
Vocês não podem imaginar o que sente um estrangeiro no meio dessas milhares de cores: uma excitação diferente a partir do momento que vestimos a fantasia, frissons que percorrem nosso corpo todo, desde a entrada no sambódromo, o ritmo que nos invade e essa vontade de se agradar e agradar a todos os espectadores que vieram assistir a essa imensa celebração.
A magia do carnaval no Brasil vem dessa imaginação sem limites ao se fantasiar, dessa paixão indescritível a serviço de uma escola e desse savoir-faire irresistível utilizado para que cada um se sinta rei ou rainha durante uma noite. É um momento de união e compartilhamento, um momento de paz e amor, um momento sagrado onde o homem é enfim ele mesmo.
Eu agradeço especialmente a Vai-Vai por ter escolhido como tema a França. Após o ano trágico que ela viveu, dançar e cantar o samba nas cores azul, branco e vermelho foi um verdadeiro grito de esperança e de fraternidade. Uma chama delicada e altruísta cujo calor nos envolveu com uma força que nenhuma arma de guerra jamais poderá destruir.
“Je Suis Vai-Vai – Bem-vindos à França”
Após quase uma hora de desfile, eu estava esgotado e feliz. Feliz de ter participado da mais bela festa do Brasil, feliz de ter recebido tanto afeto da parte de vocês e orgulhoso de poder dizer, a partir de agora e para sempre: “eu fui”.
Uma lembrança indelével que agora me faz acreditar – pior para a História – que o carnaval é realmente brasileiro.
Eu sou Vai-Vau, eu sou o carnaval, eu sou brasileiro.
Diego também é um apaixonado pela música francesa e todo mês escreve um artigo nos apresentando seus artistas favoritos:
- EDITH PIAF: a cantora eterna
- Cœur de Pirate: uma cantora vinda do outro lado do Atlântico
- Jean-Jacques Goldman, o chefe da canção francesa
- Etienne Daho, Padrinho da French Pop
- A canção francesa dos anos 80
- Véronique Rivière
- Véronique Sandson, um dos principais nomes da música francesa
- Mylène Farmer, a cantora silenciosa
- Três novas cantoras francesas
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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