Jack Kerouac escreveu On the Road entre 2 e 22 de abril de 1954. Ele tinha 29 anos. Em grande parte autobiográfico, o livro foi escrito em prosa espontânea, sem parágrafos, margens e capítulos.
O jovem Kerouac vai se tornar o escritor mais talentoso da sua época e respresentante da literatura do instante. On the road será um imenso best seller e um símbolo para numerosas gerações.
Em 2011, Christie’s vendeu em New York o original – um rolo – de Kerouac por 1.5 milhões de dólares.
Coppola comprou em 1968 os direitos autorais do livro e, semana passada, MK2 e Walter Salles o apresentaram em Cannes.
Kerouac escreveu seu livro sobre um rolo de papel de 36 metros de comprimento. Este rolo está exposto no museu parisiense Musée des Lettres et des Manuscrits em complemento ao filme do brasileiro Walter Salles.
Abaixo alguns trechos da entrevista que Walter deu recentemente sobre seu filme – Sur la route – apresentado semana passada em Cannes.
. Seus personagens estão quase sempre nas margens da sociedade. Por que esta atração pela periferia ?
Porque o centro não é nunca muito interessante. Os road movies não tratam nunca o que se passa no centro, mas sim na margem.
. Onde reside, segundo você, a modernidade de Kerouac?
No desejo de explorar tudo, de viver, de sentir na pele – e não viver por procuração diante das telas. De não recusar o momento. Borges dizia que seu prazer na literatura era de nomear aquilo que não tinha ainda sido nomeado. Hoje, as pessoas tem a impressão que tudo ja foi repertoriado…On the road é um antídoto ao imobilismo. E isto que me fascina no livro.
. Você se lembra da sua reação quando leu pela primeira vez o On the road?
Eu li este livro em momento difícil da vida brasileira, os anos de chumbo do regime militar. A imprensa e a edição estavam censurados. Eu o li em inglês. Neste livro tudo era oposto ao que sentíamos no país. O sopro da liberdade de Dean, Sal e os outros personagens do livro, o movimento constante, o sexo, o jazz ou a droga eram o contrário daquilo que vivíamos. Fui profundamente marcado por esta leitura.
Leia artigo apresentando o Musée des Lettres et des Manuscrits aqui.
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8 Comentários
Monique
Otima materia. Mas o livro foi escrito em 51 e nao em 1954 como relatado acima….
Henrique Galli
Repassei a dica para um tio que está em Paris. Ele foi ontem (31/05) e ficou deslumbrado com a exposição porque a beat generation fez parte da vida dele. Ele ficou imensamente grato pela dica.
Cristiane Pereira/ BH
Walter Salles Jr. sempre faz filmes belos, e fortes, podemos gostar ou não. Não deve ter sido diferente com On the road. Uma pena, mesmo, não ter sido bem recebido em Cannes, o festival de maior repercussão. Aguardemos.
Quanto ao Musée des Lettres, Eymard falou e disse: merece ser louvado pelo tema em si. Ainda não o conheço, mas já o indiquei para vários amigos – dica do CP é sempre ‘quente’! – e todos amaram.
eymard
O museu é muito simpático e discreto. Tem-se que prestar atençao. Vale a pena conhecer e a lojinha do museu é igualmente interessante. Um museu de preservaçao de “manuscritos” já vale a pena pela propria idéia. Como disse Tania, o filme nao fez o sucesso esperado em Cannes. Uma pena.
Sergio A
Li o livro em um suspiro….impossível parar depois que começamos! Depois da leitura ficamos embriagados pelo desejo de liberdade e de viver intensamente….Espero que o filme reproduza este sentimento. Vou aguarda ansioso.
Tatyana Mabel
Quero conhecer este museu. Nunca haviua ouvido falar! Tomei nota.
Beth
Estou esperando o filme chegar por aqui…
Tania Baião
A crítica pareceu dividida em relação à obra:
Nós amamos”, afirmou o jornal francês Le Figaro. Além de elogiar a atuação de Kristen Stewart, da saga Crepúsculo, a crítica também afirma que Salles “dá a impressão de reinventar o road movie”.
O site norte-americano The Hollywood Reporter afirmou que Salles fez um trabalho respeitável, “em alguns momentos, até melhor do que isso”. Segundo o texto, enquanto o impacto dramático do filme pode variar, o visual “é um prazer constante”.
O inglês The Guardian afirmou que “Walter Salles trouxe para Cannes um filme bonito, mas sem direção”. O texto ainda acusa a obra de ser narcisista, assim como seus personagens. Com uma das críticas mais duras que o longa recebeu, o The Guardian atribuiu apenas duas estrelas de cinco para a produção.
Outro veículo inglês, o The Telegraph, também achou que Na Estrada valia apenas duas estrelas na escala que vai até cinco. Segundo a avaliação, o trabalho de Salles prova a teoria de que o romance de Kerouac é inadaptável. “Apesar do elenco bonito e das cores ensolaradas, o filme logo entra em um ciclo entediante de depravações beatniks.”
Agora é esperar para ver o filme por aqui!!!