Por Evandro Barreto, autor do livro Na Mesa Cabe o Mundo
Você está em Paris, feliz, molhado e cansado. Passou três horas na fila do museu, debaixo da chuva fina, para ver ao vivo a pintura de Cézanne. Valeu a pena? Claro que valeu! Empurrando com os cotovelos a japonesa da direita e o lituano da esquerda, você chegou perto o bastante da tela para apreciar a textura das pinceladas e dimensionar o quadro na escala humana. É só assim que a obra se completa e é assim que você vai carregá-la na alma pelo resto da vida. Você poderia permanecer ali por horas e horas em comunhão com aquela maçã, que é todas as maçãs do mundo e muito mais do que todas elas. Mas alguém já está fungando em sua nuca, pelo direito de sentir também o que você está sentindo. Há que seguir em frente. Até porque você tem que voltar ao hotel e vestir roupas secas, a tempo de não perder a mesa que teve tanto trabalho para reservar três meses atrás naquele restaurante famoso.
Você sai do metrô e só consegue andar alguns metros. A polícia bloqueia a passagem enquanto manifestantes desfilam contra ou a favor não está bem claro do que. Procurando outro caminho, você depara com um café modesto, o interior na penumbra, só uma cliente idosa concentrada nas palavras cruzadas. A tentação é irresistível: entrar e sentar-se sem pressa diante de uma xícara de chocolate fumegante para esquecer as meias úmidas e relembrar o encantamento de há pouco. É nesse momento não programado de uma viagem em que tudo foi previsto que pode acontecer um encontro inesquecível. No século das multidões, você descobre que meia hora consigo próprio pode ser uma bênção. Sorve com vagar e prazer um gole do chocolate – e é toda a companhia que você precisa, deseja e merece, sem medo de ver pela vidraça o fantasma da solidão. Não companheiro de vida ou de viagem, não dono de biografia ou currículo, não fragmento do todo. Por um instante sem ponteiro, pertencer-se sem pertencer. Logo passará, mas até lá que tantas camadas empilhadas às pressas se assentem em harmonia. Desfrute os goles que faltam e peça a conta, que ela sempre chega. O mundo lá fora já está com cara de impaciência.Tudo bem, você está pronto.
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23 Comentários
Cristiane Pereira
Ah, Dodô… que artista das palavras você é! Que conhecedor do ser humano! Fico pensando que ao buscar inspiração para um texto você fecha os olhos e se lembra das vezes que já caminhou pelas ruas de Paris (ou de tantas outras cidades pelo Brasil e pelo mundo afora), ou das tantas vezes que ficou observando as pessoas turitas ou não, no ir e vir agitado, ou no ir e vir cotidiano, simples, nos seus afazeres singelos… como pode descrever tão bem o que trazemos dentro de nossos corações? Parabéns por mais esse belo texto. Por favor, escreva mais!
Vanderci
vou carregar este texto comigo, para lembrar de sempre aproveitar, pois a conta realmente sempre chega !
Francy
Leio o texto bem devagar ,como se lá estivesse …a chuva ,as filas ,a multidão ,o encantamento .E caminhando Dodô nos leva a um café ,o chocolate nos aquece o corpo , e a alma entra em comunhão com Paris ,esta cidade que amamos mesmo na solidão !Maravilha de texto!!!
Tatyana Mabel
Dodô, que presente a leitura deste texto!
A procura, os pequenos encontros consigo… as faíscas instantâneas de felicidades – “Por um instante sem ponteiro, pertencer-se sem pertencer.” -, quando, sem querer, nos descobrimos simplesmente vivos… o chocolate quente, a meia molhada, os paradoxos da existência… somos um quadro de Hopper.
Angela Silvano
Dodo… meus pés ficaram gelados mas a alma ficou quente e confortável.
JulianaL
Esse Dodô é mesmo um danado! Q texto delicioso de ser lido…
marcelo
Espetacular!!!!
Pura arte. Fiquei ate com os pés molhados.
Parabéns!!!!
Paris faz essas coisas com os artistas e os leitores… A anos…
alvaro coutinho
Nosso Dodo, com mais um texto leve e na mosca … Como ja me senti assim em Paris e outros lugares. Algumas vezes ficamos assim como o Dodo descreve …
Nilza Freire
Parabéns, Dodô, lindo texto pleno de sentimento e amor por Paris!
Mirella Cozzi
Sou fã de Dodô! Já estou esperando ansiosamente o próximo livro.