Enquanto planejo minha viagem de férias em janeiro com a família, me dou conta de que uma das coisas mais importantes que aprendi com os franceses foi a viajar. A convivência com amigos franceses me mostrou que o mundo é grande e maravilhoso e, tendo um pouco de curiosidade e paciência para pesquisar, é possível se aventurar por lugares únicos e pouco visitados, que estão fora do circuito convencional.
A primeira vez que ouvi falar de Alter do Chão, no Pará, foi há 15 anos, quando uma amiga francesa veio ao Brasil e se encantou com nossa praia de água de doce. Alter do Chão já é conhecida e frequentada por brasileiros. E eu até hoje não conheço.
Foi também com uma francesa, nessa mesma época, que descobri os encantos dos nossos vizinhos latino americanos. Antes de entrar na faculdade, minha amiga passou seis meses viajando pelo nosso continente incluindo países que eu até então não cogitava conhecer como Guatemala, Bolivia, Venezuela.
Nós brasileiros, em geral, somos pouco criativos para escolher nossos destinos. Nossas férias no exterior costumam se limitar à Europa e aos Estados Unidos. Nossos vizinhos latino americanos, coitados, não merecem muito nossa atenção – com exceção de Buenos Aires, Bariloche e as rotas de vinhos chilenas, que nos fazem nos sentir um pouco na Europa. Acho que isso vem mudando aos poucos, mas ainda somos muito conservadores quando comparados aos franceses.
E como os franceses viajam? Os pacotes de viagem naquele esquemão à la CVC são muito menos comuns. Os franceses, mesmo antes da Internet, sempre planejaram suas viagens sozinhos, com ajuda de guias de viagem. Até hoje, são vendidos na França 10 milhões de guias por ano. Desses, o guia do Routard é responsável por 25% das vendas.
Acho que o Routard sintetiza um pouco o espírito francês de se viajar: conhecer lugares únicos, sem torrar as economias, de uma forma autêntica e convivendo com a cultura local. Lançado nos anos 70 por um jovem francês curioso pelo mundo, o Routard até hoje é tido como fonte confiável.
E posso dizer que fomos e ainda somos influenciadas por esse espírito Routard de viajar – claro que renovado hoje com as todas as possibilidades que a Internet trouxe para o planejamento das viagens. Mas temos muito a agradecer aos franceses. E esse blog é um pouco fruto dessa descoberta.
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31 Comentários
Marcia
Muito legal, o estilo francês mostra que buscar simplicidade, conforto e originalidades pode ser muito interessante.
Jacqueline
Meus destinos preferidos continuam sendo Europa e Buenos Aires. Não adianta. Não gosto do turismo ecológico. Não gosto de Nova Iorque. Iria talvez a Quebec ou ao México. Praia não é minha praia mesmo. Concordo com as considerções da Silvia Miranda.
Flavia
Sim Lina! Em Hong Kong e na China encontramos muitos franceses por todo lado. E a China é também um roteiro imperdível, um lugar surpreendentemente lindo e interessante.
Maria Luisa Quintella
Eu sou carioca e so fui conhecer Alter do Chao gracas ao meu companheiro italiano. 🙂 Estou aprendendo….
Virgínia Andréa
Seu blog me foi indicado pelo Alexandre de Castro do Flats Villa Paris. Estou precisando de um apartamento em junho, de 3 a 12, em Paris, para 2 ou 3 pessoas, em Saint Germain ou próximo. Alguma dica?
Excelente blog.Parabéns.
Rodrigo Lavalle
Virgínia, entre em contato direto com as empresas que o Conexão Paris indica: https://www.conexaoparis.com.br/categoria/lina-indica/parceiros-do-conexao-paris/aluguel-de-apartamentos/.
Abraços.
marcilene nachtygal
Lina, amei a postagem! Sou de Foz do Iguaçu (terra das cataratas), e conheço bem esse estilo a que você se refere, os “franceses alternativos”. Aqui enquanto os brasileiros se esbaldam em Ciudad del Este fazendo “compras da China”, eles os franceses, escolhem hotéis simples e se misturam a cultura local, aproveitando para comer a nossa comida e assim por diante… Nessa onda, a minha sugestão para os brasileiros eh a de conhecer o norte argentino, Quebrada de Humahuaca e adjacências. Lugar lindíssimo, e o mais importante: barato para nosotros, com 1 real compramos um pouco mais de 4 pesos
Silvia Miranda
Nossa Lina, que coincidência! Também sou de BH mas hoje moro no Mato Grosso e foi aqui que ouvi falar de Alter do Chão pois tenho amigos que tem casa lá e sempre programam idas enquanto ficamos querendo ir para a Europa. Acho que os conceitos realmente são diferentes uma vez que vocês já convivem com estas maravilhas diariamente e para nós, moradores da terra tupiniquim, viajar pelo Brasil ainda é mais caro do que pro exterior além de não possuir a mesma infra estrutura em alguns lugares. Mas viajar sempre é uma delícia e nos renova! Boas férias e aproveite das maravilhas naturais do Brasil!
Ana
Lina, acompanho o conexão faz tempo e ele foi muito útil para mim neste minha temporada na França – fiquei 9 semanas estudando em Lyon. Mas nenhum post traduz tanto o espirito frances de viajar e de viver a vida como esse! E eu sigo a risca este estilo de viagem e faz tempo… E agora mais ainda! Incrível como as vezes precisamos ir longe de casa para perceber que temos coisas tão sensacionais pertinho de nós! Parabéns pelo blog, e pelo post! O guia Rotard é realmente demais, viajar é preciso! Traz alegria para a alma,
jorge fortunato
Em geral os eurpeus fazem viagens mais descoladas. Mais jovem, passava férias no Nordeste e sempre encontrava europeus de diversas idades que estavam “conhecendo a América do Sul”. Faz parte da cultura deles. Para nós, brasileiros e com um padrão financeiro bem diferente, não dá para ficar 6 meses viajando por continentes… alguns até fazem isso, antes de começar a trabalhar ou num período sabático.
Nick
Que delícia de post Lina, adorei !!! Sempre achei os franceses um tipo de turista que não busca clichês, e sim, conhecer o estilo de vida e a cultura do local visitado. Viajar pra mim é fundamental, e traz um sopro de renovação para o cotidiano…