Este é o assunto preferido da atualidade gastronômica, se não for da atualidade tout court.
Restaurante Alain Ducasse au Plaza Athénée
O restaurante Alain Ducasse au Plaza Athénée reabriu suas portas no início de setembro e seu cardápio está provocando ligeiro rebuliço.
O grande chef francês retirou a carne das opções deste restaurante estrelado. Daqui para a frente, somente peixes oriundos da atividade de pequenos pescadores, legumes cultivados na horta do Castelo de Versailles e cereais agricolamente corretos, na medida do possível.
Ducasse propõe sua visão pessoal e se coloca em primeira linha pela diminuição do consumo das proteínas animais.
Sua posição, um pouco radical, sobretudo para um grande representante da gastronomia francesa, está provocando comentários.
Ao suprimir a carne, Ducasse abandona a tradição culinária da França e um savoir faire ancestral. Ah! E o maravilhoso magret de pato! E o sublime pato com molho de laranja! E os suculentos frangos criados na cidade de Bresse. E o delicioso presunto de Paris!
As discussões levantam até a possibilidade do desaparecimento de certas profissões como as dos maîtres de hotel que sabem preparar, diante do cliente, um pato sem os ossos ou uma magnífica cabeça de vitelo. Nos restaurantes gastronômicos, uma parte do prazer está ligada ao savoir faire destes maîtres, à destreza com a qual manipulam os instrumentos e nos apresentam o prato perfeitamente ordenado.
Não como carne todos os dias. Mas aprecio o fato de ter esta opção. Não poderia me alimentar somente com legumes, peixes e cereais. De tempos em tempos, preciso no mínimo de um franguinho e, às vezes, de um suculento tornedor.
Valor do menu do Alain Ducasse au Plaza Athénée: 320 euros.
Se você for um adepto das proteínas animais, saiba que o Hotel Plaza Athénée possui outros restaurantes.
Relais Plaza
. Uma brasserie chic, o Les Relais Plaza. Aberto para o almoço e o jantar, a brasserie continua servindo os pratos tradicionais da cozinha francesa. Menu a 48 euros com entrada+prato ou prato+sobremesa.
La Galerie
. Um espaço chamado La Galerie, onde do café da manhã até o jantar podemos degustar as pâtisseries de Christophe Michalak. Endereço ideal para um chá da tarde.
. Um restaurante que funciona nas estações quentes, La Cour Jardin. Seu cardápio oferece pratos inspirados na cozinha do Mediterrâneo.
Terrasse Montaigne
. Uma varanda, a Terrasse Montaigne, situada diante da avenida Montaigne, aberta de março a novembro. Ela funciona o dia todo e lá podemos tomar uma taça de vinho e pedir refeições leves.
Le Bar do Plaza
. Não posso deixar de mencionar o famoso bar do Plaza e seus deliciosos cocktails. E os Djs que trabalham aí são perfeitos.
Endereço: 25 avenue Montaigne, 75008 Paris.
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16 Comentários
Marcello Brito
Nao servir carne passa a nao tem importancia alguma nesse decor de gosto extravagante. Sera que o hotel entrou em reforma de quase um ano para piorar seu interior?
Mauro Lima
Ducasse segue os passos de Alain Passard do L’Arpège também em Paris e também com 3 estrelas. O tempo dirá se com o mesmo sucesso.
Evandro Barreto (Dodô)
Ducasse me lembra um velho aforismo: “Quando chegamos a uma idade em que já não podemos dar maus exemplos, começamos a distribuir bons conselhos”.
O chef, que conquistou justa fama e consequente fortuna com seu talento para transformar bípedes e quadrúpedes em iguarias inesquecíveis, parece ter-se tornado uma clorofilodependente e renega brilhante passado de cutelos e facas de trinchar. Dommage! Mantenho-me fiel aos cardápios anteriores. Lamento informar que trocarei de Alain – de Ducasse para Senderens -, que, mesmo aposentado, deixou discípulos impecáveis no manuseio de um pato desmontado e transformado numa sucessão de maravilhas, do peito ao fígado. E chamo em minha defesa o Criador ou Charles Darwin, dependendo do ponto de vista. Se a natureza, imutável ou em evolução, quisesse fazer de mim um devorador de alface, não teria me dotado de dentes caninos. L’addition, svp!
Anna
Eu jà interpreto a iniciativa do Ducasse como um golpe de marketing oportunista. Pois a “fusion food” jà era, a grande moda em Paris agora é a cozinha localista e biologica. No twiter tinha até foto de uma mulher abraçando uma vaca felicitando a iniciativa do Plaza e outra retorcando que isso é pessimo para o direito dos peixes. Estou pensando em abrir uma churrascaria bem em frente, alguém quer investir? Oportunismo por oportunismo…
Adriana Pessoa
Bravo! Adorei saber, e em junho, quando visitei Versailles, me chamou a atenção, a linda e cuidada horta que vi por lá. Cada vez mais, curto menos comer carne. E raramente o faço. Espero conseguir abolir totalmente esse alimento da minha dieta.
sandra
Delicia sou vegetariana..dia 8 estarei em Paris. Com certeza vou experimentar.
Carmen Agnes
Bravo, Alain Ducasse!!!
Agora só falta abolir o peixe… e teremos um magnífico restô vegetariano!
Cristiane Pereira
Realmente, mio radical a decisão do chef Alain Ducasse. Será que ele é vegetariano? Casou-se com alguém que não come carnes? Ou, pensando no bem da humanidade, simplesmente adotou uma medida ecologicamente correta? Também aposto nessa última opção. Imaginar um restaurante top, dentro de um hotel chiquérrimo e comandado por um chef estrelado e famoso, sem magret de canard, steak au poivre, escalope de foie gras e fricassée de poulette é realmente estranho! Por outro lado, a campanha para diminuir o consumo de carne como forma de economizar água é antiga, tem Paul McCartney como um de seu líderes e vem ganhando cada vez mais adeptos. A criação de animais para consumo é uma das atividades econômicas que mais gasta água: um porco consome 15 litros/dia; um boi de corte, 35 l/dia; uma vaca leiteira, 40 l/dia (ou 90 l/dia, considerando a água usada para dar banho nas vaquinhas); já as aves gastam menos – uma galinha, 0,1 l/dia, e um peru, 0,2 l/dia. Sabendo disso, fica mais fácil entender a decisão do chef! Eu adoro carne de boi, mas tenho comido menos desde que soube desses números, que acho espantosos! Creio que Ducasse terá o apoio de muita gente e vai ganhar muitos clientes novos. Vamos aguardar a repercussão!
Neftalí
Menú a 320 Euros para comer grama? Já estou cancelando minha reserva!
Vera Jordão
Eu achei essa notícia muito bem vinda! Sou vegetariana, nunca passei aperto em Paris para comer, mas comemorei a iniciativa do chef Alan Ducasse! Acredito que a gastronomia tem muito a ganhar explorando esse filão vegetariano/orgânico e nós, consumidores, mais ainda!