Por Lúcia Carneiro
Semana passada aqui no Conexão Paris a publicação mais comentada foi a que sugere primeiros socorros num pequeno Dicionário de Sobrevivência em Paris.
Petit Larousse? Petit Robert? Tan tá rá ran… Está lançado o Petit Liná !!! Sucinto, cuidadoso, corajoso, carinhoso e maternal. Um manual para um grupo de ainda carentes na língua de Molière, no qual me incluo.
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Na parte dedicada aos comentários Jane Curiosa nota a elegância e eficácia de Lina, que em sua lista de frases de emergência não esquece os problemas sobre os quais Claudia Burrigo não havia pensado. Os tempos verbais e as opiniões diferem. Vinicius Farias está imprimindo, Adriana Pessoa, prática, já imprimiu as informações que Ilma Madureira transcreveu para seu caderninho. Francy tem certeza que elas chegam para facilitar a vida que Simone Costa classifica como A CP/ D CP (antes e depois do CP), Fabiana diz que as frases demonstram respeito aos donos da casa e Renata Monteiro comprova que o esforço na comunicação os sensibiliza. Jane Curiosa acrescenta que além de nobre reverência é prova de humildade cristã. Com propriedade cita João Paulo II. Beth, sábia, sugere a benção que é conviver e aprender com o diferente.
Ela e Ludwig concordam com Eymard que concorda com Jane. Amén!
Beth Lima promete soltar a voz enquanto Renata Capute diz que a mágica de tirar as frases da cartola provoca milagres.
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ConexãoParis também é assim provoca milagres. Milagres de integração, milagres de solidariedade e compreensão.
Adoro ler todos os comentários que seguem as publicações de Lina Hauteville e seus colaboradores.
Un potpourri de emoções!
E são todos de grande importância. São ricos, são sensíveis.
Acrescentam em informação, explicam comportamentos, decifram mistérios e abrem a mente.
Alguns são “…humanos, demasiadamente humanos”. E assim disse Nietzsche.
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Desculpe se não cito todas valiosas opiniões dos participantes do post em questão.
Ainda não estou ambientada ao espaço e gostaria de deixar umas palavrinhas.
Eu concordo que só passamos a existir quando o outro toma conhecimento da nossa presença.
Nada melhor para um eficaz reconhecimento do que uma aproximação cifrada em linguagem local.
Começa-se por bonjour que para os de idioma francês serve até a noite.
Madame et Monsieur enfatizam qualquer sentença onde o s’il vous plait é um Abre-te Sézamo, lembra Madá em sua ponderação.
De posse da esperta “Cartilhá Liná”, prestando bastante atenção ao uso do pronome pessoal vous, valem todos os modos de expressão. Na postura adequada experimenta-se diversos tipos de manifestação corporal, verbal e escrita.
Podem ser mímica, palavras impressas, fotos. Se precisar usem álgebra, tudo por um bem maior !
Ou quem sabe? Atue como uma admirável colega brasileira que me valeu três sessões de terapia behaviourist.
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Lembram dela? Eu já relatei o caso por aqui.
Ela é aquela que adentrou a Libraire Galignani num frio começo de noite de Fevereiro.
Galignani é a mais antiga e solene livraria inglesa de Paris e a cena foi a seguinte:
a porta se abre e numa lufada entra um cachorro, que bem podia ser minha Chiquinha, seguido por sua dona.
Em jeans e tênis de academia grifés, um casaco de peles.
“Ui! Que frio!” e olhando em volta brada: “Alguém por aqui fala português?”
O atendente que não dava atenção ao meu francês preocupado em concordâncias verbais e pronomes possessivos adequados, responde: Ora pois! Aqui estou eu a seu dispor!
Ele, sem olhar para mim solta um: On ferme dans quinze minutes, madame….
Me largou falando sozinha e continuou o diálogo com a recém chegada.
“E a senhora deseja?”
“Tô querendo uns livros de festas, decoração, daqueles bem grandes de capa dura com bastante fotografia, tudo bem colorido”.
Com a ajuda de escada e de mais um funcionário foram produzidos os primeiros quatro para triagem. “Será que você podia pegar o outro? Aquele que estava lá em cima ao lado deste? Enquanto isso o amiguinho de pelo fazia reconhecimento do terreno espalhando-se pela livraria.
Quase bati palmas! Sensacional.
Ao happenning se juntou o gerente que só falava francês, trazido pela coincidência de possuírem cachorros da mesma raça.
Paguei minha conta e ainda sob os arcos da Rivoli procurei consolo num expressô e um MontBlanc, último da vitrine!
A Maison Angelina fica bem ao lado da Galignani.
Existem pessoas talentosas que conseguem ser poliglotas falando somente português.
C’est la vie!
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Libraire Galignani: 224 rue Rivoli, 75001
La Maison Angelina: 226 rue Rivoli, 75001
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42 Comentários
Claudia Burigo
Quanta honra ser citada por minha companheira diária e indispensável. Em 15 dias estarei, de novo, sentindo todos os sons, odores e sabores desta cidade que aprendi a amar e não tiro da minha cabeça. Sorte minha ter encontrado o conexão. De lá pra cá só tenho aprendido.
Lina Obrigado por tudo.
Cristiane Pereira/ BH
Uh-la-laaa…!!!
Esse blog está cada dia melhor!
Lucia C
Eduarda.
Ah…estes tempos verbais…morei.
Em Paris você tropeça no meu coração!
Mas minha alma mora em Londres, nos environs da Sloane Square.
Pergunte o que quer saber e ela responde!
Lucia C
Bonjour!
Já é Lundi!
E eu estou enchantée, sem paroles.
Papoter com vocês é um plaisir.
Merci a todos por partager suas experiências.
Merci aussi pelos compliments, Il me faut maintenant um alfinete.
Agora sem esquecer de fazer biquinho, procure dar ênfase a ultima letra na palavra. Pronto! Solte a voz que tout s’arrange!
Aproveitando dica da nièce de Lina, treine aqui a sua pronúncia:
http://www.youtube.com/watch?v=vKPojY5M6Bo
Acrescente um “ce soir” ao refrão.
Guitch Guitch ia ia da da
Guitch Guitch ia ia da da
Mocca Chocolat ia ia
Em caso de necessidade:
Au Secours! (ôsécurrr!)
Lembrando sempre do effet papillon de uma gentillesse.
Merci Liná!
À Dimanche!
Eduarda
Lúcia C,
Pelo que entendi você mora em Londres…?
Com todo esse “savoir faire” já mais que comprovado por aqui, que tal criar um Conexão Londres ? Seguidores é que não vão faltar!
Beth Lima
MIRA TORQUATO
Você tem razão ao dizer que nós brasileiros temos que praticar mais o cuidado ao abordar as pessoas ao pedir uma informação. Se fazemos isso em Paris ou outros lugares, por que não aqui? É questão de educação, atenção e respeito.
O contato com outras culturas certamente enriquece muito nossas relações. É um excelente aprendizado.
Um comportamento que assimilei nas andanças por Paris (e andei muiiito!) foi respeitar o posicionamento à direita nas escadas rolantes, dando passagem a quem tem pressa. E eles cobram mesmo. Ficam até irritados.
Hoje pratico essa regra em qualquer lugar, metro, shopping, etc.
Olha a importancia das dicas da Lina. Aprendi aqui!
Abraços e bom dia a todos!
Ludwig
Verdade, Beth!!!
Abs, Ludwig
MIRA TORQUATO
Magnifique, LuciaC. È isso aí, minha cara Lina.Vc têm o poder de nos despertar as mais sublimes emoções, inclusive as mais poéticas, como foi o caso deste post de hoje.Alguém disse dia desses, neste blog, algo q me pareceu sintetizar tudo sobre “a importância das sutis gentilezas para se ter um bom conv´vio com os franceses” :
Na verdade, creio q nós, brasileiros é que parecemos mal-educados aos olhos do parisiense.Isto pq, ao pedirmos informações, aqui, no Brasil, não temos como hábito,cumprimentar nosso interlocutor, primeiro.E muitos, nem sequer pedem por favor, ou dizem obrigado.Assim ,a partir do CP, passei a me comportar diferentemente aqui mesmo, no Brasil, e tenho tido um ótimo retorno.Afinal simpatia ( coisa de q o brasilerio se orgulha, com razão) não é sinônimo de educação.Melhor refletirmos sobre isto.Bjos a todos
Sophia
Dodô,
Çametegal é S E N S A C I O N A L!!!!
Deve ser a mesma poliglota que encontrei um dia numa banca de jornal na Rue de la Paix. Enquanto eu escolhia umas revistas a fulana só enfiou a cara na banca e fuzilou a proprietária em bom português com sotaque do centro-oeste brasileiro: “GALERIA LAFAIETE????” Foi prontamente atendida pela proprietária, que movimentou apenas os músculos do dedo indicador na direção da loja. É uma língua tão prática, tão prática que prescinde de palavras.
Marcia Oliveira
Acho que o aspecto mais importante do Dicionário de sobrevivência…” é, como destacado nesse post, o respeito aos donos da casa. Em 2008, novatos em Paris em pleno 14 de Julho, pudemos comprovar isso quando recorremos a um Gendarme para pedir informações – Bonne nuit, monsieur, dissemos – e eis que com toda a gentileza, do alto de seu uniforme, o rapaz nos apontou claramente o caminho do hotel. Da mesma forma, fosse no Louvre, nas estações de Metrô ou em mercadinhos, nosso parco francês, falado com a maior boa vontade, abriu caminhos para a comunicação. Gentileza gera Gentileza, como nosso poeta carioca ensinou…
Voltaremos a Paris no fim de Março e o vocabulário da urbanidade já está na ponta da língua!