Fotos: Patrícia Gonçalves
As fotos das vitrines das Galerias Lafayette montadas por David Lynch deram a volta ao mundo. Tudo já foi dito a respeito da interação entre a estética deste cineasta e a moda.
Mas olhando com atenção as peças escolhidas por Lynch, me lembrei de alguns artigos que li sobre racismo e manequins de vitrines e gostaria de acrescentar uma pequena observação.
Os manequins desempenham um papel importante na venda das roupas. As pessoas que passam diante de uma vitrina devem se identificar com este vendedor estático. Nas vitrines européias os manequins representam a população branca ocidental. Não se vê manequins negros ou asiáticos, apesar da diversidade do povo europeu.
Por quê? Porque os traços europeus possuem um poder de sedução maior e o manequim branco se transforma no representante universal da raça humana. E nas vitrines de Lynch os manequins são brancos.
As galerias Lafayette possuem 15.000 manequins. Cada um custa 1.500 euros e são trocados a cada quatro anos. Eles também ficam fora de moda. Nos anos 1960 os manequins tinham uma cintura fina e seios grandes como a atriz francesa Brigitte Bardot. Hoje possuem uma silhueta andrógina como a modelo Agyness Deym.
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15 Comentários
Helena
Acho a discussão muito rica. O racismo e a discriminação são coisas absurdas, sem sombra de dúvida. Mas, olhar as coisas sob o ponto de vista do outro é um exercicio interessante. O brasileiro nem sempre tem comportamentos adequados. Não é incomum observarmos comportamentos tais como: falar alto; não usar as roupas adequadas aos eventos, acha que por estar de férias pode se vestir como tal e pronto; não obedecer horários, chegando atrasado e tumultuando etc etc.
O mundo árabe também tem seus senões.
Por outro lado, como carioca que sou, morando em Brasília, quando comento que vou ao Rio, canso se ouvir coisas como “você não tem medo?” ou ” o Rio é lindo, mas está tão violento que nem quero chegar perto”…
É… santo de casa não faz milagre…mesmo…
Juçara
Jorge Fortunato
Li o artigo do Moustapha Kessous e fiquei, realmente, indignada em
constatar como uma pessoa inteligente como ele pode ser tão discriminada pelo simples fato de ser de origem árabe. É revoltante saber que vivemos num mundo que ainda julga as pessoas pela aparência e pela procedência. Lamentável!
valeria
oi Lina!
Estou em Paris, que delicia!! Mas sempre fico com um sentimento de discriminação,sim, não sinto que sou bem tratada, mesmo estando bem vestida, sendo educada..sera que é por ser brasileira?? Hoje em dia respondo a altura ou saio da loja ou restaurante quando não me sinto a vontade!
bj
jorge fortunato
Sei que não era a intenção do post, mas já que toquei no assunto do Moustapha Kessous, segue o link para quem quiser saber dessa história:
http://www.lemonde.fr/societe/article/2009/09/23/ca-fait-bien-longtemps-que-je-ne-prononce-plus-mon-prenom-quand-je-me-presente-au-telephone_1244095_3224.html#xtor=EPR-32280229-%5BNL_Titresdujour%5D-20090923-%5Bzonea%5D
jorge fortunato
Quanto aos manequins acho que não existe nenhuma relação ao racismo. E se observarmso bem, alguns nem são brancos são meio “caramelo” cor de boneca…. Por outro lado, existe sim discriminação e racismo em Paris e no mundo todo. Preconceito sempre existirá de uma forma ou outra. A Lina disse bem, o lado exotique pode existir e podem até gostar, mas sempre haverá. paris hoje está bem diferente, devido aos imigrantes. Os turistas são semrpe bem tratados, claro, levamos dinheiro e movimentamos a economia. Porém, os descendentes de árabes e africanos, já vi passarem por situações desagradáveis.
Não sei se alguém aqui leu um artigo de um jornalista do Le Monde, de origem argelina, que sofre muito preconceito e já nem usa o seu nome, se apresenta sempre como M. Kessous. É o fim da picada!
bisous de Rio