Não está na nossa cultura, nem na das parisienses d’ailleurs, entrar em um bar e, em pé no balcão, pedir um drink.
Fiquei muito feliz ao eliminar, recentemente, esta barreira.
L’Avant Comptoir
Em junho 2013, cheguei cedo demais para um encontro com amigos em Saint Germain. Enquanto flanava, passei diante do L’Avant Comptoir do grande chef Yves Camdeborde.
Para quem não sabe ainda, trata-se de um bar-corredor, ao lado do restaurante deste chef, Le Comptoir du Relais. No início eles vendiam somente crepes “gastronômicas” na janelinha dando para a rua. Mais tarde passaram a servir no interior, no balcão, tapas deliciosos e vinhos na taça.
O restaurante, no almoço, não aceita reservas e a fila pode ser longa. O Avant Comptoir foi uma maneira de tornar a espera menos rude. Enquanto uns marcam o ponto na fila, outros embarcam com prazer nos amuses bouche de Camdeborde.
Minha primeira taça no balcão!
Neste dia passei na frente e vi somente dois senhores diante das suas taças. Sem hesitar entrei, escolhi nos cardápios pendurados no teto algo leve e pedi ao sommelier um vinho para acompanhar minha escolha.
Durante alguns minutos fiquei feliz com a minha “ousadia” até descobrir que a situação, de ousada, não tinha nada. Logo duas jovens japonesas entraram e, muito à vontade, fizeram um pedido mencionando não somente o nome do vinho que desejavam degustar mas também o ano!
Um dia chego lá!
Leia o primeiro artigo que escrevemos sobre o L’Avant Comptoir aqui.
E aqui leia o artigo do nosso almoço no Comptoir du Relais.
L’Avant Comptoir: 3 carrefour de l’Odeon, 75006 Paris. Metrô Odéon, linhas 4 e 10.
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15 Comentários
eymard
So depois, ao ler os comentários, fui entender melhor o sentido da “ousadia”. Nem tinha me passado pela cabeça pois, em geral, parar em pé no balcão não é assim tão fora do comum. Mas o Jorge tem razão. Dodo, como sempre, arrebentando.
Regina Vasconcelos
Sou freguesa de carteirinha!
Lenna Ranghetti
Se paro para tomar um cafezinho, em pé e só,na minha cafeteria predileta porque não tomar vinho?!? Só não tomei em junho porque estava sempre acompanhada…
Mada'
Conheci o Avant aqui com o primeiro post da Lina. Segui a sugestao dela e fiquei fa do macaron de boudin. Nao vejo a hora de repetir. Porém discordo que o bar em pé não faca parte da nossa cultura. O Rio esta cheio de botequim que vc come em pé, como lembrou o Dodo, como sempre de modo sutil e muito engraçado
Marcia Lube
Se fui almoçar sozinha no Joël Robuchon enquanto meu marido estava curtindo a final de Roland Garros, porque não tomaria um drink em pé no L’Avant Comptoir ?
jorge fortunato
De fato, as mulheres ficam ou ficavam um pouco constrangidas de beberem em pé no bar, ou sentadas naqueles banquinhos. Os homens, claro, nem estão aí para isso, há muito tempo… Aqui no Rio, sinto saudades do Tangará, um pé sujo na Rua Álvaro Alvim, com ótimas batidas e cachaças, mas fechou faz tempo. Em Rennes, não saía dos pubs e Cafés. E é no comptoir que encontramos os “velhos” amigos de última hora. Lembro de ficar horas num pub em Rennes e o dono até me oferecia um drink por conta da casa e do papo.
Denielly
Oi lina…sei que você deve estar sem tempo mas vou postar de novo os endereços ver se você pode me ajudar… Aquele apto na Rue de Poissy já não estava mais disponível… então não tenho mais essa opção… então ainda tenho disponíveis o da Rue Chénier 8 e o do Boulevard de Sebastopol; acabei procurando outro ontem e encontrei alguns no Canal Saint Martin… mas acho que fica um pouco longe já… ou não? As outras opções que tenho agora são… Rue du Pont aux Choux, Rue Saint Martin, Rue Mornay, Rue Vielle du Temple e um que eh perto da Rue de Poissy que fica na Cite du Cardinal Lemoine…
Lina
Denielly
Melhor deixar de lado o Canal Saint Martin. A rua Vieille du Temple é excelente. Esta é a melhor localização deste sua lista.
Sophia
Reflexão curiosa este post traz. Tantas conquistas e afirmações, mas nos limitamos frente a atividades tão prosaicas como a retratada. Essa “ousadia” nem havia passado pela minha cabeça como uma possibilidade.
Quanto ao divertido momento trivia proporcionado pelo Dodô (Barretyo? Novo alter ego?), o apoio já me é útil a partir do segundo copo. Já os anglo-saxões continuam perfeitamente verticais até o sexto pint. Incrível. Não sei para onde vai tanta cerveja.
evandro barretyo (dodô)
Como tudo que o Candeborde faz, o L’Avant Comptoir é impecável e cheio de charme. Quanto a beber em pé, duas observações do repertório da cultura inútil:
a) Dizem os anglo-saxões que o nome bar vem da barra metálica, presa ao balcão e a um palmo do solo, onde os clientes podem apoiar ambos os pés , quando sentados, ou alternadamente, quando dispensam o tamboretes. Sobretudo depois da terceira dose.
b) No bairro carioca do Jardim Botânico, há um boteco tão pequeno, e onde tanta gente bebe de pé ao mesmo tempo, que o dono acabou oficializando como nome do estabelecimento o apelido dado na fase áurea da esquerda festiva pela Leila Diniz:
“Bunda de fora”.
Andreza
Quase morro de saudades lendo esse post… não fui ao L’Avant, mas meu último almoço em Paris, quinze dias atrás, foi no Le Comptoir du Relais. Uma carne, prato do dia, que estava divina. Quero mais Paris… 🙂