Tenho uma amiga americana que veio passar dois dias em Paris e aproveitou para realizar um antigo sonho – conhecer Versailles. Nos encontramos à noite para jantar. E aí? Adorou? Sua resposta me surpreendeu. Sim, ela tinha adorado os jardins, mas tinha se decepcionado com o castelo em si. Por que? A resposta, na verdade, eu já sabia.

A grande galeria dos espelhos é algo magistral, que sempre nos surpreende. É o ápice da visita. Mas o restante, pode decepcionar. Sobretudo quando não temos um guia que é capaz de nos mostrar detalhes que muitas vezes passam despercebidos.  E, pra piorar, quase sempre dentro do castelo estamos espremidos no meio da multidão de turistas.

(Pouca gente sabe, mas o interior de Fontainebleau, o castelo habitado por mais de sete séculos pelos reis e imperadores franceses, é tão ou mais surpreendente do que Versailles e, o melhor!, vazio.)

Mas os jardins de Versailles, que ocupam 800 hectares, são tão grandiosos quanto a Galeria dos Espelhos, e são unanimidade. Visitar os jardins é um programa para o dia todo. No vídeo abaixo, apresentamos as principais atrações.

Grande parte do jardins foi concebida no século 17 pelo grande paisagista André Le Notre. Este é maior exemplo de jardim à la francesa, caracterizado pela simetria rigorosa e pela ideia de impor ordem à natureza (o contrário dos jardins à inglesa).

Essa simetria perfeita pode ser vista logo na entrada, além de suas ricas e impressionantes fontes e lindas esculturas. Ao caminhar pelo jardim, você chega aos demais edifícios que fazem parte do domínio de Versailles, locais de momentos privados.

O Grand Trianon, por exemplo, era o refúgio do Rei para fugir da vida da Corte em encontros amorosos.

A rainha também tinha seu espaço de privacidade, no que hoje chamamos de Domínio de Maria Antonieta, que inclui o palacete do pequeno Trianon e sua fazendinha (le hameau) com animais, local pra fazer o queijo etc.

Entre o Grand Trianon e o Domínio de Maria Antonieta, saímos do jardim à la francesa e entramos em um ambiente mais selvagem, o Jardim à Inglesa de Versailles, que é menos conhecido pelo público. Aqui, a natureza cresce mais solta. E, por ele, há trilhas que reservam  grandes surpresas, como o Templo do Amor, o Belvedere e até mesmo uma gruta.

No jardim à inglesa, no Domínio de Maria Antonieta, encontramos surpresas como o Templo do Amor.

No jardim à inglesa, no Domínio de Maria Antonieta, encontramos surpresas como o Templo do Amor. Foto de Beirouth no Flickr.

Ou o Belvedere e a gruta, com uma pequena cascata, refúgio da rainha.

Ou o Belvedere e a gruta, com uma pequena cascata, refúgio da rainha. Foto de Alexandre Breveglieri no Flickr

Juntos, os jardins à francesa e à inglesa pedem um dia inteiro de visita. Ao alugar um carrinho ou pegar o ônibus, você ganha tempo. Mas bom mesmo é se deixar perder pelas trilhas, sem hora marcada.

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