Veja as diferenças e similitudes entre a Praça do Hotel de Ville hoje e a mesma na Idade Média. Algumas características subsistem. Outras não.
Esta é a praça do Hotel de Ville, a prefeitura de Paris. Desde 1982 ela é reservada aos pedestres e é um espaço para eventos, festas, encontros. Ela se transforma em terreno de volley no verão, em pista para patins no gelo no inverno. Topamos aí com as manifestações para a doação de sangue, com os telões para a Copa do Mundo ou para o Roland Garros, com concertos gratuitos, com barracas de informações sobre a vida estudantil, etc.
Praça Hotel de Ville 2011. Foto: By Mbzt
Se fizermos uma viagem no tempo e aterrisarmos na idade média vamos descobrir diferenças e similitudes.
A praça do Hotel de Ville medieval se chamava Place de Grève e grève nesta época nomeava uma areia misturada com cascalho que cobria toda a esplanada. A grève facilitava o transporte das charretes com mercadorias entre a praça e o cais do Sena. Porque a praça, nesta época, estava ao lado do principal porto de Paris e aí acostavam os barcos que abasteciam a cidade em lenha, farinha de trigo, carvão e vinho. Nesta época o Hotel de Ville era bem menor (no centro na foto).
A Praça de Grève era também um local popular, movimentado onde aconteciam eventos e festas. Aí era festejada a noite de São João com enorme fogueira acesa pelo rei em pessoa e era aí que aconteciam os suplícios e as execuções na forca ou na fogueira.
Aliás a primeira execução foi em 1310, quando uma herética chamada Marguerite Perrete foi queimada viva. E em 1971 o bandido Cartouche foi supliciado. A primeira execução por guilhotina aconteceu aí também, em 1792, durante a Revolução Francesa.
Tanto no século 21 como no passado, esta praça sempre foi o coração de Paris. Hoje, o Hotel de Ville é mais imponente, mais grandioso que na época da realeza. O Sena, coitado, perdeu sua função primordial e os portos desapareceram. As fogueiras, forcas e guilhotinas foram substituídos por fontes, telões, obras de arte e patinadores felizes.
E saibam que a origem da palavra greve se encontra na Idade Média. “Fazer greve”, naquela época, era o seguinte: a Place de Grève era ponto de encontro dos desempregados que aí passavam o dia na espera de propostas de trabalho. O “fazer greve” evoluiu para o sentido que conhecemos hoje, ou seja, interromper o trabalho para obter um aumento salarial.
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10 Comentários
Regina Alice Correa.
Adoro essas informações do”Conexão Paris”.Sou apaixonada por Paris.Vou todos os anos desde 1977 quando fui pela 1a.vez.Sempre fico em ap.em Saint Germain ,que considero o melhor bairro(arrondissement).Ja morei lá,estudei ,mas essas informações sempre me acrescentam muito.Obrigada!
Rodrigo Lavalle
Regina, obrigado pela audiência!
Jauaperi
Muito bonito
Jacqueline
Joffrey de Peyrac queimado na Praça de Grève…Anne e Serge Golon pesquisaram em mais de 500 livros para escrever A Marquesa dos Anjos. Eu já era apaixonada por Paris quando conheci a obra. Depois só aumentou a paixão. Não tem cura.
Sophia
“fotos de Paris na Idade Média” é uma construção divertida!
Anne
Poxa que interessante !amei saber, estive lá fazem três anos e cheguei ao Hotel de Ville andando desprenteciosamente!muito obrigada pelas informações !!;)
LuciaCarneiro
Lina,
fico sempre encantada com a história de Paris e com a oportunidade de cada vez aprender mais sobre a vida da cidade. Reverencio cada passo que faço imaginando, através dos tempos, os acontecimentos escondidos em prédios, monumentos e no chão cimentados.
Desta vez, agora neste Outubro, voltando para Saint Germain desde o Marais a pé, chovia, mas fiz questão de atravessar a Place de L’Hotel de Ville, olhar, rever apreciar. Descobri que agora, do quai de Gesvre até a Rivoli, a praça passou a ser chamada de ‘Esplanade de La Libération’. Foi decidido rebatiza-la em homenagem a Resistência, aos que se insurgiram contra a ocupação alemã, aos aliados que lutaram e ajudaram na liberação de Paris em WWII. Foi dali que, em discurso à população, De Gaulle proferiu as palavras que ficaram célebres:
‘Paris outragé! Paris brisé! Paris martyrisé!
Mais Paris libéré,…’
É de arrepiar!
Bianca
Fico fascinada com a história da cidade. Enquanto aqui no Brasil precisamos buscar a história, na Europa as pessoas respiram história!
Vivian Mara Côrtes Camargo
Muito interessante esta viagem ao longo do tempo, gostei de ver as fotos antigas e as transformações pelas quais passou a região.