Por Kika Mello
A Fundação Galouste Gulvenkian apresenta pela primeira vez em Paris a artista inglesa Paula Rego.
Paula trabalha sobre as lembranças da infância passada em Porgual onde nasceu. A exposição expõe obras de 1988 até 2010 período da maturidade da renomada artista.
Em 2011 a Pinacoteca de São Paulo apresentou as obras de Paula Rego, uma das poucas artistas a trabalhar grandes formatos com pastel seco, traço vigoroso e colorido intenso.
A Fundação é uma instituição portuguesa, criada em 1956 por Calouste Gulbenkian, empresário de origem armênia e de nacionalidade britânica. Ela possui uma antena em Paris.
Até o dia 1 de Abril na Fondation Calouste Gulbenkian.
Pinacoteca do Estado de São Paulo.
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45 Comentários
Filipe Santos
para quem gosta de Paula Rego…
http://www.facebook.com/paulafigueiroarego
abraço!
Kika Mello
Amigos do CP:
Paula Rego: portuguesa ou inglesa ?
Também fiquei na dúvida. Quem sabe, seria melhor dizer que ela é nascida portuguesa mas naturalizada inglesa.
Fui à Wikipedia ( tudo bem, nem sempre confiável) e lá estava:
‘Paula Rego (born 1935) is a painter born in Portugal although she is a naturalised British’.
In http://en.wikipedia.org/wiki/Paula_Rego
Portuguesa ou inglesa, importou-me mais a força, pujança dos desenhos e o sentimento de perturbação e até angústia que eles suscitam.
Além disso, surpreendeu-me o suporte que ela usa : papel e pastel seco em obras tão grandes que, quem já usou esse material para trabalhar, sabe do esforço que é cobrir tão grandes áreas e com tanto vigor dando a sensação ( desde que nos mantenhamos não muito próximos à obra), de se tratar de óleo sobre tela! Além disso , raramente vejo obras em pastel, material um tanto quanto desprezado, no meu entender.
Lina: merci beaucoup pelo espaço oferecido!
E merci por esclarecer a dúvida que não quer calar!
Silvana: adorei o paralelo estabelecido com Clarice Lispector. Quem sabe também possamos dizer que a obra de Paula Rego é letra de Clarice pintada!
Eymard: estou afastada dos pitacos nos blogs ( infelizmente), afastada daqui e do DCPV, onde me divertia tanto com vc e o sócio…! Quanta saudade! Sorry pelo sumiço repentino… Que bom que vc apimentou a polêmica! Um grande abraço!
Marcos: que coincidência vc notar o mesmo traço de identificação dos três artistas que ‘dialogam’ com Paula Rego e sobre os quais li bastante a respeito no ano passado. O quadro ‘ A Família’ dialoga maravilhosamente com muitos quadros de Balthus e mesmo de Lucian Freud. Muitos falam em traços perversos, mas é bem polêmico falar sobre isso e sobre a obra de um pintor. O que sei é que muitos conhecidos impediram os filhos pequenos de irem à exposição por não saberem como tratar e lidar com o que estava sendo ofertado à vista… Outros falaram de uma angústia tão extrema que os fêz sair rapidamente da sala…ou não ir até o fim da exposição …
Enfim, Paula Rego tem uma obra ‘ hard’ a ser digerida… Nem sempre as palavras ajudarão na tarefa… Tal e qual com Francis Bacon…
Aproveito e compartilho com vcs obras sobre Paula Rego que comprei e que são fascinantes :
. McEwen, John Paula Rego Phaidon Press, 1997
. McEwen, John Paula Rego: Behind the Scenes Phaidon Press, 2008
( permite observar a vida no seu ateliê em Londres e como ela compõe seu trabalho a partir de bonecos, de tomar a si como modelo… É ricamente ilustrado)
E também deixo o link da Casa das Histórias, já citada por Martha Mansinho acima:
http://www.casadashistoriaspaularego.com/pt/
Na época da exposição, encontrei ecos do seu trabalho nas palavras do pintor ( irlandês ou inglês??? )(rsrsrs) Francis Bacon nas entrevistas para o crítico Sylvester. Recomendo dois livros esplêndidos para os que se interessarem pelo tema:
. Sylvester, David Entrevistas com Francis Bacon: a brutalidade do fato São Paulo: Cosac&Naify, 1999
. Maubert, Franck. Conversas com Francis Bacon – O cheiro do sangue humano não desgruda seus olhos de mim R.J. : Jorge Zahar, 2010.
E prometo que agora eu me despeço com a última do dia:
quem for a Paris, nesta época, a partir de 9 de fevereiro, aproveite para ver a grande retrospectiva da obra de Lucian Freud em Londres, inclusive com a última tela por ele trabalhada antes de morrer no ano passado. Perdi a retrospectiva de Paris mas esta não deixarei de ver na National Portrait Gallery:
http://www.npg.org.uk/freudsite/index.htm
Merci mes amis!!!
marcello brito
Acho que pode ser o caso sim de que Paula Rego tenha se naturalisado Inglesa.
Uma parte de minha familia se mudou de Portugal para o Rio de Janeiro dos anos 50 por perseguição da ditadura salazarista.
Embora meus avos e minha mae tenham se mantido portugueses, os mais jovens, minha tia, tios e primos se naturalizaram brasileiros com o intuito de nao haver futuros problemas políticos quando em transito por Portugal.
A lei portuguesa da epoca não permitia dupla nacionalidade como hoje.
Madá
Gostei das telas. Nao sabia que a Fundação CG tinha um braço em Paris, muito legal.
Para quem pergunta onde é a exposição em Paris, é só clicar no link em vermelho da matéria. O endereço, está lá no link é:
Centre culturel Calouste Gulbenkian
39, bd de La Tour Maubourg
75007 Paris
Eduarda
Uma outra situação relativamente comum nessa diferença entre naturalidade/nacionalidade é a das mulheres que se casam com homens
cujo país de nacionalidade oferece automaticamente a opção de nova cidadania às esposas…
Eduarda
Talvez ela seja um caso de naturalidade portuguesa e nacionalidade britânica…É uma situação relativamente comum, mas que ainda dá uma certa confusão…Por exemplo, filhos de cônsul sempre tem a nacionalidade do pai independentemente da naturalidade. Muitas vezes cada um nasce em um país, mas todos ficam com a mesma nacionalidade.
… Sobre a Fundação Calouste Gulbenkian… Em Lisboa é um lugar muito especial. Sempre que vou a Lisboa dou um jeito de ir lá. Fiquei curiosa por conhecer essa filial em Paris.
eymard
Silvana, depois de Portugal entregar todo o ouro do Brasil para a Inglaterra (espetacular o livro do jornalista Lucas Figueiredo – BOA VENTURA!) passou a entregar as suas joias mais preciosas: os artistas!?! Paula Rego também teve influencias francesas. Ok. Como voce disse: como resistir ao chamado da Inglaterra e de Paris no auge do Sec. XX?
Mas o complexo de periferia de Portugal continua. A artista, com todo o respeito, é portuguesa que reside na Inglaterra. E nao inglesa nascida em Lisboa.
(O que serå que a Jane Curiosa diria? Será que ela diria que artista bom é do mundo. Nem tem nacionalidade! Será?)
Silvana
O site da Gulbenkian provocou uma conversa boa… pelo que li hoje, ela é mesmo nascida em Lisboa, mas seu pais era super anglófilo, então sua educação foi muito por aí. Aí nos anos 1950 ela trocou Lisboa por Londres pra dar um tempo do salazarismo. Nos anos 1960 ficou mesmo foi por lá — quem se fosse adulta nessa época, e vivendo num país provinciano (Portugal antes do 25 de abril era uó) resistiria ao chamado da Inglaterra?
Mas o que importa mesmo é que é uma grande artista, com uma pegada feminista/feminina que a aproxima de outras grandes artistas que tematizaram o lugar da mulher no mundo, como Frida Kahlo e Louise Bourgeois ( por outros caminhos).
Agora, minha viagem pendente pra Paris precisa sair pra eu conhecer a Gulbenkian daí!
eymard
LIna, Paula Rego é portuguesa, com certeza!
Mas….
Eles a apresentam como “britanica nascida em Lisboa”…..me intriga!!!
Ser artista “britanica” valoriza os quadros?
Marcos
A retrospectiva da obra da artista apresentada em 2011 na Pinacoteca do Estado de São Paulo foi impressionante! À exceção de uma insipiente e olvidável primeira fase que flerta com o abstracionismo, é impossível permanecer indiferente à crueza e ao realismo mordaz com que trata a sexualidade, a questão do feminino e as relações familiares e interpessoais. Assim como é impossível a não percepção da presença de elementos de uma mesma natureza e até mesmo de relações intertextuais entre a obra de Paula Rego e a de artistas como Lucian Freud, Balthus e Francis Bacon.