Bruges é uma das mais charmosas e encantadoras cidades da Europa. Publicamos 3 artigos sobre Bruges, todos eles de autoria de Marcello Brito. Os artigos estão ótimos, extremamente bem documentados e as dicas perfeitas.
Esse é primeiro artigo e trata da história da cidade, discute a questão “qual a melhor época para visitar Bruges” e te conta como ir a Bruges saindo de Paris.
O segundo artigo dá dicas de onde ficar em Bruges e o terceiro fala sobre onde comprar chocolates em Bruges.
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Bruges – Brugge
Se você pensa em ir a Bruges, Brugge em holandês, a primeira providência a tomar é alugar o filme in Bruges (Na Mira do Chefe) com Colin Farrel e Ralph Finnes. O filme começa como um policial de humor negro e termina como um conto dostoïevskiano. O filme retrata de modo exemplar a aura da cidade medieval perdida no tempo, onírica e soturna.
Bruges floresceu na Idade Média como o principal pólo de manufatura de tecidos da Europa. Cortada por canais com ligação direta ao mar, se tornou uma próspera cidade devido ao comércio direto com Inglaterra e Escandinávia. Sua riqueza era tamanha que foi nesta cidade que surgiu a primeira bolsa de valores do mundo.
Não demora muito para que ela se transforme num dos principais pólos de convergência artística do período: Jan Van EYck (1385-1441) inventa a pintura a óleo e estabelece as bases do que viria a ser a Pintura Flamenga Primitiva.
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No começo do Renascimento, Bruges vive seu apogeu econômico e artístico com a chegada da corte mais extravagante da Europa, os Burgundy, Duques de Borgonha. O filho de Isabel de Portugal, Calos, vai se tornar então uma lenda européia. Rico, culto, amante das artes e facínora será conhecido como Carlos, o terrível.
É no estrondoso casamento de Maria de Borgonha, filha de Carlos, que se estabelece o costume ocidental das alianças. O sonho megalomaníaco deste soberano se interrompe quando ele é morto numa Batalha em Nancy. Maria herda o ducado mas falece prematuramente aos 25 anos. Assim como a ascenção, a decadência de Bruges é meteórica e fulminante.
Bruges é varrida da memória dos europeus por quase três séculos e assim permanece até 1892, quando é redescoberta pelos românticos com o livro Bruges La Morte, do poeta simbolista belga Georges Rodenbach.E sessenta anos mais tarde, este livro serve de base para a obra-prima de Alfred Hitchcock, Vertigo (Um Corpo que Cai).
Como as cidades históricas mineiras do ciclo do ouro, o desterro de Bruges no passado é o que faz a sua fama e prosperidade atual. Pelo esquecimento e abandono, conseguiu preservar até os dias atuais sua estrutura medieval mais ou menos intacta.
Hoje os corpos de Carlos, o terrível, e sua filha Maria da Borgonha, repousam lado a lado em vistoso mausoleu na imperdível igreja da Nossa Senhora, Onze Leite Vrouwekerk, no centro de Bruges. Recentes escavações arqueológicas comfirmaram a presença do corpo de Maria, mas lançaram dúvidas sobre a autenticidade dos restos mortais de Carlos.
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Quando ir a Bruges?
Embora neste caso o clichê represente a mais pura verdade, Bruges é encantadora o ano inteiro, tudo vai depender de quais são as suas expectativas.
Certo é evitar julho e agosto, pelos motivos óbvios de hiper lotação mas, mesmo no verão, sempre se pode escapar para os belíssimos canais inexplorados ao norte da cidade.
De uma maneira geral é consenso que o inverno é a época nobre para se visitar Bruges. O Natal na cidade é um clássico, o que significa ruas e lojas lindamente decoradas, iluminação especial, com sorte neve, hotéis cheios e preços nas alturas.
Se você está em busca de clima enevoado, solitário e frio, projetado mundialmente pelo livro de Rodenbach, dê preferência ao outono. Assim você escapa de temperatura que podem bater a 14 graus negativos, mas ainda curte uma lareira em seu hotel.
Você quer flanar em ruelas e canais em dias claros e alegres e temperatura mais amena? Vá então na primavera! Os canteiros se enchem de tulipas e as relvas de anêmonas.
É também na primavera, no dia da ascenção de Cristo, que acontece a procissão do Sangue Sagrado, The Heilig-Bloedprocessie, quando se carrega pelas ruas da cidades, numa parada solene, mas colorida e comovente, a mais importante relíquia católica da Europa: gotas do sangue de Cristo retiradas de seu corpo por José de Arimathea e mantidas na pequena – mas espetacular – Basílica do Sangue Sagrado, Heiling Bloed Basiliek.
Os melhores dias da semana para visitar Bruges
Como Bruges é um dos destinos mais procurados de final de semana por belgas, ingleses e franceses, os melhores dias para estar na cidade são entre segunda e sexta, quando ela está vazia e hotéis lançam mão de tarifas reduzidas.
Se você é fã da pintura famenga primitiva, saiba que o esplêndido Groeninge Museum, assim como grande parte das outra instituições culturais, fecha às segundas.
Mas o mais importante, o item básico na mala de todo viajante com destino a Bruges será sempre a capa de chuva. A cidade tem um clima instável e um dia lindo de sol, em dois minutos se transforma em manhã cinza e logo depois o sol voltará.
Como ir a Bruges saindo de Paris?
- Excursão de ônibus com empresa de turismo: clique aqui para saber mais informações e fazer sua reserva.
- Trem: o trem TGV sai de Paris da Gare du Nord e chega em Bruxelas na estação Bruxelles Midi, onde é preciso pegar um trem regional comum até Bruges. No total, a viagem tem cerca de 2h40m de duração (contando o tempo de baldeação em Bruxelas, fique atento para não perder o trem!). Compre sua passagem antecipadamente – clique aqui – para garantir os melhores preços.
- Avião: a viagem de avião até Bruxelas dura 3 horas com escala em Amsterdã. Clique aqui para pesquisar e comprar passagens aéreas.
- Carro: a viagem até Bruges dura cerca de 3 horas, passando por Lille. Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França aqui.
- Ônibus: esta costuma ser a opção mais barata mas também é a mais longa. A viagem até Bruxelas têm cerca de 03h50. Clique aqui e consulte valores, horários e faça a compra da passagem.
Leia mais sobre Bruges:
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185 Comentários
Kika Mello
Marcello Brito
que post esplêndido, delicioso mesmo!!!
Aguardo com ansiedade as partes II e III…
Muito obrigado por tanta generosidade!
Sueli OVB
MARIA DAS GRAÇAS,
Em Bruges as rendeiras ficam na rua, vestidas a caráter e executando a linda tarefa. Eu também sou apaixonata por artesanato e admiro quem continua com tão linda tradição.
Tenho uma bela foto de uma rendeira em Bruges, e lá adquiri alguns produtos.
Nesse link há boas informações sobre a renda de bilro, assim como no endereço que forneci acima. Resolvi desmembrar os comentários, uma vez que quando indiquei dois links diferentes meu comentário ficou aguardando aprovação e como não sei se ele será postado, resolvi separar. http://www.inepac.rj.gov.br/arquivos/RendeirasdeBilro.pdf
Abraço
Sueli OVB
Sueli OVB
MARCELLO BRITO
Que espetáculo de post! Demorou mas ficou perfeito. Você sempre generoso e informadíssimo, enriquecendo o nosso conhecimento.
Realmente a renda de bilro tem origem na região de Flandres, mas, segundo pesquisa, parece que a influência que tivemos vem mesmo dos portugueses e ela se difundiu mais pelo nordeste e Santa Catarina, onde se fixaram portugueses vindos dos Açores.
“Essa renda, que é tão característica do artesanato do Nordeste, é uma das heranças que recebemos das mulheres portuguesas. Que por sua vez já receberam de outras… um longo processo de transmissão cultural.”
Informações muito interessantes sobre o assunto, aqui:
http://www.cyberartes.com.br/indexFramed.asp?pagina=indexAprenda…
Parabéns, Marcello!
Sueli OVB
MARCELLO BRITO
Que espetáculo de post! Demorou mas ficou perfeito. Você sempre generoso e informadíssimo, enriquecendo o nosso conhecimento.
Realmente a renda de bilro tem origem na região de Flandres, mas, segundo pesquisa, parece que a influência que tivemos vem mesmo dos portugueses e ela se difundiu mais pelo nordeste e Santa Catarina, onde se fixaram portugueses vindos dos Açores.
“Essa renda, que é tão característica do artesanato do Nordeste, é uma das heranças que recebemos das mulheres portuguesas. Que por sua vez já receberam de outras… um longo processo de transmissão cultural.”
Informações muito interessantes sobre o assunto, aqui:
http://www.cyberartes.com.br/indexFramed.asp?pagina=indexAprenda...
MARIA DAS GRAÇAS,
Em Bruges as rendeiras ficam na rua, vestidas a caráter e executando a linda tarefa. Eu também sou apaixonata por artesanato e admiro quem continua com tão linda tradição.
Tenho uma bela foto de uma rendeira em Bruges, e lá adquiri alguns produtos.
Nesse link há boas informações sobre a renda de bilro: http://www.inepac.rj.gov.br/arquivos/RendeirasdeBilro.pdf
Parabéns, Marcello!
Jorge Fortunato
Em tempo: o link
http://acabouocaviar.blogspot.com/search/label/Brugge
Jorge Fortunato
Marcello
Ótimo post. No ano passado estive em Brugge e curti muito a cidade. A Bélgica foi a grande surpresa da minha viagem de 2009. Comecei meu roteiro por Amsterdam depois Bruxelas (que vale muito à pena) e Brugge – fiquei boquiberto com a Markt – grand place. O ideal é ficar ao menos dois dias e poder visitar museus, andar de barco pelos canais, entrar nas igrejas e provar os chocolates e as delícias da culinária local. Olhando as fotos bateu saudades.
Abraços e parabéns!
Agora vou fazer um pouco de propaganda: quem quiser pode conferir minha viagem visitando meu Blog e procurando nos assuntos os temas: Brugge / Bruges / Bruxelas.
Viviane
Òtimo post.
Estive em Bruges há dois anos de passagem, a cidade é linda mas sabe de uma coisa que me chamou atenção uma loja perto do centro que tinha o letreiro “café do Brazil” e duas estatuas de meninos moreninhos.
Lembram dessa loja?
Saudades de Bruges, saudades da Europa!
Se Deus permitir em novembro estarei em Paris só não sei se dara tempo de ir até Bruges novamente.
Heleno Suassuna
Excelente post! Ja fiquei com vontade de viajar amanha, rs.
Gostaria de saber quantos dias devem ser previstos para se conhecer e aproveitar a cidade de Bruges.
Gisele Prazeres
Maravilha de artigo Marcello, vc dá show em aula de história e cultura, sou sua fã desde o post sobre o Bedford em que a Lina postou umas fotos minhas e vc deu uma verdadeira aula sobre Villa Lobos usando o post como gancho, parabéns mais uma vez!
Fui a Bruges uma vez num bate-e-volta de Paris, adorei e recomendo tb, passeio rápido e proveitoso. Pelo visto tb dei sorte, peguei um belo dia de sol! Vale lembrar o apelido que a cidade tem devido aos seus diversos canais: a Veneza do norte da Europa.
Abs a todos!
Esther
Tudo de bom esse post! Ainda mais que irei a Bruges no início de novembro! Tive um Bruges em 1990 com uma amiga e agora vou voltar lá com o maridão.