Por Karen Goldman, chef responsável pelos roteiros gastronômicos do Conexão Paris
Uma questão me inspirou este artigo listando alguns comportamentos que chocam os profissionais que trabalham em restaurantes franceses.
Diante de um olhar ameaçador ou perplexo do garçom, amigos brasileiros, ou de outras nacionalidades, me perguntam: “mas o que foi que eu fiz?”
Se quiser se dar bem na noite parisiense, leia os ítens abaixo.
. Reserva
Vou te contar um segredo, o melhor programa noturno para se fazer em Paris é jantar fora. Os parisienses sabem disso. Eles sabem também que os melhores restaurantes da cidade são concorridos. A chance de você conseguir uma mesa em algum bom lugar é mínima. É claro que você pode tentar, mas devo dizer, as estatísticas não estão do seu lado.
Como se dar bem: escolha os restaurantes e faça suas reservas o quanto antes possível.
. Pontualidade
Pessoal, o único lugar onde as pessoas não ligam se você chegar atrasado é o Brasil. O resto do mundo não é assim. Esta característica faz parte do nosso alto poder de tolerância, positiva em alguns aspectos, mas negativa em outros. Chegar mais de 15 minutos atrasado numa reserva, não é legal. E se o restaurante for concorrido, você perderá a sua mesa sem a menor cerimônia.
Para se dar bem: saia cedo do hotel e, se chegar muito antes da hora marcada, dê uma voltinha pelo bairro para abrir o apetite.
. Escolha do prato
Eu estudei cozinha e posso lhe garantir, todos os ingredientes daquele prato estão lá por alguma razão gustativa, olfativa e/ou sensorial. Não peça para mudar, substituir ou retirar.
Para se dar bem: escolha outro prato.
. Garçon, garçon!
Não estale os dedos pedindo atenção. Não grite. Não assobie. E não se levante da mesa. Você não é a pessoa mais importante do restaurante, todos são importantes.
Levante a mão e acene discretamente, quando perceber que foi visto. Aproveite a refeição e o momento.
Para se dar bem: não vá ao restaurante francês com pressa.
. Máquina fotográfica
Há uma grande polêmica entre os chefs a respeito das fotos tiradas de seus pratos. Muitos não ligam, mas a grande maioria não gosta. A principal razão é que pela foto você não consegue entender a verdadeira arte colocada naquele prato, para isso é necessário degustá-lo. Fora isso, muitas fotos são mal tiradas e não transmitem realmente a qualidade da comida que está ali. No entanto, estamos na era da internet, do instagram e as pessoas querem fotografar e dividir suas experiências, não tem como proibir.
Para se dar bem: tenha bom senso. Seja discreto, tire o mínimo de fotos possível. Nunca tire fotos das pessoas que estão lá comendo ou trabalhando.
. Último cliente
Os bons restaurantes não vão lhe pressionar para você acabar logo sua refeição. No entanto, você não se encontra na sala de jantar da sua casa. Aproveite sua última taça de vinho, coma sua sobremesa, peça um café, um digestivo, pague calmamente e vá embora.
Para se dar bem: tarde da noite e restaurante vazio, não fique sentado horas sem pedir nada.
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16 Comentários
Vera Lúcia Costa Cruz Moreira
Já fui três vezes à Paris e não tenho o que me queixar. Os parisienses são muito agradáveis e a
cidade é realmente linda.
Os paēs, os vinhos e queijos franceses são deliciosos.Passear ou flanar em Paris, é das coisas mais agradáveis do mundo.J’aime Paris.
Rogéria
Educação!!!
O que é necessário em qualquer lugar do mundo!
Mauricio Christovão
Boa educação abre muitas portas. Sempre fomos bem tratados na França, mas o atendimento me pareceu mais caloroso no interior do que em Paris.
Janaina
Quanto à pontualidade sou realmente mais francesa que brasileira, odeio me atrasar e que cheguem atrasados aos compromissos comigo.
jorge fortunato
Alguém disse “Bom senso”. E isso basta. Fotos sem flash e telefone sem som já é um bom começo. Isso vale tb para museus.
cristina leyraud
Vivi durante 20 anos na Europa, 14 na França. É uma pena que os brasileiros não consigam entender o modo de vida e a educação francesa. Cada povo tem um pensamento, uma história, uma educação. Aprendi a respeitar e não a julgar. Aprendi que para viver num país estrangeiro, temos que nos adaptar, procurar viver da maneira deles, aceitar e viver discretamente,sem intromissão e nem tentar mudar e querer que eles te aceitem não importa como. Eles estão no país deles. E isso valeu para os outros países em que vivi. Amo a França, fui muito feliz lá, tenho muitos amigos e ela me manque beaucoup. Bonne journée à tous.
Raphael
Acredito que nestes restaurantes que funcionam com reserva o atendimento seja bem melhor do que naqueles “normais”, e não me refiro aos pega turista, e sim aos frequentados pelos próprios franceses. Digo isso porque em minha viagem me deferi o direito de fazer uma reserva em Lyon, em um restaurante indicado, e o atendimento foi simplesmente sensacional, com direito a explicação de cada ingrediente e a respeito dos vinhos (e isso pelo próprio chef).
Já em Paris não me dei a esse luxo, mas comi em restaurantes normais, a medida que ia seguindo meu roteiro. Não eram estabelecimentos baratos, mas na média, e em muitos notei uma falta de disposição em servir que as vezes beirava a rudeza. Foi algo que não senti em Lyon, local em que percebíamos muito mais cordialidade, e estava anos luz da atenção que recebíamos na Itália.
Ocorreram situações desnecessárias: em uma boulangerie, uma moça pediu um panini e o atendente olhou sério para ela e respondeu em inglês (era uma turista) “a título de informação, isto não é um panini e sim um sandwich”. A moça ficou totalmente sem graça e nós também… E ese foi apenas um dos fatos que presenciamos…
Anoto que fomos educados em todos os momentos, e seguimos todas estas regras de comportamento, que deveriam ser universais. Além disso, apesar de não dominar a língua francesa, sempre tentamos falar o máximo nessa língua, iniciando a conversação em francês, cumprimentando…
Apesar de sair com uma impressão não muito positiva em relação ao “trato” dos parisienses, isso não afetou minha opinião sobre Paris, que é excepcionalmente linda e muito interessante. Não permiti que tais inconvenientes maculassem a experiência que a cidade oferece.
Obs: acredito que o melhor tratamento que recebi foi no Marais, talvez por ser o bairro mais “descolado” da cidade.
Eduardo
Resumindo o brilhante texto da Karen, seja educado. Os franceses não estão exigindo demais, pelo contrário, estão pedindo o mínimo.
Gustavo
Tratam -se de normas de educação e etiqueta que deveriam ser seguidas em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil!
Jose Antonio Reis
Inteligencia !!! Basta isso. Com inteligencia teremos bom senso. Pena que no Brasil isso não funcione.