Estou lendo um livro divertido – Paris Manuel de Survie – onde o autor, Jean-Laurent Cassely, descreve os parisienses.
O livro é dividido por temas. Em um deles ele ataca o fenômeno da branchitude. O termo branché quer dizer “na moda”. Alguém por fora da branchitute não consegue passar pelos gorilas que filtram nas portas das discotecas branchés de Paris. A branchisation é um procedimento que torna algo branché.
J.-L.Cassely se diverte e nos diverte descrevendo a branchisation que no final das contas é um procemdimento que consiste em renomear um momento da vida ou um objeto utilisando de preferência o inglês. Assim la draga virou dating ou mesmo speed dating, rumeur se transformou em buzz, o aperitif se chama seven to one.
Como tudo hoje vai rápido, quando uma revista diz que algo é branché, desculpa, hype, os membros da branchitude passam a considera-lo do passado. Alguns aitolás da moda consideram mesmo que aparecer na vitrine da Colette é um começo de vulgarização.
Uma maneira engraçada de implicar com os snobismos parisienses, que alías são idênticos em várias culturas. Inclusive a nossa.
Outra passagem divertida, é sobre os americanos que moram em Paris.
Como reconhecer um americado?
O americano sorri. Uma particularidade fisionômica que o parisiense desconhece.
O americano fala alto. No restaurante, basta prestar atenção ao fundo sonoro para descobrir onde ele está.
O americano acha que Paris é uma festa, como disse Hemingway. Até hoje ele não entendeu que a vida do parisiense é uma sucessão de túneis de metro e dias inteiros no escritório.
Nós nos reconhecemos também, não é, nesta descrição do americado. Sorrimos sem complexo, falamos alto e Paris para nós é o cenário ideal para uma festa (romântica).
Jean-Laurent Cassely – Paris manuel de Survie, Éditions Parigramme, 2010.
Depois que Eymard inaugurou a lista de resenhas de livros sobre Paris, cito este livro desprentencioso mas escrito por algúem que possui uma sólida formação acadêmica. E breve, uma contribuição assinada por Dodô.
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29 Comentários
Gerson
HA! HA!HA!HA!
Que ótimo.
Cláudia Oiticica
Mais um para a minha lista. Sempre me divirto com esse tipo de livro. A gente sabe que é sempre uma caricatura, mas a essência é fiel, daí o sucesso. O último que li nesse molde foi “Comment devenir une vrai Parisienne”. Mas como foi do ano passado, já não deve estar mais assim tão branché,rs.
eidia
Adorei Lina. E chegando ai em janeiro ja quero comprar.Sempre digo que o frances nao odeia americano. Ele inveja o alto astral e a confianca que o americano ja nasce com.
ORLANDO
Cecília
Estava para postar algo quando vi que iria fazer um fac-simile do seu. Portanto, apenas assino em baixo. E com os mesmos votos a vc e a todos.
Fernanda
Oi Lina, realmente temos uma idealização de Paris como sendo uma cidade romântica, e tudo que esperamos (eu espero) é que isto realmente seja visto e sentido quando estiver aí em Março, e concordo que toda cidade é diferente para quem mora e quem vai a passeio, pois para nós tudo é festa e sorrisos…Feliz Natal a todos……..
eymard
Lina, tambem adoro esses livros “despretensiosos” como voce disse. Gostosos de ler. Que nos faz divertir e dar risadas sozinhos. Nos reconhecemos, de fato, nesse “americano” de riso facil. E nessa Paris idealizada (aquela que nos faz feliz pela temporada, quer melhor do que isso?). Qualquer cidade é diferente para o residente e para o nao residente. Paris para nós é uma festa. Com ou sem neve (rs).
Estou ja ansioso aguardando a resenha de Dodo. Que venga! (rs)
Cecília
Pessoal,
mas nós somos americanos, do Sul. rs
Ainda bem que ser alegre e falante não é motivo de vergonha e sim de muito orgulho.
Neste mundo cada vez mais individualista e agressivo, como é bom sorrir e conversar com as pessoas a nossa volta. Mesmo que seja via blog da Lina. Isso é que é ‘conexão’.
Sejamos alegres. Rir ajudar a evitar rugas. kkk
beijos a todos e um Feliz natal bem sorridente para vcs.
Diego Braga
Como é bom ser brasileiro! Amo nossa terra e nossa gente. Realmente esse esnobismo é comum em várias culturas. Mas o mais engraçado é que a palavra foi tomando outro rumo, Esnobe vem de “Sine nobilitate”, isto é, sem nobreza. De um modo geral, somos felizes do nosso jeito de falar alto e rir de tudo.!
Vera
Oi, Lina. Realmente eu me reconheci na descrição do “americano”…. e por incrível que pareça, quando eu e meu marido estivemos em Paris, muitas vezes as pessoas vinham falar conosco em inglês, supondo que éramos americanos…. Devíamos estar rindo muito e falando alto, provavelmente….. Na Ladurée, durante o almoço, apesar do meu esforço em falar francês, o garçon só falava conosco em inglês e até nos ofereceu catchup!!! Isso foi definitivamente a sentença de que éramos americanos para ele…..(na minha opinião).
Bjs