Texto de Evandro Barreto

“Arco do Triunfo” não é um romance que ficará na história. O autor, Erich Maria Remarque, lutou como soldado alemão na Primeira Guerra Mundial e saiu das trincheiras com material para escrever sua obra mais importante:”Nada de Novo na Frente Ocidental”, libelo contra o fanatismo patriótico dos dois lados, mas também uma grande narrativa.

O que me estimulou em “Arco do Triunfo” foi o registro de um período da vida parisiense relativamente pouco explorado, que se seguiu ao agito dos anos vinte  e estendeu-se até a ocupação pelas tropas alemãs em 1940. Paris então era o ponto de convergência dos expatriados: russos fugindo de Stalin, anti-nazistas e judeus fugindo de Hitler, espanhóis fugindo de Franco, italianos de Mussolini, gente de toda parte tentando escapar de vários modelos de opressão ou da miséria pura  e simples. Exatamente como hoje, os franceses se dividiam: solidários, indiferentes, xenófobos, exploradores da mão-de-obra clandestina.

A história começa na Pont de l’Alma e desdobra-se pela cidade, mais do que simples cenário, quase personagem. E para quem leu o livro sem ter vivido a época, é estimulante esbarrar ainda hoje em referências que apagam a passagem do tempo. A Vitória de Samotrácia e o sabor do calvados, a textura macia dos queijos normandos e o hotel George V, a vizinhança bem-comportada da Place des Ternes e a mesa de hors d’ouevre do Fouquet, a lucidez e o destempero, a coragem e a mesquinharia. Na essência, a Paris de sempre, que nos atrai e nos exige, nos fascina e nos ensina, que tudo acolhe e a tudo resiste.

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