A querida leitora Mariana Palmeira me enviou um depoimento que transformo em artigo e espero que ele incentive cadeirantes Brasil afora, a começar pelo meu amigo Reinaldo.
Desde que acessei seu blog pela primeira vez virei fã. Já passei o endereço para vários amigos. Quando o achei navegando na web, estava preparando uma viagem a Paris que para mim mesmo tendo visitado a cidade algumas vezes, seria bastante diferente e de certo modo quase como uma primeira visita. Há alguns anos tenho mobilidade reduzida e teria que viajar pela primeira vez usando muletas e cadeira de rodas. Cheguei de volta há dois meses e posso dizer que essa foi uma das minhas melhores viagens. Gostaria de deixar algumas dicas pois imagino que como eu muitas pessoas possam achar que viajar nestas condições não é possível e com isso deixar passar grandes momentos. Espero que seu blog continue sempre neste ótimo astral. Dá para perceber o quanto você curte a cidade.
– Aluguel de Cadeiras: pela internet é possível acessar vários locais que alugam cadeiras. Há diferença de preço entre os arrondissement, então é melhor procurar. Para o aluguel não é necessário receita médica, mas todos pedem cheque caução ou dinheiro como garantia. Geralmente são as farmácias ou lojas de equipamento médico que oferecem este serviço. O preço em média é de 40€ por semana. Algumas entregam mediante uma taxa (não muito barata).
– As companhias aéreas em geral tem serviço de apoio a pessoas com mobilidade reduzida. Viajei pela Air France e não tive maiores problemas. A única dica é que se vc vai sozinho, como foi meu caso, no aeroporto de Paris a espera no setor de embarque acaba sendo bastante entediante. Os serviços, lojas e banheiros são distantes e o funcionário não fica a sua disposição, ou seja, se vc entrar cedo acaba ficando sem ter como se locomover lá dentro. No avião a melhor coisa é reservar (com bastante antecedência) o assento da primeira fila pois o espaço é um pouco maior. Não adianta nem tentar as poltronas da saída de emergência pois elas são expressamente proibidas para quem tem mobilidade reduzida.
Pergunte ao seu médico se vc pode usar meias de compressão. Elas foram de grande ajuda para mim. Alem disso fui equipada de apoio para o pescoço, sapatos tipo croc bem confortáveis e uma manta para me proteger bem do frio. Pessoas que possuem problemas neurológicos muitas vezes tem mais sensibilidade com a temperatura. Caso haja necessidade de entrar no avião de cadeira de rodas a companhia providencia um tipo especial. Mais uma vez é preciso somente avisar antes do embarque.
– Apanhar táxi em Paris não é muito fácil como vc sabe mas não tive dificuldades em instalar a cadeira dobrável nos porta malas. A dificuldade foi a mesma de todo passageiro, ou seja, escapar dos engarrafamentos causados pelas “manifs” e esperar os táxis no ponto. Utilizei também os táxis via telefone (G7, Táxis Bleues e Alpha Táxis) que funcionaram bem, mas que às vezes são complicados por atenderem com gravação eletrônica o que impedia o aviso de que eu portava uma cadeira.
– Praticamente todas as ruas da cidade tem rampa para cadeira. Algumas menores, outras maiores mas todas possíveis de serem utilizadas. Não fui guiando a minha cadeira. Uma amiga me ajudava mas acredito que seja igual. Achei alguns guias na internet específicos para cadeirantes. Escolhi um que achei extremamente bem feito chamado “Le Guide de Paris Accessible”. O autor – Franck Vermet – é um cadeirante e viajante experiente que dá dicas de passeios com fotos e detalhes da acessibilidade de cada local. Em alguns locais ele chega a desenhar o banheiro para mostrar se é possível a entrada da cadeira. Vale a pena consultá-lo! Alem disso existem diversos sites especializados como http://www.voyage-handicap.fr. Um serviço que parece muito bom é o http://www.infomobi.com que fornece indicações sobre todos os meios de transporte adaptados. Você pode ligar diariamente e informar qual o trajeto quer fazer que eles indicam exatamente qual a linha de ônibus ou metro deve ser utilizada. Não cheguei a usá-lo mas parece muito eficiente.
– Outra dica é sobre vestuário. Leve sempre uma capa de chuva na bolsa pois é complicado o uso de guarda-chuva para quem usa cadeira ou muleta. Mesmo se estiver acompanhado torna-se uma experiência circense!
– Em praticamente todos os museus o cadeirante tem prioridade na entrada e muitas vezes não pagam ingresso. Como nem sempre isto está claro é só perguntar nas bilheterias. Alguns possuem até acompanhante caso o visitante esteja sozinho.
De uma maneira geral achei os acessos muito bons. Parece que de alguns anos para cá o Governo Francês está incrementando a política de acessibilidade. No entanto é bom procurar se informar pois as vezes alguns locais que possuem o selo de acessibilidade não são totalmente acessíveis, por exemplo a ala Richelieu da Biblioteque Nationale e o Chateau de Chantilly. Como vários outros prédios históricos apenas partes deles são acessíveis, o que não fica claro na entrada. Nada que estrague o passeio mas é bom estar preparado para fazer um caminho mais longo ou não ter possibilidade de visitar todo o prédio.
– Ah e sem esquecer as lojas! Muitas são ótimas de entrar principalmente as maiores. Estive sem problemas na Habitat, Collete, American Apparel, H&M, Zara e outras…
– Nos museus e monumentos em geral existem banheiros adaptados para deficientes.
Sugiro estar sempre atento para sua localização pois nos bistrots a maior parte fica nos subsolos!
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45 Comentários
Vitor Rodrigues de Morais
Gostei do seu post, eu creio que o unico problema e o metro eu não encontrei elevador nas estações
Victor
Boa tarde Fabia . Sou estudante do curso de Eventos do Uni em Belo Horizonte , estamos fazendo um trabalho sobre pessoas com necessidades especiais na cidade de Paris . Peço sua colaboração pois com essas informações podemos abrir os olhos da sociedade e dos políticos . Precisamos de sites e locais que possam ajudar na nossa pesquisa , meu e-mail é : [email protected] , Muito Obrigada
Rodrigo Lavalle
Victor, a Fábia escreveu esse artigo como convidada em 2008. Nós não temos mais o contato dela e não sei se ela ainda lê o blog.
Abraços.
Carla Ramos
Oi Fábia!!!
tô indo agora com minha mãe também para Paris e queria que vc me desse dicas de como foi a sua experiência na cidade e se foi fácil utilizar a cadeira.
Confesso que tô meio assustada.
Fico no aguardo de seu retorno, obrigada.
Meu e-mail é [email protected]
conexaoparis
Carla
Não sei se ela está lendo o blog ainda.
Carla Ramos
Olá!
vou pra Paris e preciso saber como e onde posso alugar uma cadeira de roda?
aguardo seu retorno e aproveito para parabenizar pelas informações valiosas.
Obrigada
conexaoparis
Carla
Eu não conheço nenhum pessoalmente. Mas em qualquer farmácia de Paris eles podem te informar. Ou então tente pesquisa no google.
Fábia
Muitíssimo obrigada, Lina.
Fábia
Olá, Lina
Sou frequentadora assídua do seu blog, adoro ele. Vou viajar com minha mãe que tem dificuladade de locomoção e não estou conseguindo achar onde alugar cadeira de rodas em Paris, vou ficar entre a boulevard lafayette e a boulevard housseman.Se alguémpuder me ajudar. Agraderia muito.
Obrigada, Fábia
conexaoparis
Fabia
http://www.materielmedical.fr/A-10025384-transport-aller-retour-fauteuil-roulant-transit.aspx
Eles entregam no endereço que fornecer.
Laura Martins
Oi, Mariana! Sou cadeirante e entrei em contato com vc através deste site na época em que fui a Paris. Vc me ajudou muito com suas dicas. Agora estou tentando entrar em contato com vc novamente, mas as mensagens estão retornando. Importa-se de me escrever? Gostaria de ir à Flip este ano e vc havia me dito que já foi… Poderíamos trocar ideias? Meu e-mail é [email protected]
Aproveitando: Lina, obrigada por este espaço. Viajo sempre aqui, no site, e aproveitei todas as suas dicas em minha viagem a Paris, de cadeira de rodas. Grande abraço!
paula romano
Oi Lina
Eu, meu marido e um casal de amigos estaremos indo a Israel, Roma e Paris neste ano em novembro, e ocorre que esse casal de amigos, o esposo é cadeirante. Adorei sua dicas e se vc tiver um roteiro bacana que possamos fazer os quatro juntos pra aproveitar ao máximo os 4 dias que vamos estar lá, já te agradecemos. Vamos de Roma a Paris de Trem e por conta própria (sem guia e pela primeira vez), ou seja somos aventureiros. Minha preocupação é que todos se divirtam e que façamos todos os passeios juntos. Aguardo sua dica sobre roupas, lugares de facil acesso, restaurantes, enfim tudo que vc considerar importante. Bjs de Paula Romano – Belém do Pará
conexaoparis
Paula
eu ainda não pesquisei lugares para cadeirantes em Paris. Por isto fico te devendo estas dicas. Mas de uma maneira geral é mais fácil andar de ônibus que de metro. Todos os ônibus possuem elevador. Quase todas grandes brasseries e bons restaurantes podem receber cadeirantes. Os museus também. Todos estão adaptados.
Cintia Costi
Lina e Mariana,
aproveitei muito as dicas do conexao paris em minha viagem em abril de 2010. Aluguei uma cadeira-de-rodas para minha mae, seguindo as indicacoes da Mariana, em uma farmacia. Custou 21 euros por uma semana. Necessario deixar cheque caucao de 300 euros. Cadeira excelente, deu tudo muito certo. Nos pontos turisticos, ao verem nos aproximarmos, o pessoal da seguranca ja nos abordava e indicava entrada especial. Minha mae nao precisou pagar ingresso em nenhum passeio e eu somente em alguns. Sugiro apartamentos especiais do Ibis, pra quem tem problema de locomocao como a Tereza. Eles sao projetados especialmente para este fim e o site do hotel indica se tem apartamentos este tipo de apartamento. Em novembro estou voltando com o maridao. Paris eh mesmo tudo de bom.
Beijins,
Cíntia
conexaoparis
Oi Mariana
Que bom que você está por aqui.
Abraços.