Já escrevemos 2 artigos (aqui e aqui) discutindo o comportamento dos garçons franceses/parisienses. Recentemente uma matéria do jornal inglês The Guardian coloca por escrito o que costumamos dizer aos amigos brasileiros que reclamam do atendimento nos restaurantes em Paris.
No artigo intitulado “French waiters aren’t rude, they merely demand respect” (“Garçons franceses não são rudes, eles simplesmente exigem respeito”) a autora Rhiannon Lucy Cosslett praticamente “joga a culpa” da falta de educação dos garçons franceses nos turistas – no caso britânicos e americanos. Para ela, esses turistas não se esforçam em aprender o mínimo da língua e não se inteiram das regras e costumes da sociedade local. Além disso estão acostumados a ver os garçons como serviçais e os tratam com indiferença, arrogância e menosprezo. A má educação dos garçons seria então uma forma de defesa. Mas óbvio que existem aqueles que são rudes por natureza e default ou simplesmente estão em um dia ruim.
A jornalista continua argumentando que na Inglaterra e nos EUA – assim como no Brasil – ser garçom, na maioria das vezes, é um trabalho pouco qualificado, mal pago e para quem não tem outras opções. Na França, ao contrário, ser garçon é uma profissão viável, qualificada e digna de orgulho e respeito.
Somada a esses fatores existe a questão da relação consumidor-prestador de serviços. No Brasil e nos EUA o cliente tem sempre razão, é ele quem manda e escolhe, afinal de contas “está pagando”. Na França – como gostamos de brincar – o cliente nunca tem razão. É preciso coragem (ou meiguice) para pedir a troca de algum ingrediente de um prato ou para mudar de mesa (uma amiga diz que nós, velhos, somos sempre colocados nas mesas do fundo. Ela sempre pede para mudar e consegue).
O cartaz abaixo – na parede do ótimo restaurante Au Passage – resume bem a relação amor-ódio, servir sem ser subserviente, que existe na sociedade francesa.
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39 Comentários
Joao
Morando em Paris há 4 anos (e trabalhando com serviço há alguns anos) concordo que em muitas ocasiões o serviço deixe a desejar, mas em muitas outras os clientes são complicados. Pessoas de todas as origens que começam errando ao achar que sua cultura é o o paradigma a ser seguido. Asiáticos que são incapazes de cumprimentar um atendente e ignoram totalmente a presença deste, latinos que fazem muito barulho desrespeitando o espaço alheio, brasileiros que querem favores a mais por serem brasileiros, hispanófonos que chegam falando super rápido e querendo ser compreendidos, pessoas que não conseguem respeitar uma fila, que querem apertar sua mão (imagine o problema de higiene e salubridade se fosse apertar a mão de todos os clientes), indianos que querem um serviçal, etc… A questão é que na França a cultura é a ser seguida é a do próprio país. Quando estou atendendo, atendo no modo francês. Claro que tentando ser simpático e paciente, mas com alguns clientes quanto mais você dá, mais eles querem e perdem a noção. Frequentemente também temos clientes franceses mal educados e estes só respondem a um tratamento duro e rígido. A dica é ter bom senso e refletir sobre a cultura é regras locais e que expectativas você pode ter.
Marcelo
“Brasileiros em paris são mal educados….” fala por vc meu amigo, não concordo mesmo, acho sinceramente que somos muito educados quando estamos em paris. E sim, garçons franceses são muito mal educados, não sei se por que trabalham correndo muito, se se sentem menores que outras pessoas por estarem servindo (sim, ninguém neste mundo mais que os franceses se sentem superiores que outras pessoas), e quanto ao estudo da digníssima, ela deveria saber que nos EUA ou na Inglaterra, garçons ganham muito bem, mais que os garçons de paris, tenho certeza, até por que nos EUA faço questão de deixar pelo menos 15% de gorjetas por que sou muito bem atendido, e em paris (não é na franca inteira) na maioria das vezes sou pessimamente atendido em restaurantes de mais de 300 euros por pessoa.
cesar
Garçons franceses são mal educados realmente, com quem não sabe se comportar.Brasileiros em Paris são uma vergonha.
Vinícius
Em resumo, eles serão mal educados se forem com eles. Tem muito turista mal educado, diga-se de passagem, americanos principalmente.
O jeito americano de atender é artificial e superficial, informal. O francês não, eles são verdadeiros e diretos, gosto disso. A França é o pais que mais recebe turistas no mundo e eles podem se dar ao luxo de “escolher” os clientes e serão queles que forem formais e educados. Tem gente que fala como se fosse um defeito, mas eles são assim e se não tiverem contentes não vão mais. Eu particularmente adoro a França.
Susie
Paris…para os franceses não representa a França, sim, os funcionários que trabalham com o publivo, vendedotas, garçons…são impacientes, sobrecarrecados, talvez alguns mesmos mal educados. Mas no interior da França, e em outras capitais, que diferença ! Visito a França quase todos os anos, não vou a Paris, duas vezes , basta! A França profunda é gentil e linda!
Claudia
Entendo as diferenças culturais, formação , hábitos mas nesse quesito vou concordar com os comentários da Nina. Há sim um atendimento ruim nos serviços em geral. Vc pode dar sorte e encontrar um atendente dedicado ao que faz ou q acordou de bom humor naquele dia. Não é a regra. No entanto, coloco a Itália em primeiro lugar qdo se trata de garçons ruins. Visito desde sempre, diferentes regiões, falo o idioma e já tive vontade de fazer escândalo inúmeras vezes rsrsrs
Amauri
Já estive na França e principalmente em Paris por duas vezes e realmente os garçons franceses são mal educados, grosseiros, o que foi diferente quando se tratava de garçons de outras nacionalidades. Mas a cidade é linda e sempre fui tratado, de maneira geral, muito bem. Amo essa cidade e voltarei sempre que puder.
Débora
E no Rio de Janeiro nem adianta ser bem educado ou tratar com respeito, vc vai ser mau atendido de qualquer jeito! Salvo raras exceções!