Gosto tanto desta cidade que reluto apresentar os aspectos negativos. Por isto nunca falei da mendicidade, do número elevado de pessoas sem o mínimo necessário para a sobrevivência. Vivendo aqui desde o final dos anos oitenta, acompanhei o aparecimento dos SDF.
Abro um parêntese, os franceses adoram siglas. Ou então eles se sentem melhor escondendo a realidade atrás de duas ou três letras. SDF quer dizer sem domicílio fixo, traduzindo sem teto.
Paris e seus clochards, os antigos bêbados que viviam na rua, é um quadro do passado. Hoje o que vemos é um vai e vem de imigrantes mendigos, europeus ou não, vivendo nas ruas de Paris ou nos bosques que a circundam. Quando chega o inverno esta população se transforma em matéria na mídia. Desde o início dos dias frios quatro infelizes que moravam em barracos no Bois de Vincennes morreram de frio e cansaço.
Durante o dia o boulevard Hausmann é o centro do consumo francês. Vitrines maravilhosas nos departments stores, alta costura e gastronomia, turistas do mundo inteiro carregados de sacolas. A noite uma outra realidade se instala e sob as marquises das lojas dormem os miseráveis que vem pedir esmolas na ruas da cidade luz.
Nunca me permiti fotografa-los e as fotos acima foram tiradas do Flickr e exemplificam bem a presença dos sem teto em Paris.
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43 Comentários
Francisca Grenzer
o também foi digitado errado
Francisca Grenzer
Olá Lina,
tanbém vi as duas realidades em Paris, a primeira uma senhora Árabe de quase 80 anos mendigando no metrô Bastille achei muito triste vê essa cena em Paris, a outra uma Árabe num café na Champs Élysées coberta da cabeça aos pés de tecido Dior, Boucheron no pulso e várias sacolas da Cartier e Chanel.
Duas pessoas da mesma nacionalidade e meios de vida totalmente diferentes.
Giovanna
Pois é, e não é somente em Paris. Este é um dos lados negativos da globalização
Leandro Ramos
Infelizmente, esta é a realidade nua de um mundo que há muito, tem dado as costas à ultrajante desigualdade social. Não é mais possível manter-se atrás dos muros de Versailles sem reconhecer os que a vida deu oportunidades diferentes, como parte integrante e indispensável da social humana.
FÁTIMA
MUITO TRISTE….
Cláudia Oiticica
Muito triste e nós brasileiros conhecemos bem esta dura realidade.E este problema vem aumentando nos países ricos.Várias vezes,saindo já tarde da noite de restaurantes em Paris,vi carros distribuindo alimento aos sem-teto espalhados pelas ruas.Passeando pelo Canal de Saint-Martin,fiquei chocada com a quantidade de tendas armadas que abrigavam pessoas,cachorros,em péssimas condições de higiene.Várias outras tendas também ao longo do Sena.
Uma vez vi uma reportagem na Tv5 sobre uma organização que recolhe estes sem-teto e levam para um barco ancorado nas margens do Sena,que funciona como alojamento e tenta inseri-los no mercado de trabalho.O nível de acomodação e ajuda que eles oferecem achei excelente.
Gerson
Dezoito anos depois, voltei a Paris e pude constatar essa dura realidade. Tb não consegui fotografar, e, como disse a Bete s, acontece em muitos lugares do mundo moderno. Pude ver isso tb em S.Francisco (CA).Lugar rico, mas em várias esquinas havia “sem tetos” pedindo ajuda. Governos gastam não mais “bi” e sim “trilhões “em armas e guerras…
Bete s
infelizmente existe em qualquer lugar do mundo, e paris tb com toda sua magia não está livre, talvez por esperança de uma vida melhor eles tentan a sorte, mas por falta de oportunidades e qualificação ficam a merçê da sorte. Que as autoridades possam olhar melhor para eles, e que a sociedade façam tb algo por essas pessoas menos favorecidas.vamos acreditar.
Adriana
Via todos os dias na Boulevard Saint Michel um mendigo que se ajoelhava na nossa frente com um cartaz…
Eduardo
Demos sorte na vida. Temos e que agradecer todo dia.