Evandro Barreto, autor do livro Na Mesa Cabe o Mundo lançado pela Editora Conexão Paris, já chamou a atenção para o fato de que em Paris as pessoas que vêm de fora param para ver a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, as vitrines e os jardins, o rio e as pontes e que raramente se dão conta da outra cidade que se desdobra sob seus pés. Nos vários patamares desse mundo obscuro, sucedem-se fantasmagóricos ramais metroviários desativados, galerias de esgotos imortalizadas no “Fantasma da Ópera”, catacumbas do tempo do Império Romano, jazidas abandonadas de calcário, que abrigaram células da Resistência durante a ocupação nazista (leia aqui).
Arte nos subterrâneos de Paris
Este mundo obscuro é o avesso da Paris romântica e é nele que se ligam os movimentos e a cultura underground.
Um dos fatores que impulsiona essa cultura são os túneis e estações abandonadas do metrô, assim como os subterrâneos reminiscências das antigas minas de onde era extraído o calcário para a construção da cidade (séculos 11 a 18). Este subterrâneo representa aproximadamente 300km de túneis interligados.
Esqueletos nas catacumbas de Paris
Uma pequena parte dessas antigas minas pode ser visitada pelos turistas. Organizada pela prefeitura, a visita guiada permite aos visitantes explorar 2 km dos subterrâneos parisienses. Desde século XIX estas galerias viraram atração turística. Entre 1786 e 1814 os ossos do cemitério des Innocents, na região do Les Halles, foram transferidos e instalados nestas galerias que imediatamente foram chamadas de Catacumbas, como as de Roma.
Outra parte, fechada ao público, é frequentada pelos bombeiros de Paris. Eles descem a partir de bueiros de rua para treinos das equipes de resgate de pessoas perdidas nos labirintos ou treinos de incêndios em ambientes confinados.
Fernanda descendo pelo bueiro
Apesar de fechada ao público, esta parte é frequentada também, e ilegalmente, por jovens que encontraram nos subterrâneos a adrenalina necessária para fazer desse local escuro palco de festas e de produção artística. Fernanda Hinke, parceira do Conexão Paris para circuitos de street art, viveu uma noite inesquecível nas entranhas de Paris (leia aqui o relato).
Foto tirada durante o passeio de Fernanda
No local não há luzes, eletricidade ou até mesmo som. O sistema de túneis é complexo e apesar de alguns túneis terem placas indicando o nome da rua acima, é fácil se perder. Ela teve a oportunidade de fazer uma visita ilegal, guiada por Psyckoze, artista de rua parisiense e um dos maiores exploradores deste mundo paralelo (leia aqui).
Clique aqui para conhecer o passeio street art com a Fernanda.
Informações práticas para a visita das Catacumbas:
- o número de visitantes é limitado a 200 e quando é atingido, as entradas são momentaneamente interrompidas;
- o percurso é de 2km e a visita dura 45 minutos;
- o local não tem nem toilette, nem vestiário;
- os visitantes descem 130 degraus e sobem 83;
- a temperatura é de 14 graus;
- visita desaconselhada para aqueles que sofrem de insuficiência cardíaca ou respiratória, para pessoas sensíveis e para crianças;
- menores de 14 anos devem ter ser acompanhados por adulto.
Informações práticas
Catacumbas de Paris
Endereço: 1 avenue du Colonel Henri Rol-Tanguy, 75015.
Como chegar: metrô linhas 4 e 6, estação Denfert – Rochereau.
Funcionamento: aberto de terça à domingo das 10h às 20h30. Aberto nos feriados 14/07, 15/08, 01/11 e 11/11. Fechado nos feriados 01/01, 01/05 e 25/12.
Ingresso: 14 euros, somente na hora, sujeito à longa fila. Os ingressos que dão acesso prioritário custam mais caros e são somente vendidos antecipadamente, clique aqui para comprar o seu (use o código 5CONEXAO e ganhe 5% de desconto).
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14 Comentários
Andreia Gondim
Sensacional….me fez lembrar o icônico livro do Victor Hugo “Os miseráveis” e uma descrição de tirar o folego sobre os “esgotos” com Jean Valjerian.
Gilson Diego
Ótimo artigo sobre esse passeio super interessante pra quem gosta desse estilo, e eu gosto muito rsrsrs. Gostaria de saber se alguém pode me informar o endereço da saída. Quando fui lá com minha esposa nós ficamos meio perdidos na saída até que pegamos o metrô uma estação que passava trem em cima e metrô em baixo. Desde então ficamos curiosos pra saber onde estávamos, mas não lembramos o nome da estação. Gratos pelo ótimo trabalho de vcs, e se alguém puder me matar essa curiosidade fiacrei mais grato ainda.
Rodrigo Lavalle
Gilson, seria a estação La Motte Picquet – Grenelle?
Abraços.
Evandro Barreto (Dodô)
Excelentes, o texto e as fotos. E, de repente, me vieram à lembrança, outros subsolos parisienses, charmosos por motivos difertentes e bem mais próximos do século XXI: o “Tabou”, em Saint Germain, templo do jazz na década de ’50, o “Le Caveau”, na rue de la Huchette, onde os estudantes do Quartier Latin ensaiaram seus primeiros passos de rock e o salão de danças da brasserie “La Coupole”, existente até hoje, replicado por Ettore Scola no filme “O baile”.
Madá
Sou do time da Cristiane Pereira… Porém, quem sabe me animo num passeio acompanhada pela Fernanda. Fiquei impressionada com o tamanho da fila para entrar!!! Parece que está sempre cheio!
Carolina
Carla, a entrada da Catacumbas é em um local e a saída em outro, um pouco longe da entrada! Mas é demais o passeio, um pouco cansativo devido as escadas, mas vale a pena a ida!!!
Volci
As catacumbas são show, vale a visita.
Carla
A entrada e a saída para esse passeio são no mesmo lugar? Não consigo achar essa informação por aí 🙂 Obrigada!
Rodrigo Lavalle
Carla, não. São em locais diferentes e afastados um do outro. Creio que a saída fica próxima ao metrô Alésia.
Abraços.
Cristiane Pereira
Mesmo que recheado de informações históricas e interessantíssimas, esse circuito não me pega, rsrsrs. Programa para os fortes!!!
Lika Nóbrega
Essa visita é maravilhosa! Super interessante e divertida! E fiquei encantada ao saber que, um dia, Paris já foi praia, já foi mar!… Lá a gente conhece um pouco mais dessa história incrível sobre o solo parisiense! Que saudaaaade!! E quem achar o crânio com dentes, tire uma foto! ele é raríssimo no trajeto! E o próximo passeio, na próxima viagem a Paris será pelos esgotos! A pluuusss!
Mauricio Christovão
O subsolo de Paris, por sua composição calcárea, possibilitou a construção dessa rede de túneis ao longo dos séculos e também do metrô. São duas visitas no subsolo que ainda estou devendo: As Catacumbas e os Esgotos de Paris.