Já que queríamos decifrar o mundo do luxo em Paris, chegamos a conclusão de que seria necessário descobrir como é se hospedar em um dos hotéis de luxo da cidade.
Paris tem diversos hotéis de luxo, famosos e emblemáticos como o Plaza Athenée, o Meurice, o Ritz (fechado para reforma), o Royal Monceau, o Crillon, o Bristol…
Escolhemos o Meurice porque entendemos que, dos grandes hotéis de luxo, talvez seja um dos mais discretos e elegantes. Além disso, fica no primeiro arrondissement, nosso campo de pesquisa sobre o luxo em Paris. Passamos duas noites no hotel. Ficamos na suite deluxe, uma das mais simples, e pagamos 850 euros por noite.
Como foi? Bem, tive a sensação de estar me hospedando dentro de uma caixa de jóias. Tudo no hotel brilha e reluz.
No lobby, estão os dois restaurantes:
O Le Meurice é o restaurante gastronômico, comandado pelo chef Yannick Alléno. Aqui, temos a sensação de estarmos na palácio de Versailles. Apesar de ter sido todo reformado por Philippe Starck, o salão manteva intacta a alma francesa: lustres de cristal, grandes cortinas nas janelas que dão para os Jardins des Tuileries, lareira, painéis pintados nos tetos e paredes. O salão fica aberto para café da manhã. Ou seja, o dia já começa dourado. E – elistismo máximo – o restaurante fecha aos sábados e domingos para almoço e jantar.
Já o restaurante Dali é uma homenagem ao hóspede mais ilustre e um dos mais frequentes do hotel. Aqui talvez esteja a alma do hotel. Do café da manhã ao jantar, passando pelo chá da tarde, o salão não se esvazia hora alguma. Temos a sensação de que o tempo aqui é diferente, corre mais lento. Afinal, correr vai contra o luxo. E, em sua reforma, Philippe Starck conseguiu fazer deste ambiente opulente um espaço que te convida ao ócio.
Tem ainda o bar 288, mais intimista, mais sóbrio, sem tanto brilho. Mas igualmente luxuoso.
Em geral, os hóspedes do Le Meurice são discretos. Apesar de vermos mulheres chegando dependuradas em sacolas de marcas de luxo, há pouca ostentação. Aqui, não há quartos cor de rosa da Barbie como ocorre no Plaza Athenée.
Os quartos também são uma caixa de jóia. Decorados a la Louis XVI, banheiros todo em mármore e muito espaçosos. Muuuitos e excelente armários (ficamos na verdade bem impressionados com os armários! Todos com luz interna, gavetas que fecham macio etc.)
Pela manhã, seu jornal escolhido está na porta.
Tudo é pensado para você se sentir único, confortável, importante.
Bem, agora vamos às críticas: ao mesmo tempo que você é tratado como uma rainha basta respirar e você começa a pagar itens a mais. Ou seja, custa caro ser Maria Antonieta
Absurdo dos absurdos, o wifi é cobrado. E não é barato, 24 euros o dia. Como assim?!!
O café da manhã é por faixas: se seu pacote inclui café Continental, você não pode ir ao buffet. Ou então, você pula de faixa e o café é mais caro. Achei isso de uma deselegância extrema.
Tudo no quarto está à venda, o que me fez sentir como se eu estivesse dentro de uma vitrine de uma loja.
Foi uma experiência luxuosa? Sim, foi. Adoramos ficar dentro da caixa de jóias, adoramos o quarto, adoramos a calma do lugar, adoramos a delicadeza do serviço, adoramos a elegância e discrição dos hóspedes, adoramos estar diante dos Jardins des Tuileries, adoramos estar num hotel histórico, adoramos a revigorada dada pelo Philippe Starck.
Eu voltaria? Acho que não. Apesar de termos adorado tudo, os pontos negativos que descrevi acima nos incomodaram. Ficar em um quarto onde tudo está à venda soa falso para mim. E acho que o luxo máximo deve ter como base uma experiência verdadeira.
Enfim, aí estão algumas elucubrações sobre nossos dois dias num dos hotéis mais luxuosos de Paris.
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Hotel Le Meurice
228 rue de Rivoli | 75001 Paris
Tel.: 01 44 58 10 10
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55 Comentários
Helio Jr
Andreza,
Concordo com você!
O Hotel Chatelet é uma otima dica de hotel barato, bem localizado e com staff atencioso!
Fui curtir o seu comentario, errei o dedo e terminei por não curti-lo!
andreza oliveira
nao sei onde seria mais apropriado comentar, mas fiquei no hotel victoria chatelet com meu marido em abril passado e foi uma experiencia muito boa. a proprietaria do hotel e a atendente falam portugues e sao extremamente atenciosas.o preco foi justo, o quarto num tamanho bom, o banheiro tinha banheira, o cafe da manha muito bom(apesar q sempre tomavamos cafe em varios lugares diferentes). alem do mais, perto de tudo, faziamos quase todos os passeios a pe… eles davam dicas,pediram o taxi p/ aeroporto, agendaram nossa visita ao la valle village… recomendo demais e este ano irei novamente, pois nao conseguirei passar pela europa sem ir a paris.
Lina
Andreza
Muitos leitores deixaram relatos positivos sobre o Victoria Chatelet.
ANE ELISA
Lina, na minha última ida a Paris, em novembro ultimo, tive com meu marido a mesma ideia: expimentar um dos Hoteis de Luxo por uma noite (no Plaza Athenee). A sensação foi extamente a mesma que você teve. Gostaria de lhe mandar um post descrevendo a nossa experiencia. Pontos positivos e negativos. Vc acha legal acrescentar a este seu ? para onde poderia enviar?
Lina
Ane Elisa
Adorei sua proposta e te enviei agora um email.
Patrique Novais
Espetacular. Quem nao gostaria tambem de se dar ao luxo de se hospedar em um otimo hotel, nas minhas idas a Paris admito que nao gosto de gastar muito com hotel ate porque é um dos locais em que menos fico. Adoro apreciar a cidade. Ate nas noites viro zumbi, cada historia, cada beco. Realmente a cidade Luz é encantadora e cheia de surpresas assim como essa de lugares que valem realmente ir!
HELIO JR
Marcello brito,
O seu relato sobre o Majestic foi de causar indignação! Muito deselegantes tais cobranças, ainda mais levando-se em conta o valor das diárias cobrado nestes hotéis. Pensei que este tipo de exagero estivesse mais restrito à América.
Regina Vasconcelos
Nada como ser livre e fazer auas own choices! Isso eh o mais importatante para mim! Detesto
Evandro Barreto
Até agora, não havia comentado este post por achar que o côro de reprovações à mesquinhez da cobrança de certos extras em hotéis de alta categoria já estava completo, mas o Marcello abriu um novo e instigante ângulo na questão: o dinheiro fácil e súbito em certas mãos cria novos conceitos de valor.O luxo passa a ser medido pelo custo, não pela satisfação que oferece em troca do gasto. O que nos leva à distinção entre o que é caro e o que é dispendioso. Dispendioso é o que exige desembolso elevado, mas que pode ser compensador. Caro é o que não vale o preço. Para que ganha muito pouco, luxo pode ser um segundo pão com manteiga no café da manhã –
ou a simples possibilidade do café da manhã. Para quem tem dinheiro porque trabalha muito para ganhá-lo, luxo pode ser cancelar uma reunião importante para não perder a festinha no jardim-da-infância dos filhos. Para mim, pessoalmente, o maior dos luxos é a liberdade de escolha, em qualquer que seja o terreno.
Lina
Evandro Barreto e Marcello Brito
Vocês foram brilhantes nestes dois comentários.
marcello brito
Ate fins da decada de 70 os grandes hoteis da europa seguiam a regra de ouro de nao cobrar o café da manha, incluido no preço da diaria.
Depois, aos poucos, foram incorporando habitos da praticidade americana até desembocar na plaquinha dos produtos a venda do Meurice. No meio desse caminho foram todos, ou praticamente todos, comprados pelos grandes grupos internacionais.
Cobrar quase 30 euros por wi-fi e criar categorias de classe de cafe da manha é definitivamente o avesso do chic, da cordialidade e sobretudo da educação.
Recentemente em Cannes fiquei hospedado no Majestic Barriere e as cobranças extras eram tão abusivas e de tão má educação que definitivamente jogaram, para mim, a reputação do hotel no lixo.
Fui tomar um drink na pergula de piscina e ao pedir a conta la estava: 30 euros pelo uso da piscina! Sequer havia caido na agua, mas a coisa era pior: 35 euros para pisar na areia da praia do hotel ou 40 para ficar no deck sobre as aguas.
Não espanta que o grosso dos hospedes de hoje de todos os hoteis de luxo do planeta sejam traficantes de armas, de drogas e das mafias internacionais, porque a etica que vem regendo esses palacios é torta e nivela por baixo a educação e o bom viver. E definitamente os iguais de alguma maneira se reconhecem. Danuza Leão em sua desastrada coluna sobre o luxo falava que viajar perdeu a graça quando se pode encontrar o porteiro de seu predio em Nova York.
Eu penso sorrindo no genio de Caetano: luxo para todos.
Não o problema definitivamente nao esta em quem trabalha e alcança.
Regina Vasconcelos
É uma piada ter que pagar internet nesse hotel!
Lenna Ranghetti
Cobrar wi-fi ??? Nos hotéis 4 e 3 estrelas isto não acontece!Se estamos num país que não é o nosso, precisamos nos comunicar! Já o restaurante Dali é uma delícia para um chá.