Benjamin Biolay é talvez o nome mais promissor da música francesa atual. Com 10 anos de carreira recém completos, o artista é uma destas personalidades multi-facetadas que está sempre presente em grandes lançamentos de boa música francesa. Além dos seus próprios discos, Biolay já produziu álbuns de artistas como Coralie Clément (sua irmã), Carla Bruni, Isabelle Boulay e Keren Ann. Além disso, ele já compôs para alguns gigantes da chanson française, como Henri Salvador, Juliette Greco, Françoise Hardy e Sylvie Vartan,
Seu primeiro disco, o Rose Kennedy é, na minha opinião, uma obra prima cheia de canções doces que rendem homenagem a Marylin Monroe, usando samples da sua voz que são integrados de uma maneira muito sutil dentro das canções de Biolay. Neste disco, estão presentes algumas das minhas faixas favoritas como Les Cerfs Volants, Un été sur la cote e Les Roses et les promesses.
Por causa dos dez anos desde o seu primeiro disco, a EMI lançou uma coletância Best of de Benjamin Biolay na última segunda e o lançamento foi comemorado com a presença do compositor na Fnac Ternes, em Paris. Como eu estou na Cidade-Luz, claro, não perderia por nada esta oportunidade de ver de perto um dos meus favoritos da nouvelle scène française.
Eventos desse tipo são comuns nas lojas da Fnac em toda a França e, por serem gratuitos, tive que chegar duas horas antes. Aos poucos, foi chegando mais gente e a mulher que se sentou do meu lado logo me perguntou: Tu penses qu’il va jouer? e eu respondi que não, pela distância do piano e pela ausência de técnicos de som, ele provavelmente não tocaria nada. Achei engraçado ela me tratar por tu, uma vez que ela não me conhecia e eu certamente não tinha dado a liberdade, mas tenho a impressão de que o elo que une os fãs dispensa mesmo a formalidade do vous.
A entrevista não foi muito longa e eu não entendi completamente tudo o que foi dito, mas, mesmo com o meu francês precário, pude notar que Benjamin Biolay estava sendo simpático e bem humorado. O entrevistador já abriu com uma pergunta levemente polêmica, ressaltando o fato de que o lançamento de um Best of não foi exatamente uma escolha de Biolay. Ele respondeu politicamente, dizendo que não, que era mesmo idéia da EMI e que, por questões contratuais, eles poderiam lançar o disco mesmo sem o seu consentimento e, por isso, ele fez questão de se envolver no trabalho e está contente com o resultado.
Depois disso, ele mencionou uma informação muito interessante que eu não tinha a menor idéia. Biolay foi convidado este ano a fazer parte de um projeto que visa resgatar músicas inéditas gravadas a capella por Henri Salvador antes de sua morte, e arranjá-las para lançar um disco no ano que vem. Quis saber o nome do projeto, mas, quando a entrevista foi aberta para perguntas, os espectadores estavam tão cheios de questões para Biolay que não tive chance. Vou descobrir e, com certeza, este disco será assunto para alguns posts aqui no Conexão Paris.
P.S.: Depois das perguntas, Biolay, simpático e atencioso, fez dedicatórias para toda uma fila de fãs que se apertaram para chegar perto do cantor. Quando chegou a minha vez, eu disse para ele que era brasileira e que tinha um blog de música francesa. Ele foi super simpático, quis saber o endereço do blog e de onde eu vinha no Brasil e escreveu Bejos na dedicatória.
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26 Comentários
Penélope
Beth, hahahahahaha, pra mim é o Galeão, porque sou de Belo Horizonte e os vôos da TAM fazem os mineiros esperarem 5 horas por lá. É o cúmulo do tédio.
Tida, que legal, não sabia que tinha um lugar com esse nome em SP.
Beth
Penélope
Salão dos Passos Perdidos mesmo é o CDG!
Experimenta fazer uma conexão lá…
Risos e abs.
Madá
LuciC, também adoro esse filme. Já vi inúmeras vezes e até mencionei esse filme em post antigo da Lina sobre o Le Grand Colbert que a Beth lembrou aqui.
Eu tenho inúmeros CDs só de trilhas sonoras, são play lists que se encaixam bem de acordo com a trilha da paisagem do carro.
Beth
LuciaC
Que delícia de texto.
Demos uma paradinha no Le Grand Colbert e o cartaz do filme ainda está na porta da entrada…
aparecida aragão marques tenorio
Diz meu marido (Advogado), que o salão de entrada do Tribunal de Justiça daqui de São Paulo, também se chama Salão dos Passos Perdidos porque quem lá adentra não sabe que caminho tomar e fica de lá prá cá, perdido, razão pois do nome. Muito legal Penélope. Bjs. TIDA
Penélope
Lúcia,
Adoro Something’s gotta give.
E, se não me engano, além de escrever a maior parte das músicas de Salle de pas perdus, Biolay também ajudou a produzir. É impressionante e parece mentira, mas gosto de TODAS as músicas deste CD.
Aliás, não sei se você sabe o significado desta expressão linda que dá o nome ao disco da Coralie. Salle de pas perdus significa, literalmente, “sala dos passos perdidos” e os franceses chamam assim as salas de espera de lugares públicos (como estações de trem) porque normalmente as pessoas esperam em pé ansiosas andando de um lado para o outro. Daí os passos perdidos.
Penélope
Arnaldo, pode saber que essa é só a primeira de muitas dicas sobre boa música francesa atual!
LuciaC
Cruzcredo!
Biolay!
Benjamin Biolay!
Isto que dá, ir escrevendo… escrevendo e não ler depois!
Desculpem!
LuciaC
Penelope,
é muito bom ler suas conversas de musica e com isto aprender e me atualizar. Conheço muito pouco da música francesa de agora.
Embora fan incondicional parei de me interessar por um tempo, num tempo que não sei precisar.
O fato é que não vivo sem musica, adoro música, boa musica e a musica francesa me embala desde o berço. Sempre fez parte da eclética cumulativa trilha sonora da minha vida.
Lembro bem quando ouvi Coralie Clement pela primeira vez.
Foi no divertidíssimo filme “Something’s Gotta Give”.
Jack Nicholson e Diane Keaton.
Daqueles filmes que a gente sai do cinema contente e cantando! Achando a vida linda.
É a história de um enamoramento maduro (?), um homem que evolui de um estado de adolescência senil e deixa-se apaixonar pela mãe de sua namorada do momento, que naturalmente, tem menos da metade de sua idade.
A atuação do casal é brilhante e acontece em cenários magníficos. Dos Hamptons via NY seguindo para Paris.
No restaurante Le Grand Colbert J. Nicholson adentra ao som de Ari Barroso fechando a cortina do passado …”bota o rei congo no congado…” A escolha do acompanhamento musical para o enredo é de muita sensibilidade. Dá mesmo vida as emoções e as transporta para um sentimento pessoal.
Durante o filme uma batida de bossa nova tomou logo minha atenção. Reconheci a doce Astrud Gilberto em “Samba de Verão”, em versão “So Nice” que nas palavras em inglês explica didaticamente “como é bom gostar de alguém”
A adorável trilha sonora, foi conferida com cuidado, nos créditos finais ao som de Jack Nicholson interpretando “La Vie en Rose” e rimando “courrr” com “bonhuór”
O CD das músicas do filme passou a fazer parte de meu acervo musical para as constantes subidas e descidas de serra. Se dirijo só aproveito para cantar em coro e acabei decorando “Samba de Mon Coeur Qui Bat” que incorporei as minhas preferências.
Mas quem é Coralie Clement?
Logo depois em viagem comprei o “Salle des Pas Perdus” e adorei!, com isto acrescentei:
“Le Jazz et Le Gin” …et le boeuf sur le toit…impossível lembrar toda letra!,” Ça Vallait la Peine” impossível acompanha-la na rapidez das palavras que cantam com ela!
“Bientôt” , bom tentar acompanhar…
Descobri que neste disco a maioria das composições era de um irmão de Coralie.
E ficou nisto. Acho que foi por aí que parei.
Obrigada por me apresentar a seu irmão mais velho: Benjamin Beloy!
conexaoparis
LuciaC
Bravô!
Arnaldo Camargo
Obrigado por apresentar (para mim!) este músico de tanta qualidade. Percebi como não se conhece quase nada da música francesa moderna no Brasil – ao menos em Curitiba – quando entrei na FNAC do Forum Les Halles. Da próxima vez vou procurar os CD’s do Ben.
Abr.