por Rodrigo Lavalle
Inaugurou-se na última quarta-feira, dia 10 de abril, o grande evento em homenagem ao Brasil promovido pela loja de departamentos Le Bon Marché. Intitulado ‘le Brésil rive gauche’, esse evento ocupa uma grande área do térreo e vários outros pontos nos demais andares e nas vitrines da loja. Até as sacolas do grande magasin fazem referência ao tema que se desdobra em pop-up stores de marcas e produtos brasileiros, mostras de arte e gastronomia.
Dentre os setores representados no evento, a moda foi a que menos se deu bem. A maioria das roupas aposta no exagero de cores e estampas e no tropicalismo de frutas, flores e pássaros e em Copacabana, claro! Pelo menos o ‘piriguetismo’ ficou de fora. Ufa! Reinaldo e Pedro Lourenço conseguiram escapar desse clichê e apresentam a sua moda de sempre: chique e levemente conceitual.
Outra presença marcante é a da designer Cláudia Savelli e suas bijus feitas com vários tipos de corda.
O setor beleza está bem sortido com os produtos da Granado e da Phebo. Tudo bem apresentado, lindo e com cheiros ‘exóticos’ que estavam deslumbrando os franceses quando eu estava por lá.
O que eu mais gostei e achei significativo foi o setor de design e produtos para a casa. Adoro os utensílios de ferro esmaltado bem típicos/tradicionais/vernaculares e a super pop jarra em formato de abacaxi. Além disso, em uma abordagem mais contemporânea, temos as incríveis cadeiras feitas a partir de pranchas de skate do Studio Zanini.
E as fruteiras montadas com vários tipos de utensílios de plástico colorido do Studio Jahara. Essas últimas são o exemplo perfeito da apropriação de objetos populares do dia-a-dia transformado-os em algo mais sofisticado e interessante.
Voltando à moda, eu não sei qual o critério usado para se fazer a curadoria das marcas participantes. Eu senti falta de alguns estilistas com trabalhos mais autorais e que, de uma certa maneira, têm ‘cara’ de Brasil. Estilistas como Ronaldo Fraga e Lino Villaventura são importantes no universo da moda brasileira. Ronaldo Fraga, apesar de fortemente influenciado pela Comme des Garçons, sempre apresenta nas suas coleções temas vinculados à história e ao povo brasileiro. Lino Villaventura usa tecidos e técnicas bem nordestinos em suas roupas. Até mesmo a marca Neon, mais alternativa e conceitual, aposta no ‘tropicalismo’ porém de uma forma fresca e pessoal.
Mas independente disso ou daquilo é sempre bom ver o nome e a cultura do Brasil sendo divulgados pelo mundo. Especialmente por um local tão sofisticado e tipicamente francês como o Le Bon Marché.
le Brésil rive gauche – de 10 de abril à 22 de junho
Le Bon Marché
24 rue de Sèvres – 75007 Paris
metrô linhas 10 e 12 – estação Sèvres-Babylone
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26 Comentários
Luzinha
(As marcas participantes sao associadas da abest).
Elizabeth
Lina, muito obrigada assim mesmo! Desculpe-me por ter colocado essa solicitação aqui nesse espaço mas eu realmente não sabia aonde colocá-la. Vou torcer para que alguma leitora possa ajudar-me. Obrigada.
Rodrigo Lavalle
Oi, Sophia, tudo bem?
As marcas escolhidas não me incomodam nem um pouco. Só senti falta do Ronaldo, do Lino e da Neon, já que o tema é Brasil.
Os itens expostos/à venda (com relação às roupas) foram feitos exclusivamente para o evento. O que me incomodou foi que todos trabalharam com os mesmos clichês relacionados ao Brasil.
Sophia
Rodrigo, conta mais: o que te incomodou mais na curadoria foram as marcas de moda escolhidas ou os itens escolhidos pelas marcas que estão expondo? Ou os dois?
Adriana
Rodrigo, como vai? Adorei voce ter tocado no tema, a moda foi a que menos se deu bem. Li algum tempo atras uma critica a moda brasileira que a mesma e sensual demais chegando muitas vezes a ser vulgar. E que a mesma poderia se tornar mais chique. Essa critica foi feita por uma editora de moda. Nao lembro o nome da Pessoa. Fico feliz em saber que o estilo periguete nao entrou nesse evento. O ano passado tivemos algo parecido na Macy’s e na minha opiniao quem salvou o evento em homenagem ao Brasil foi o estilista Francisco Costa com seus vestidos minimalistas. Porem, como sempre tinha exageros em certos produtos nas cores e tropicalismos.
Nilza Freire
Ps: Tem uma galeria de arte no Leblon que vende a cadeira feita de pranchas de skate, eu a vi ontem.
Nilza Freire
Rodrigo, parabéns pelo post! Fico muito feliz que o Bon Marché esteja abrindo esse espaço demonstrando a amizade e admiração entre nossos dois países. Não devo presenciar o evento, mas meus amigos irão me “abastecer” com notícias. Adorei o que vi aqui, sei que o restaurante Bazzar está participando (vou muito lá). O perfume Riô eu já descobri e já presenteei bastante meus amigos daqui e de fora com alguma das cinco fragrâncias que evocam os encantos brasileiros. Esse flerte entre os dois países é antigo e fértil, as culturas se complementam. Adorei ver que a iniciativa está tendo êxito!
Lina
Nilza Freire
Gosto muito do perfume Riô!
Elizabeth
Lina, parabéns pelo excelente blog. Obrigada por partilhar conosco o seu conhecimento e a sua vivência de Paris. Por favor, vc pode me ajudar? Li em algum lugar sobre uma loja famosa de calcinhas de algodão que fica na Av. Champs Élysées mas não consigo lembra-me do número nem do nome da loja. Você conhece essa loja? Muito obrigada.
Lina
Elizabeth
Conheço as lojas da avenida Champs Elysées, mas não sei nada sobre loja famosa de calcinhas de algodão. Talvez alguma leitora possa ajudar.
Rodrigo Lavalle
Tô aqui de novo no Bon Marché e o pessoal tá fervendo nos produtos.
Bianca Rezende
As imagens do Cristo Redentor são do design de jóias em resina Sobral. Vale a pena conhecer sua peças! Já tive o prazer de me deparar com uma de suas lojas em Heidelberg no interior da Alemanha! Bjs… Bia Rezende