No início do século XX, Moisés de Camondo contrói uma mansão para abritar sua coleção de arte do século XVIII. Em 1917, seu filho Nissim morre lutando pela França na primeira guerra mundial. Após a morte do seu filho, Moisés lega casa, móveis e obras de arte ao estado francês.
Durante a segunda guerra mundial, a filha de Moisés, Beatrice, seu marido e seus filhos desaparecem nos campos de concentração. A família Camondo não existe mais.
A visita do Museu Nissim de Camondo não pode ser feita sem que os visitantes saibam o destino trágico desta família que, no mesmo século, perde um dos seu membros lutando pela defesa da França e em seguida é enviada à Auschwitz.
O que mais me interessa nestes museus que nos mostram como viviam as elites no passado – veja também o Museu Jacquemard André – não são os móveis nem as obras de arte e sim a organização do cotidiano. Onde estava localizada a cozinha, como se cozinhava nesta época, como eram os banheiros. Infelizmente, os museus revelam ao público somente as salas de recepção, as bibliotecas, os escritórios.
No Nissim podemos visitar os banheiros e lá descobri que o hábito de separar o wc do resto já existia. Para nós esta separação é absurda, para os franceses absurdo é o nosso banheiro integrado. Eles acham mais higiênico o apartheid dos odores.
A cozinha fica escondida nos fundos da casa com enorme fogão central e panelas de cobre. Ao lado, a sala de jantar dos empregados com 20 assentos. Hoje, como ninguém mais possui um exército de empregados domésticos, a cozinha sofreu um upgrade e passou a ter localização central. Nos apartamentos haussmannianos de Paris, a cozinha também está escondida e longe das salas, situada no final de longo corredor sinistro. O que acontece, é que os jovens derrubam as paredes e aderem ao estilo cozinha americana.
A visita do Museu Nissim de Camondo é aconselhada para aqueles que já conhecem os principais museus de Paris. Ao sair do Nissim, vá conhecer o Parque Monceau. Vale a pena. Um dos parques mais bonitos de Paris.
Tanto o museu quanto o parque estão perto da praca Madeleine, o centro da gastronomia parisiense.
Musée Nissim de Camondo – 63 rue de Monceau 75008 – Paris – metro Fechado segunda e terça. Aberto das 10.30 às 17.00h.
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45 Comentários
Jacqueline
Quando nossa casa foi construída, meu pai fez isso. Mandou construir wc e banho separados. O banheiro era enorme, com um cubículo num dos cantos e achamos, minha irmã e eu, tudo aquilo muito muito estranho. Agora, no apê alugado em Paris, vou enfrentar essa disposição de novo. Mais estranho ainda, era outro apartamento em Paris no qual o wc ficava dentro do quarto com cama de casal e o banho com porta para o corredor. Para usar o wc os ocupantes dos outros quartos teriam que invadir o quarto que poderia estar abrigando um casal. Coisa mais mal planejada, não?
conexaoparis
Jacqueline
Isto foi gambiarra do proprietário. Não é nada comum aqui colocar wc no quarto.
Samuel
Fernanda,
Quanto à separação do wc/lavabo, sou a favor … mas, vejam que estranho, já fiquei hospedado em um hotel onde havia essa separação; todavia, no espaço reservado ao wc não havia lavatório para as mãos … e aí, como fica?
Eu não conseguiria sair do wc sem lavar as mãos … então, tinha de usar a “salle de bain” de qualquer forma. Rs
Enfim, para que essa separação seja funcional, tem de haver lavatório no espaço reservado ao wc.
conexaoparis
Samuel
Temos que sugerir isso aos franceses.
Samuel
Ah, e sem contar que fiz questão de estar na cripta de Émile Zola, também no Panthéon. Mas, esse tema daria material para muitas outras postagens.
E, vejam que interessante, tenho amigos da família Zola aqui no Brasil (eles desconhecem se existe algum vínculo com esse grande ser, Émile Zola); porém, mais interessante ainda é que a maior empresa em minha cidade é um grupo francês – Dreyfuss – e um dos membros da família Zola em Bebedouro trabalha nessa empresa. Zola e Dreyfuss.
Coincidências interessantes que a gente descobre.
Samuel
Lina,
Esse post foi muito emocionante. Um filho morre pela França; os familiares desaparecem na perseguição dos nazistas aos judeus.
Vendo a internet, encontrei uma página com a fotografia de Beatrice e seu irmão, Tenente Nissim de Camondo.
Esse lugar, agora, além de ser de interesse “artístico” ou de uma época, passa a ter, para mim, um interesse humano.
Vou anotá-lo aqui, pois pretendo conhecê-lo na próxima viagem.
Esse tema: a perseguição dos judeus e a tolerância e acolhimento dos franceses é muito especial para mim; no interior Pantheon, nas criptas, havia uma menção a todos esses heróis, tolerantes, que acolheram e ajudaram os judeus nessa época tão triste.
Na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Nissim_de_Camondo.
Abs.
CARMEN A.
Faltou falar da beleza do museu e da vontade de visitá-lo, conhecendo
a história triste e emocionante dessa família tão sofrida.
Lina, obrigada. Através de você conhecemos e amamos Paris cada
vez mais.
Rogerio
http://www.youtube.com/watch?v=nwCWhyKI0pA&feature=related
CARMEN A.
Lina
Gostei do “apartheid” de odores. E esta janela grande, se aberta,
é providencial. Depois, é só lavar devidamente as mãos na pia
do outro ambiente.
Beth
Lina
Mas que preparo físico!
Risos e bjs.
Maurício Christovão
História interessante desa família e muito triste, também.
A casa é linda e a cozinha, com aquele fogãozão é espetacular!!!
Fernanda Z
Este museu é maravilhoso: o mobiliário, as porcelanas, os vasos, tudo de extremo bom gosto.
Não deixem de ver o filme sobre a história da família Camondo,é exibido na ultima sala visitada. Mas confesso que como sou judia, a história da família me comoveu demais.
E atravessar o parque Monceau ( que pode ser avistado de dentro do museu) é um charme a parte.
Quanto a separação wc/ lavabo, confesso que sou totalmente a favor.