Na semana passada, publicamos um relato sobre a visita guiada ao Museu do Louvre em companhia da guia Zildinha. Entre as grandes obras-primas do museu, Zildinha apresenta também os aposentos de Napoleão III e nos conta a deliciosa história de Louis Vuitton, o empacotador de malas do império. Conforme prometido, aí está a história.
No século 19, não havia malas. Para viajar, os nobres deviam contratar um embalador, que fazia pacotes sob-medida para proteger roupas e objetos de valor durante a geralmente longa jornada. Os vestidos com creolina, que chegavam a medir até 5 m de diâmetro, eram acomodados em grandes caixas brancas, pesadas e com a tampa curva, que depois eram jogadas fora.
Em meados do século, Louis Vuitton, aprendiz do ofício de empacotar, é descoberto pela esposa de Napoleão III, Eugênia, que logo se encanta pelo trabalho do jovem e passa a exigir que suas bagagens sejam embaladas apenas pelo cuidadoso e detalhista Vuitton. Após cair nas graças da imperatriz, Vuitton começa a empacotar os vestidos de todas as elegantes de Paris.
Convencido do seu sucesso, em 1854, Vuitton abre a sua própria loja no número 4 da rue de la Neuve des Capucines, perto da praça Vendôme, oferecendo as tradicionais malas de viagem com a tampa curvada para fora – mas bem mais leves do que as que circulavam no mercado.
Sucesso imediato, Vuitton segue aprimorando ainda mais suas malas, visando uma clientela que começava a viajar com frequência pelas novas estradas de ferro e navios a vapor. Em 1858, Vuitton lança a sua primeira série de mala de viagem, gris-tranon. Com a tampa reta, uma grande novidade, as malas eram fáceis de serem empilhadas e guardadas.
Louis Vuitton está na origem da alta costura, junto com o costureiro Worth, que abre sua primeira boutique em 1857 ao lado da LV e vai encomendar as embalagens ao já consagrado artesão de malas.
Para responder ao sucesso, Louis Vuitton muda seu ateliê, em 1859, para Asnière, a cinco quilômetros do centro de Paris. Em seguida, abre uma segunda boutique na rue Scribe, perto do grande hotel onde fica o café de La Paix e toda a sua elegante clientela.
Atual site da marca Louis Vuitton mostra fotos do antigo ateliê em Asnières.
Em 1872, já com muito sucesso e sendo copiado no mundo inteiro, ela lança a mala listrada, à rayures, com listas vermelhas e fundo bege. Quatro anos depois, lança a bege-marron que se torna a assinatura gráfica da casa. Em 1889, no momento da Exposição Universal, lança o modelo jogo de Damas, Damier, com revestimento de pele de toupeira e deposita sua marca com uma fechadura à Gorge (uma única chave para todas as bagagens).
Em 1892, antes de falecer, Vuitton prepara um catálogo com todas as suas fabricações para seus descendentes.
Esta é uma das histórias contadas por Zildinha durante a visita guiada ao Museu do Louvre. Clique aqui e aqui e conheça os outros passeios guiados pela Zildinha.
No antigo ateliê na cidade de Asnière funciona atualmente a Galeria Louis Vuitton, espécie de mini museu da marca. Ela estará aberta para visitação todos os finais de semana de 17 de março a 15 de abril 2018. A visita é gratuita, mas é necessário agendar, clique aqui.
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18 Comentários
Maria Beatriz Sysak
Adorei essa reportsgem sobre Louis Vuitton! Viajei no tempo e imaginei como erra la place de Vendôme e toda Paris!
Vera Lúcia Costa Cruz Moreira
Então Luís Vuitton caiu nas graças da mulher
de Napoleão III e vendeu suas malas para ela?
Napoleão III foi um grande monarca para a França.Foi ele, junto com o prefeito de Paris ,
“Hausman”
que reurbanizaram a cidade de Paris.
Cris Fries
Parabéns pela reportagem . Eu adoro moda, lincada com a história então, fica ainda mais linda. Leio todos os postos do “Conexão Paris” são muito úteis, no geral, maravilhosos….. Ainda volto a Paris.
Rodrigo Lavalle
Cris, obrigado pela audiência e pelos elogios.
Abraços.
Aurea Andrade
Parabéns pela matéria sou fã de vcs
Rodrigo Lavalle
Aurea, obrigado. Agradecemos a audiência.
Abraços.
Marilda Santos Soares
Muito boa a reportagem. Parabéns a esse site maravilhoso!!! ” O saber não ocupa espaço”