por Rodrigo Lavalle
Um extenso artigo – Bleak Chic – publicado pela revista inglesa The Economist em 21/12/2013 trata da tristeza (ou melancolia ou pessimismo) do povo francês. A partir de dados estatísticos, de pesquisas, da literatura e da filosofia francesas, a matéria busca entender as raízes, o processo evolutivo e as consequências atuais de tal comportamento.
Nesse primeiro post/tradução o artigo mostra as estatísticas e pesquisas atuais. Dados que comparam os franceses aos demais povos da Europa e do mundo no que se refere à felicidade e ao otimismo.
O texto começa de forma divertida, dizendo que a pergunta mais desconcertante do século 21 é a seguinte:
Foto: Slate.fr
“Como pode o francês, que inventou a ‘joie de vivre’, centenas de tipos de queijos e o ‘New Look’ de Dior, se sentir tão mal, sofrido e deprimido?
Para nós, estrangeiros que amam o país, a França encarna o triunfo do prazer sobre a escravidão do trabalho burocrático, da ‘slow food’ sobre a ‘fast food’, da vida do ‘flâneur’ sobre a vida do frenético. Pesquisas (a revista não cita quais) revelam que os franceses são mais deprimidos do que os ugandenses ou os uzbeques (aqueles nascidos no Uzbequistão) e mais pessimistas sobre o futuro do país do que os albaneses ou iraquianos. Um termômetro global de esperança e felicidade coloca o francês na 2ª pior colocação entre 54 países. Eles estão atrás de povos atingidos pela recessão e pela austeridade como os italianos, gregos e espanhóis e à frente apenas dos portugueses.
O Instituto Gallup desenvolveu um índice chamado “Índice de Experiência Positiva” que mede o bem-estar vivido pelo entrevistado no dia anterior à pesquisa. Perguntas procuram saber se a pessoa sorriu, riu ou fez algo agradável no dia anterior. Dentro desse índice, a França está melhor posicionada do que a média mundial. Mas, tirando os países devastados pela guerra e comparando os franceses com outros países ricos, eles ainda são mais infelizes do que os seus semelhantes. O francês relata menos “experiências felizes” do que os americanos, ingleses, alemães, suiços, suecos, canadenses, noruegueses, holandeses, austríacos e belgas.
Claudia Senik, uma economista francesa da École d’Économie de Paris, chama isso de “enigma da infelicidade francesa”. Em um estudo de 2013, ela descobriu que os franceses eram mais infelizes do que o seu nível de riqueza e desemprego poderia sugerir e também mais descontentes que outros povos de língua francesa comos os belgas e canadenses (então a língua não é a causa). Além disso eles eram mais deprimidos quando imigravam comparados com os imigrantes não franceses no mesmo lugar (então eles levam a tristeza consigo). “A infelicidade vai além de se viver na França”, Senik concluiu. “É algo sobre ser francês”.
A França, ao que parece, tem a 3ª taxa mais alta de suicídio na Europa Ocidental depois da Bélgica e Suíça. Um estudo psiquiátrico americano (a revista não cita qual) mostrou que, entre os dez países mais ricos, os franceses eram os mais propensos a ter um “episódio depressivo grave” em algum momento de sua vida. Isso começa cedo, já na escola, onde 75% dos alunos franceses temem receber notas ruins em testes de matemática, diz um estudo da OCDE; porcentagem quase igual a dos estressados sul-coreanos (78%). Após a implementação de uma pequena experiência piloto em algumas escolas secundárias francesas, onde o sistema cartesiano de pontos tinha sido abolido em favor de um sistema mais encorajador, uma pesquisa encomendado pelo governo notou com alguma surpresa que os alunos mais fracos estavam menos ausentes da escola, mais confiantes na sala de aula e “menos estressados, quando confrontados com o fracasso”.
No fim das contas, será que ser mais deprimido que outros povos é ruim? Com certeza, a alta taxa de suicídio da França é um sério motivo de preocupação. A insatisfação também faz dos franceses um povo particularmente rebelde para se governar, prontos como estão a contestar e protestar ao menor pretexto. A confiança também é difícil em um país dado ao pessimismo, tornando mais difícil ainda para os políticos persuadir os franceses a tentar novas maneiras de se fazer as coisas.”
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48 Comentários
Nadia Millon
Pesquisa sem fonte não é pesquisa!! Então é especulação, sem nenhum embasamento! Sem crédito.
Maurício Christovão
Também existe a DPP(Depressão Pós-Paris), que acomete substancial parcela dos visitantes quando vão embora. Quando estivemos aí, no final do verão (set/13), vi jovens casais com crianças, no maior astral, e as pessoas em geral aparentemente numa boa. Não senti nenhuma “vibe” negativa por aí. Vamos combinar que “joie de vivre” é uma bela expressão em francês, né não???
Sophia
Jane Curiosa, mantendo a linha da fofoca pura, pensei parecido quando vi a capa da revista na lojinha da estação de trem: era de se esperar, já que parece ser o modus operandi de relacionamento do M. Hollande.
Alice
Estive em Paris de 02 a 09 de janeiro/2014, minha primeira vez na cidade, primeira viagem internacional. Apesar da vontade antiga de conhecer a cidade, pesquisas e mais pesquisas, Paris é muito mais do que eu poderia imaginar. Nossa, ficou fácil de entender depois (quando cheguei em Londres) a deboche de alguns ingleses quando souberam que vínhamos de Paris, nada de dívidas históricas, pra mim pura inveja!!! Que lugar fantástico, acho difícil um lugar superar o que vi e vivenciei por lá. Não conheci muita coisa, considerando que a cada esquina você se impressiona. E, olha, não achei a torre lá essas coisas, bonita de longe, também tive alguns problemas no metro/trem, etc, mas Paris definitivamente me fez feliz. Ah, sobre a depressão dos franceses, realmente algo intrigante, não vivenciei mto isso, afinal muitos turistas em volta, mas nos bairros residenciais vi crianças e jovens sorrindo, simpáticos, franceses parando pra ouvir ópera na rua…desculpem desviar o assunto da matéria, mas não fui contagiada com o dito pessimismo francês dito na matéria.
Alice
Agora que tornei-me mãe, vejo uma matéria como esta e já enxergo, com toda a certeza, uma causa: a criação familiar, o relacionamento com os pais, desde a primeiríssima infância: filhos deixados em creche desde muito pequenos, pais que prezam pela “qualidade de vida” do filho, e trabalham arduamente, excessivamente, achando que ter dinheiro é ter qualidade de vida. Pais que acham que bebês “têm que aprender a ser independentes”, não podem chorar, reclamar um pouquinho, têm que ser comportadinhos, pra todo mundo olhar e admirar a “fera domada”.
Quem não tem filhos pode não realizar isso o que eu percebo, e é absolutamente compreensível. Não acho também que o normal é criança chorona, que se joga no chão, esperneia, grita; mas é absolutamente correto ver A (ou UMA) origem desse pessimismo, desse mau-humor, dessa alta taxa de suicídio, nas relações interpessoais primitivas, as familiares, principalmente a mãe-filho.
Abraços!
Madá
Jane Curiosa, Dodô e Maurício gostei! Nada como um comentário bem humorado para a gente não se contagiar com essa depressão
Ceicalion
Acheimuito interessante.
LuciaCarneiro
Penso como você, Marcia.
Não só na França e Bélgica mas também na Inglaterra, pelo que sei e vivenciei.
Lá, esta melancolia, desânimo, tristezas quase sempre sem causa explícita, se manifestam mais frequente na chegada do Outono. Os ingleses chamam de SAD. Nome, que embora bem a calhar no idioma, significa Seasonal Affective Disorder. Nos países de língua francesa é TAS (Trouble Affectif Saisonnier). Nos dois disfunção neuro-química. Por sorte e discernimento em Londres tive um ótimo GP. Mente aberta, precursor da Medicina Ortomolecular que logo, através de exames de sangue detectou em mim queda de Vitamina D. Falta de sol. Pesquisou também iodo, coisas que a gente nem se preocupa em país tropical, principalmente em cidades à beira mar. Por lá hormônios e humores funcionam diferente. Em dias cinza, chuva constante, noite começado antes da batida das 5:00pm, chegada de Inverno, a postura deprimida se impõe facilitando a presença dos fantasmas da mente e incertezas na alma.
O cultivo do dramático pode ser cultural e quem sabe por osmose, quem sabe? Pode até já vir nos genes. Mas não é privilégio só dos franceses. Interessante pois para muitos ingleses expressar alegria é sinônimo de baderna. Pantomina e lá se vai a fleugma.
À falta de sorriso nos lábios, minha avó que tinha cura para tudo, resolveria o caso perguntando: está pensando que é polido ficar mostrando os dentes sem mais sem menos? Sorrir sem razão é mostrar-se desfrutável! Falta de etiqueta, maus modos. Vulgar.
E logo afirmava: “muito riso é sinal de pouco siso”!! Gostaria de poder dizer a ela que o sorriso muitas vezes é redentor.
Maurício Christovão
A França é a 3ª colocada no ranking europeu de suicídio, mas lembro que a Bélgica e a Suíça, 1ª e 2ª colocadas também falam francês em algumas de suas regiões… Ou seja:falar francês induz à depressão???
Marjorie
E vc Lina, arrisca algum palpite pra essa tal infelicidade dos franceses? Bjo
Rodrigo Lavalle
Marjorie, o palpite da Lina é: “Eles não são infelizes e sim exigentes em tudo. E esta exigência os transformam em resmungões.”
Abraços.