O livro A História do Brasil nas Ruas de Paris conta a saga de personagens históricos brasileiros na Cidade Luz e mostra a importância de Paris na vida e na obra de cada um deles.
Quando recebi um email do jornalista Mauricio Torres Assumpção contando sobre o seu livro – A História do Brasil nas Ruas de Paris –, gostei de cara. Achei o recorte original, uma ótima sacada.
No livro, acompanhamos a estadia tumultuada de D. Pedro I, o imperador deposto, alvo de zombarias dos franceses. Descobrimos que nosso imperador, ao conhecer Gioachino Rossini em Paris, o gênio da ópera, lhe ofereceu partituras com suas próprias composições. Rossini não só gostou do presente, como apresentou a composição (ouça abaixo) na Salle Favart, com o próprio D. Pedro regendo a orquestra.
Já D. Pedro II, anos depois, em sua busca constante pelo conhecimento, encontrou em Paris seus pares. Era recebido com pompa e disputado nos salões mais importantes da capital francesa. Nosso imperador tentou convencer seu amigo Pasteur a visitar o Brasil para estudar a febre amarela. Tornou-se membro da Academia das Ciências do Institut de France, na qual, longe dos problemas do império, podia se dedicar às discussões científicas. Viu a torre Eiffel ser construída, assim como a Opéra Garnier. Ao Jardin des Plantes, doou 17 mudas exóticas brasileiras. Deposto do trono no Brasil, D. Pedro voltou a Paris e lá viveu até seus últimos dias.
No livro de Maurício Torres Assumpção, também acompanhamos Santos Dumont sobrevoando Paris com seu dirigível – contornando a Torre Eiffel ou pousando diante do restaurante Maxim’s para tomar “un verre” antes de seguir viagem!
A partir da experiência com os balões dirigíveis, Le Petit Santôs criou seu “mais pesado que o ar”, como eram chamadas as máquinas que dariam origem aos aviões. O primeiro vôo do 14-bis aconteceu no Bois de Boulogne.
Ao acompanhar a estadia de Heitor Villa-Lobos na cidade, nos loucos anos 1920, descobrimos como nosso maestro e compositor precisou ir a Paris para encontrar sua alma brasileira e aplicá-la em sua obra. O mesmo aconteceu com os modernistas Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade.
Com o relato sobre Lucio Costa e Niemeyer, descobrimos o legado de nossa arquitetura modernista em Paris. O livro narra a história da Maison du Brésil, casa dos estudantes brasileiros na Cidade Universitária, projetada originalmente por Lucio Costa e entregue ao amigo Le Corbusier para o desenvolvimento do projeto. Posteriormente, diante das modificações feitas por Corbusier, Lucio Costa acabou abrindo mão da autoria do prédio.
O jornalista narra ainda a temporada do camarada Oscar Niemeyer em Paris, e a história da Sede do Partido Comunista Francês, projeto do arquiteto na cidade, hoje usada como locação para desfiles de moda e filmes publicitários.
O livro surpreende não apenas pelo recorte e pelas deliciosas histórias, mas também pela extensa pesquisa feita pelo autor. Ao final de cada capítulo, Mauricio Torres Assumpção lista os pontos frequentados pelos personagens em Paris, indicando endereço e como chegar. E ainda fornece arquivos de vídeos que podem ser vistos no YouTube, como os exibidos acima.
Ler A História do Brasil nas Ruas de Paris é passar a ver Paris com outros olhos. Ao visitar a Torre Eiffel ou a Champs-Elysées, será impossível não se lembrar dos vôos de Santos Dumont. Na Place de l’Opéra, imaginar D. Pedro II se hospedando no Grand Hotel. No Palais Royal, nosso imperador recebendo seus amigos no restaurante Le Grand Véfour. Na Bastilha, pensar que D. Pedro I estava presente no lançamento da pedra fundamental da Coluna de Julho, o monumento que fica no centro da praça. Nas salas de concerto de Paris, como a Salle Pleyel, imaginar Villa-Lobos sendo aclamado por público e crítica.
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44 Comentários
Maurício Torres Assumpção
Olá, Gabriel! Sim, Oscar Niemeyer projetou o dois edifícios – tanto a sede do Partido Comunista Francês, na place du Colonel Fabien, como a sede do jornal comunista L’Humanité, no subúrbio de Saint-Denis. O prédio do jornal, infelizmente, está fechado; mas a sede do partido você pode visitar todos os dias, em horário comercial – uma joia rara da arquitetura moderna, preservada nos seus mínimos detalhes. Até os móveis levam a assinatura Niemeyer!
Maurício Torres Assumpção
É verdade, Márcia Trumeau. Pena que este busto de D. Pedro II esteja na Sala dos Atos, fechada à visitação pública. De qualquer modo, lá no Museu Pasteur fica exposta a insígnia da Imperial Ordem da Rosa com a qual D. Pedro II condecorou Louis Pasteur. O museu está aberto de segunda à sexta-feira, com visita guiada às 14, 15 e 16h. Vale a pena!
Maurício Torres Assumpção
Olá, Alexandre,
Obrigado pela sua pergunta.
Você está se referindo ao famoso acidente no bairro de Passy, ocorrido com o dirigível número 5 de Santos Dumont no dia 8 de agosto de 1901.
Se você me permite, cito a explicação que está na página 289 do meu livro A História do Brasil nas Ruas de Paris:
“O prédio moderno que hoje ocupa os números 8 e 10 da atual avenue du Président-Kennedy não permite que se tenha uma visão clara do acidente. Para entendê-lo melhor, salte na estação de metrô de Passy, suba as escadas até a rue de l’Alboni e localize a Torre Eiffel à sua direita. O dirigível de Santos-Dumont passou em queda sobre a estação do metrô, caindo atrás dos edifícios que estão entre você e a torre. Depois, você pode descer as escadas que levam ao rio Sena, e lá ver o prédio número 8 da avenue du Président-Kennedy, construído no terreno onde estava o restaurante”.
Se você quiser saber mais sobre as aventuras de Santos Dumont na França, você vai encontrar mil estórias curiosas no livro A História do Brasil nas Ruas de Paris, vendido pela lojinha virtual do Conexão Paris.
Boa leitura!
Um grande abraço,
Maurício Torres Assumpção
Maria Teresa Negreiros
Sempre visito Paris, conhecendo os lugares frequentados por gente famosa da França e outros países europeus. Muito bom saber que podemos ver esses lugares sob outra ótica, inserindo neles personalidades brasileiras, que cultuaram Paris, cidade-luz.
eymard
Eu ja havia lido o livro. De fato excelente e serve de um bom roteiro para conhecer Paris e suas relaçøes com o Brasil. Bela ideia Mariana/Lina.
Carlos Duarte
Imagino que o livro também fale de Augusto Severo, meu tio bisavô, que junto com Santos Dumont foi um dos pioneiros da aviação e que morreu depois que seu balão se incendiou e caiu na rue du Maine.
Mariana Berutto
Carlos, sim, este episódio é relatado no livro.
Cristina Aziz
Amei a historia dos brasileiros em Paris.
Parabéns ao Conexão Paris por divulgá-las.
bjs
Arani. Nascimento
Amei a visão de Paris com Brasileiros ilustres. Obrigado
solange januario de miranda
Muito interesante, nossa historia!
Amei todos essa historia de nosso Brasil em Franca.
Adriana Pessoa
E foi um roteiro parecido com esse que fiz a com meu filho João em Junho. E super recomendo o restaurante do Hotel Bedford. Almoçamos por lá, e foi muito bom.