Melanie FREY/ReservoirPhoto pour “Choc Hebdo”
A hiper-sexualização das meninas inquieta o governo francês e o Senado acabou de tornar público um relatório sobre esse fenômeno de sociedade.
Meninas de 8 anos com sutiãs recheados, sapatos com salto agulha, mini-strings e maquiadas é fato corriqueiro na mídia, redes sociais e programas de televisão. Não se trata somente de uma sexualização da moda infantil mas também das expressões das crianças, das posturas e dos interesses considerados precoces demais para a idade.
Psicólogos e pedagogos alertam para os seguintes aspectos: a hiper-sexualização banaliza a pornografia e a violência; fragiliza as crianças na área do equilíbrio psiquico-afetivo e perturba a construção da indentidade. A introdução precoce da sexualidade provoca estragos psicológicos irreversíveis na maioria dos casos.
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O fenômeno se tornou um problema nacional a partir do escândalo da Vogue. Em 201o esta revista publicou fotos de uma menina de 10 anos maquiada, com roupas e posições sugestivas. Essa reportagem levou o governo a encomendar o relatório parlamentar apresentado esses dias. Ele é severo e aconselha proibir os concursos de mini-miss, aconselha a re- introdução do uniforme escolar e preconiza a proibição menores de 16 anos representantes de marcas da alta costura e do prêt à porter.
Este fenômeno adquiriu aspectos internacionais e a cidade de Quebec é exemplo em como tratar a questão. A Bélgica e o Reino Unido também. David Cameron pediu o ano passado um relatório sobre o assunto intitulado Let Children be children.
Richard Poulin, sociólogo canadense e especialista da sexualização das crianças, publicou livro onde descreve a relação entre indústria pornográfica, moda e esses novos hábitos. A influência da pornografia se exerce em dois polos: a “adultificação” das meninas que se vestem em mulheres fatais e a infantilização das mulheres que se depilam completamente para terem aparência de uma criança.
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A França ataca esse problema de maneira preventiva. Apesar da preocupação do govêrno e dos senadores, até aqui as crianças francesas continuam crianças e não sucumbiram aos apelos das imagens veiculadas via internet, redes sociais e televisão. Isso, graças ao controle parental. Tem horas que a rígida educação francesa merece uma salva de palmas.
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Richard Poulin – La mondialisation des industries du sexe – Ottawa, L’Interligne, 2004.
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54 Comentários
Maria Helena Ranghetti(Lenna)
Beth, dá muita tristeza ver estas fotos. Um exemplo da “manipulação e exploração” que Jane Curiosa cita no seu texto acima!!!!
Jane Curiosa
Beth
Não me foi dada tal oportunidade.E se por acaso houvesse sido dada,eu sofreria eternamente por ter vivido tal situação.Não me cai bem nem ver esse tipo de “trabalho”,que se pretende artístico.
Jane Curiosa
Acabei de fazer uma descoberta:ao reler o que escrevi,percebi que preferi utilizar a palavra USO em detrimento do têrmo PRESENÇA.
.”Se sou contra o USO de crianças…”
Sim,sou contra a presença de crianças na mídia que não seja especificamente para tão sómente evidenciar o seu próprio estado de ser criança. Fora isso,eu acho que é USO.E aí, tudo muda para mim.
Jane Curiosa
Recomeçando:
Houve tempo,no Brasil,que é a minha referência,em que os pais não consideravam a criança como alguém a ser cuidado diretamente por eles.
De amas de leite a colégios internos,tudo era feito de forma a afastar a criança do convívio com os adultos.
E já era um avanço.Gregos e romanos cometiam infantícídio,afogavam as crianças que nasciam “em excesso”,ou, por simplesmente desconfiarem não serem seus pais verdadeiros.
A exploração infantil é velha conhecida da humanidade.Seja usando-as como mão de obra entre os mais pobres,seja usando-as como aliança entre os ricos,a verdade é que desde sempre as crianças serviram como uma espécie de mercadoria entre os povos.
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Hoje,no mundo inteiro.crianças continuam tendo seus direitos tolhidos por interesses alheios a sua idade e capaciddade.Na maior parte das vêzes exploradas pelos próprios pais,que lhe deviam todo cuidado e proteção.E uma criança necessita, sim,ser protegida de si mesma.
Eu diria,que o assunto do post é até leve,se considerarmos apenas a perspectiva de que foi uma alegria para a menina participar de tal produção. Esse não é o problema principal.
O que quero aqui considerar não é a participação da criança,que nem deve ter entendido o que fazia,e nem o que suas poses sugeriam,mas até onde os responsáveis por ela são capazes de ir.
Uma criança é uma criança, é uma criança.Um explorador de crianças
tem muitas facetas.Tem muitas doenças.Tem muita ambição.
E não tem dó.
Se sou contra o uso de crianças em propagandas,editoriais de moda e no mundo artístico? Depende.Depende da conduta dos adultos que lidam com ela.
Na maior parte da vêzes,elas se divertem.Mas, isso até começarem a ganhar fama.Aí,passam a ser tão exigidas,que sofrem.E seu sofrimento não pode ser traduzido em palavras como o fazem os adultos.Elas não tem ainda equipamento afetivo e intelectual sequer para queixarem-se.E ainda que monetáriamente independentes,são dependentes afetivas dos adultos que as acompanham.
Todos conhecemos a história de Michael Jackson.
…
Mas todos são inexorávelmente iguais?Não.Mas em sua maioria,sim.
Crianças fácilmente se encantam e se impressionam com promessas de um mundo cor de rosa.Aliás,quanto mais cinzento o seu mundo,mais susceptível a manipulações e a exploração ela é.
E quem as explora entende isso,e sabe como fazer.
Por tudo isso,defendo que o poder público seja atento,promulgue leis que protejam a infância e que não dêem trégua a vagabundos ambiciosos e sem limites.
Maurício Christovão
Beth:
Essas fotos são da época do filme “Pretty Baby”.
Eu me referi ao “Lagoa Azul”, que é posterior e a atriz já estava mais crescidinha.
Li essa notícia do uso de uma dublê de corpo e revi o filme(Lagoa Azul) com mais atenção, e realmente as cenas de rosto da Brooke Shields são desassociadas daquelas em que aparece o corpo. Em nenhum momento aparecem na mesma cena o rosto e o corpo nu .
A montagem é bem feita, e se não fosse pela notícia, não teria notado o truque. Não sei o que mudou, e se mudou alguma coisa na cabeça da mãe da atriz, que ficou conhecida no meio artístico como guardiã da virtude da filha.
Beth
Maurício
E essas fotos são de um dublê da Brooke Shields?
http://iconicphotos.wordpress.com/2009/06/05/brooke-shields-by-gary-gross/
Maria Helena Ranghetti(Lenna)
Ah, meu Deus! Esta discussão tem tudo para ir longe! É muito séria e de grande responsabilidade!!! Destes pequenos virá a sociedade do futuro… Nós aqui, com esclarecimento e visão, enxergamos longe. Mas, quando uma menininha, com 3 ou 4 anos, chamada Suri e filha de pais famosos, atores de Hollywood, aparece de saltinhos altos, bolsa de grife, fazendo trejeitos de adulto, é caçada por todos os “paparazzi” do mundo e fotografada para todas as revistas de fofoca de todos os continentes, é porque estão insistindo para que os valores devam ir para o “beleléu”! Tudo em nome de um mundo superficial e consumista.Há que se conservar os que ainda restam e insistir neles. E, Lina fez uma lista bem clara e objetiva deles. Outra coisa: crianças TÊM que brincar!!!
Jane Curiosa
Ih! Não vai dar para completar agora.Foi mal.
Jane Curiosa
Creio entender o Cham.
Não se trata apenas de ser bem sucedido na educaçaõ formal.Ela,per si,não é suficiente.
Hove tempo,no Brasil,que é a minha referência,em que os pais não consideravam as crianças
Ludwig
Ser educado não é ser retrógrado, viu Cham??? Preservemos os valores!!!