Os parisienses recebem com frequência. Nada de jantares complicados com receitas que exigem horas de trabalho. Normalmente a refeição é preparada pelos donos da casa e conheço muitos homens que são responsáveis pela cozinha.
As fotos abaixo ilustram um estilo de vida e descrevem um jantar na casa de amigos um domingo do mês de junho. Todos chegaram respeitando os protocolares 15 minutos de atraso. Após aperitivo rápido, que dura no máximo uma hora, o jantar foi servido.
Belo apartamento perto da praça de Ternes.
Enquanto nossa amiga serve o aperitivo na sala, o dono da casa prepara postas de peixe na manteiga. Os pratos de porcelana são aquecidos no forno em baixa temperatura.
Durante todo o jantar foi servido champagne Ruinart Rosé ou vinho branco.
Após o prato principal, peixe e batatas cozidas, uma salade de alface e um plateau de queijos.
Como sobremesa, uma deliciosa torta de chocolate comprada no famoso traiteur de Ternes, a Maison Pou.
Cafezinho e pronto.
O aperitivo é uma fase relativamente rápida se comparada com os hábitos brasileiros. Ele é somente uma introdução onde somos apresentados aos outros convidados ou reencontramos velhos amigos. Os amuse gueules são leves como tomates cereja, azeitonas e castanhas. O momento nobre é o do jantar servido com calma. Entre os diversos serviços os franceses fazem uma pausa e esticam o tempo e o prazer da companhia, do vinho e da refeição. As receitas são simples para não complicar a vida dos donos da casa e o fundamental é a qualidade dos produtos.
Eu me adapto bem a este esquema de horários precisos, aperitivos curtos e refeições prolongadas. Na minha Minas Gerais o horário de chegada é largo, come-se e bebe-se durante três ou quatro horas antes das refeições e quando, enfim, alguém anuncia “o jantar está servido” já estou com vontade de voltar para casa.
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94 Comentários
José Rodrigues
Lina
Obrigado pelo esclarecimento, agora fez sentido.
José Rodrigues
Bem que gostaria de poder trazer várias delícias para cá no retorno das viagens sem me preocupar com a alfândega.
Indo para Paris levei uma caixa de bombom e uma de chiclete de encomendas para um conhecido, não tive nenhum problema mas era bem pouca coisa.
Acho que o excesso de formalismo é tão errado quanto a pessoa achar que pode chegar na casa dos outros, sem avisar, na hora do almoço.
Bom senso é a solução para os problemas.
Pergunto novamente aos entendidos, algum motivo em especial para o prato principal vir em primeiro lugar?
Lina
José Rodrigues
Normalmente temos uma entrada antes. Neste jantar, ela foi eliminada. Não queríamos comer demais.
Os franceses acham que o queijo é um complemento do jantar. A salada de alface é para ajudar a digestão, como a couve na feijoada.
Cláudia
Lenna, eu me fiz a mesma pergunta: Como será que a Sra. Dilu passa com tudo isso no aeroporto?! inclusive com iguarias do Pará, estado que nem havia entrado na história.
Maurício Christovão
Jane Curiosa: Por coincidência, tenho usado muito o termo “Trem Bão”, em oposição ao faraônico trem-bala, que ocupa as manchetes há anos. Já pensou um “Trem Bão”, confortável, que faça uns 150 km/h, que não carece dessa vitesse toda, de 400 km/h. Faríamos Rio-Sampa em duas horas e pouco, sem engarrafamentos, chuvas e nevoeiros. Rio-BH em um pouco mais de tempo, ou BH-Sampa…
Um dia, quem sabe???
Adriana Pessoa
Lina,
AMEi seu post mostrando essas diferenças culturais.
Vinda de uma “Minas profunda” entendi perfeitamente o que vc quis dizer e compartilho da mesma opinião.
Beijos.
eymard
Jaqueline, fuá significa “confusao”, “briga”. A Jane se refere a polemica do “foie” e com o “jogo de sons” das palavras. Um post mais antigo aqui no CP que deu o que falar (a polemica sobre o “foie gras” e o sofrimento a que se submetem os patos para a retirada da iguaria). Jane Curiosa certamente lhe responderia com seu habitual bom humor. Mas em síntese o termo “fuá” nos remete carinhosamente aos desdobramentos daquela polemica que foram transbordar num delicioso texto do Dodo nos comensais…..veja como o fuá foi grande! (rs)
Lenna
Dilu Bartolomeo Vilela,
visto tua aprimorada educação e tantas viagens, inclusive, com permanência no sofisticado Hotel de Crillon, pergunto como passaste tantas vezes na alfândega com ítens proibidos , que fazem parte da tão famosa e gostosa gastronomia mineira?!?!
Jacqueline
Jane Curiosa
O que é fuá?
Lenna
Rosa Cerqueira,
concordo plenamente contigo!!! Que venham pessoas que queiram trocar idéias, que venham pessoas para acrescentar, que venham pessoas aproveitar as coisas boas que estão aí…
Dilu Bartolomeo Villela
Lina
Obrigada por você ter apreciado, pois isso nos faz mais próximas e é sabido que a diversidade de opiniões (com educação) normalmente gera crescimento. Assim como você, também sou apreciadora de diversas culturas e outros rituais, principalmente na gastronomia. As duas vezes ao ano que vou a Paris, consulto tudo que você posta, pois admiro seu blog. Parabéns! E não por isso, que não discorde de seu posicionamento como o fiz. Seu texto está simples e gostoso, as fotos estão lindas, o jantar perfeito, mas… o título… fazendo moldura à sua última frase…
Muitas vezes se torna conveniente esclarecer falas que não são faladas pessoalmente, olho no olho. Quanto “às várias interpretações que damos aos textos”, é adequado dizer que não interpretei erroneamente a frase que causou todo esse construtivo alvoroço. Sua frase: “Na minha Minas Gerais o horário de chegada é largo, come-se e bebe-se durante três ou quatro horas antes das refeições e quando, enfim, alguém anuncia “o jantar está servido” já estou com vontade de voltar para casa.”
A frase está limpa e muito clara, longe de dúbias interpretações, só que meio contraditória para quem tem muito torresmo nas veias. Não concordo e baseada nela que formei a minha frase: “Na MINHA Minas Gerais e na dos meus amigos também, o horário de chegada é largo, come-se e bebe-se FELIZ durante três, quatro ou MAIS horas e quando, enfim, alguém anuncia “o jantar está servido” na minha/nossa mesa AINDA existe fascínio e assunto (que é o mais importante) para não ter vontade de voltar para casa.”
Nunca questionaria sua mineiridade, já que não a conheço. Apenas recuso vir de uma boa mineira a comparação das diferenças entre brasileiros e franceses com conotação, que me pareceu de pouco-caso: sua vontade de ir embora pra casa antes mesmo de finalizar uma refeição numa casa mineira, aliás, de sua gente mineira.
Do mesmo jeito que amo, defendo e valorizo nosso peculiar estilo de acolher os amigos, amo minhas viagens e o distinto modo de receber em outras mesas. Na realidade o que mais amo na vida é viajar, exatamente por causa das diversidades que encontra-se em cada lugar visitado. Exemplo disso, foi minha ultima experiência a qual acabo de retornar. Além de ter tido o privilégio de permanecer dezessete dias em Paris no Hotel de Crillon e catorze dias pela Bretanha e Normandia apreciando a comida de restaurantes premiados com estrelas Michelin em maravilhosos hotéis da rede Relais & Châteaux, repeti também experiências primorosas com a hospitalidade e a mesa de amigos que sempre visito nessa extraordinária França. Eles tb sabem ser tão calorosos como nós, mineiros! É como, em outras palavras, Mallu Calixto e Sandra Abrahim mencionaram: recebemos a mesma acolhida que proporcionamos.
Claudia, respondendo sua pergunta, faço questão de sempre levar para Paris um pouquinho da nossa riqueza (goiabada, cachaça, tapioca, farinha de mandioca, feijão fradinho, tucupi, jambu, queijo Minas Padrão, canastra, pão de queijo, etc) e sempre trazer, além de perfumes, além de ingredientes fantásticos de onde considero uma das melhores culinárias do mundo, muitos presentes dos meus queridos amigos franceses.
Lina, não “procure bem” para encontrar finesse em meu comentário. Até mesmo porque finesse não carece ser procurada, ela existe ou não. Minha intenção ao explicar o real sentido da palavra finesse; a alusão à NEW francesa e a falta do uso correto do português foi direcionada à senhora Elizabeth Kress empregando essa palavra em seu infeliz comentário: “Bonjour!!Je suis d’accord avec toi….em Minas Gerais come-se muito torresmos, mandioguinha frita, gilo c/ queijo…e por ai vai…prolongando a tarde e perdendo o “apetite”!! e os convidaddos sempre chegam atrasados!!!Moro ha 25 anos na Europa e ja nao me acostumo com nosso estilo mineiro , muita comilanca …sem muita finesse…!!”
Espero ter aclarado. Bj, Dilu