Como é a gravidez na França? Como é o pré-natal? Bianca Bernacchi-Bigeard nos conta como foram suas duas gravidezes na França.
Por Bianca Bernacchi-Bigeard, responsável pelos cursos Paris Beauty Week e Paris Beauty Day
Hoje vou contar um pouquinho sobre a experiência das minhas duas gestações aqui na França.
Primera Gravidez
Sou casada com um francês e nossa primeira filha nasceu em 2012, em Pontoise, cidadezinha que fica a 45km de Paris.
Assim que soube da gravidez, marinheira de primeira viagem, pedi o contato de uma ginecologista amiga da minha sogra. Ela me indicou uma outra ginecologista/obstetra que atendia no hospital público de Pontoise.
Durante toda a gestação fui acompanhada pela mesma médica que fazia todos os exames de rotina. Um deles eu fazia mensalmente, a sorologia de toxoplasmose, pois, eu não era – e ainda não sou – imunizada contra a toxoplasmose. Na época, me lembro que o que mais me incomodava era não poder comer queijo de leite cru, sushi, embutidos, ostras e foie gras nas festas de fim de ano. Um sofrimento!
Durante as primeiras consultas, conversava muito com minha médica e perguntava sobre a possibilidade de fazer uma cesariana. Logo de cara, vi que era impossível marcar uma cesárea aqui na França! Não tem essa de escolher. Cesariana, só em caso de necessidade.
No finalzinho da gravidez, fui até mesmo consultar um médico que atendia em uma clínica particular em Paris, e ele me disse: “Madame, aqui não estamos no Brasil, mesmo pagando eu não vou fazer uma cesariana em você, pois não vejo motivos para isso.”
A sage femme
O tempo passou e cheguei à 41 semanas. Eu já tinha ido algumas vezes até a maternidade, preocupada e com algumas contrações, e a sage femme (parteira/enfermeira) dizia: “volta pra casa, você vai saber quando estiver entrando em franco trabalho de parto”. Aqui na França, devemos esperar até 41 semanas + 6 dias.
Fui acompanhada por uma sage femme durante toda a gravidez, ela me orientava, dava aula de pilates para me preparar para o grande dia. Todas as grávidas tem direito a esse serviço, que é reembolsado pelo governo.
O dia “D” chegou, comecei a sentir contrações à noite, meu marido registrava o tempo de cada uma, e quando chegou de 5 em 5 minutos, corremos para o hospital.
Chegando lá, fui recebida por uma sage femme,. Pois é, normalmente o médico só entra em cena quando tem que fazer cesariana. É sempre assim nos hospitais públicos franceses.
Fiquei em trabalho de parto durante 12 horas com somente 6 cm de dilatação, um desespero… 12 horas depois de muito sofrimento, chegou um médico e disse que teria que fazer uma cesárea de emergência.
O atendimento da maternidade pública foi nota mil. Quando fazemos cesariana, costumamos ficar 5 dias na maternidade. Além disso, a sage femme vai em casa durante uma semana para ajudar com os cuidados do recém-nascido.
Segunda gravidez
Estou grávida pela segunda vez.
O tempo passou e não desisti de procurar uma médica que atendesse em um hospital particular. Desde a primeira consulta, expliquei tudo o que aconteceu comigo e ela disse: “vamos ver se você muda de ideia para aceitar parto normal dessa vez”. Mas ela não descartou a possibilidade de uma cesária, e isso me deixou muito mais tranquila.
No sétimo mês de gravidez, fiz minha inscrição na maternidade particular e ganhei a maleta rosa que se chama, “La boite rose”. Uma maleta com amostras de produtos para bebês e dicas importantes para as futuras mamães.
Até no supermercado onde faço compras, o Leclerc, também ganhei uma caixinha com amostrinhas para o neném e me deram uma cartão de fidelidade para ter descontos nos produtos de puericultura.
Estamos aguardando o grande dia, mas dessa vez, é quase certo marcarmos uma cesárea.
Hábitos e costumes
Prefiro não comentar com os franceses sobre essa minha escolha de fazer cesariana, é um assunto meio tabu. Creio que a maioria das francesas são contra cesariana, para elas, esta, seria a última opção mesmo!
Conheço muitas que acham melhor ter parto normal e não amamentar, como se não ter parto normal, fosse um fracasso, uma falha. Pois é, a maioria não amamenta. Mas os homens franceses acordam de madrugada para dar mamadeira ao bebê.
O costume de fazer chá de fraldas é raramente praticado na França. Faz pouco tempo que essa tradição americana (baby shower party) foi introduzida por aqui.
Gravidez em outro país é bem diferente, sobretudo, quando se fala da saudades da comidinha e do apoio da família, do sol, dos enjoos dos perfumes… Ainda bem que isso tudo passa e a gente esquece. O melhor está por vir, que é ser mãe, simples assim!
Alguns produtos
Esses são 2 produtos que estou usando durante a gravidez:
- filtro solar sem perfume, indispensável para não dar manchas no rosto durante a gestação;
- água micelar para limpeza do rosto
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27 Comentários
Alexandra
Muito bom seu artigo,sou ginecologista, já sabia que era assim mas muito bom ver sob a ótica da brasileira recebendo o atendimento em outro país.Gostaria que escrevesse após o parto, não esqueçam Conexão!E bom final de gestação p vc!
Flavia Fragoso
Adorei Bianca!!!!!!
Saudades!!!!!!
Nilce Fidelis Warwick
OI B,tudo bem? Amei o seu artigo! Como cada pais tem uma cultura diferente mas,apesar de tudo,o Brasil e um dos mais avancados nesse campo de amamentacao. Preferia seguir as diretrizes brasileiras,se a mae nao tem nenhuma contra-indicacao para amamentar,deve faze-lo por pelo menos 06 meses.E a melhor coisa que uma mae pode fazer pelo seu bebe!O leite materno,e muito importante no desenvolvimento e na inteligencia das criancas! Desejo pra voce,um exelente parto,sem dor,e com muito sucesso,bencao,e muitas boas emocoes! Seja bem vinda minha nova sobrinhazinha,e princesinha,venha com muita saude! Bjus tia Nilce!
Isabela Almeida
Muito interessante o depoimento. Sempre fico animada pra saber sobre diferenças culturais! Infelizmente, no Brasil, talvez a “indústria médica” justifique o número exorbitante de cesáreas e essa nossa “característica cultural”. Já sabia que em alguns países da Europa o parto cesariano não é opção, mas sim, como a maioria das cirurgias, uma indicação, uma necessidade. Tomara que o Brasil também trilhe por esse caminho. À você, Bianca, muito boa sorte e muita saúde para o seu bebê!
Mauricio Christovão
Excelente depoimento!!! Muito interessantes essas diferenças culturais. Felicidades para você e sua família!!!
Karina Pazzelli
Artigo muito interessante, bem legal falar aqui. O Brasil continua sendo um dos campeões em cesáreas e muitas mulheres poderiam ter filhos com parto normal, mas a facilidade de escolha apresenta nossa realidade. Boa sorte pra você, Bianca, e que venha um bebê muito saudável. Bisous!
Bianca
Oi Ana
Depois conto sobre como foi o pós-parto.
Muito obrigada pelo carinho!
Beijos
Joyce
Bianca! Parabens! Excelente seu depoimento! No que depender da nossa torcida aqui vai tudo correr bem!! Depois queremos ver as fotos hein!! Saudades linda!! Bjzao pra toda familia! P.S. : amamente o maximo que puder seu bebê! Os franceses nao sabem o bem que faz o leite materno !
Ana Bernacchi
Oi Bianca
Gostei de saber como as coisas funcionam aí, porém queria saber como foi a pós-cesárea .
Como vc passou após a cirurgia, se teve dores, contratempos e se ficou satisfeita com a cirurgia em si ( cicatrizes,etc).
Aqui as mulheres têm medo do parto normal porque no futuro tem que fazer cirurgia de períneo, etc.
Mas antecipar eu não concordo,
Meus 3 filhos foram cesárea por necessidade mas todos no dia quando as contrações chegaram. Não tive dores de contrações, mas as dores do pós operatórios foram desagradáveis .
Mil beijos estou torcendo por vc.
Boa sorte é um bebê lindo e saudável .
Kátia Braga - Site Cruzando Mundo
Adorei o artigo!
De modo geral, não sabemos como a saúde e a gravidez são tratados nos outros países. Já conhecia bem como funciona na Irlanda e Reino Unido.