por Rodrigo Lavalle
Há pouco mais de 4 meses, após ter ido bisbilhotar na porta de alguns desfiles de moda, eu escrevi esse artigo para o Conexão Paris. Na semana passada, a jornalista inglesa Suzy Menkes escreveu um artigo no qual trata, entre outras coisas, do mesmo tema.
Suzy Menkes é uma das mais respeitadas críticas de moda da atualidade. Escrevendo para o International Herald Tribune (pertencente ao The New York Times) ela é conhecida por fazer críticas super corretas, por vezes contundentes e que não fazem concessões.
Por acaso e talvez porque essa seja uma analogia fácil, a palavra ‘circo’ apareceu em ambos os nossos textos. Ao ler essa palavra no título da matéria de Suzy, o que me veio à mente foram os palhaços do circo e não seus malabaristas ou domadores. Talvez porque “palhacinha” seja o termo que eu uso quando vejo nas ruas aquelas pessoas que são usadas por suas roupas ao invés do contrário.
Em seu artigo Suzy escreve “Há uma diferença real entre pessoas elegantes/com estilo e pessoas que querem aparecer – e esse é o dilema atual”. As profissionais do mundo da moda que frequentam os desfiles são tidas como as mulheres mais elegantes e de estilo do mundo. Na minha opinião, grande parte delas é muito mais vítima do que ícone da moda. Assim como a idolatrada editora de moda da Vogue japonesa, Anna Dello Russo, citada tanto por Suzy quanto por mim, o que elas fazem é usar os mesmos looks mostrados na passarela. Pouco da personalidade delas aparece através do que vestem. O importante é ostentar os mais recentes ‘it’ produtos, de preferência aqueles que ainda não estão à disposição do público.
Na verdade o que me fez escrever sobre esse artigo foi o final dele, ou melhor, o que está depois do final. Ali, encerrando a matéria discreta e sutilmente, quase como um “toque de amigo”, temos uma foto com algumas editoras de moda francesas e a seguinte legenda: “O oposto da moda ‘olhem para mim’: é com as francesas o domínio do chique discreto”.
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39 Comentários
Rodrigo Lavalle
Marcos, como pude esquecer a Isabella Blow! Tudo que a Daphne Guinness quer ser e não consegue. Ela é outra que só quer aparecer.
Abs,
Rodrigo
Tania Baiao
Como sempre, adorei seu artigo, Rodrigo.
Estilo, elegância e moda, nem sempre andam juntos.
Algumas vezes, na necessidade de descobrir e lançar uma ideia nova, a pessoa se perde no exagero. Cabe a cada um dos mortais, tentar olhar, analisar e adaptar ao seu gosto e, principalmente, ao seu corpo e a sua personalidade.
Nick
Rodrigo, vc está certo no seu comentário, tb acho que essas fashionistas são umas verdadeiras bozolinas. E em relação a liberdade de expressão e o que é certo ou errado na moda, é claro que cada um veste o que quer, mas a meu ver, isso está longe de ser arte, é apenas comércio.
Marcos
Rodrigo,
a saudosa Anna Piaggi é a minha favorita desde sempre e para sempre!
Não há como não lembrar da Isabella Blow também…
Gosto muito da Lynn Yaeger, mas, às vezes, confesso que ela me lembra o personagem Vernacchio, do “Satyricon” de Fellini, vestido com um modelito Comme des Garçons…
Marcos
Gostando-se ou não do topete, Suzy Menkes é A editora de moda! Perspicaz, muito franca e refratária aos rapapés e salamaleques do mundo da moda, não teme ser desalojada da primeira fila dos desfiles por conta de suas críticas.
E, afinal de contas, o seu indefectível topete é a sua marca registrada. Por acaso Anna “Marchiori und Sméagol” Dello Russo tem uma?!
Katia Becho
Rodrigo,
adoro a sua visão sobre o mundo da moda. Você consegue ficar “in” e “out” o suficiente para observar e comentar.
bj
Maria Emília
Das coisas mais reconfortantes que li nos últimos tempos. Muito obrigada, Rodrigo! 🙂
Juliana Toledo
“Pessoas que são usadas por suas roupas e não o contrário” essa frase define bem o clima afetação que tomou conta. Aqui no Brasil fenômeno diferente mas faz parte do mesmo pacote: periguetismo.
Rogéria
Emmanuelle Alt é TOP!
Orlando
Paula Ferrary
Falou … E disse! 😉