França: luxo mais importante que aeroespacial é o assunto que escolhemos para participarmos da euforia em torno dos preparativos de mais uma semana da moda em Paris.

Poucos sabem que o setor francês da moda é mais rentável que a indústria automobilística e aeroespacial.

Praça Vendôme: centro do luxo em Paris

A moda e seus segmentos de luxo – jóias, relógios e cosméticos – geram mais vendas que as duas outras indústrias. As vendas anuais dos atores da moda francesa totalizam 170 bilhões de euros. Número bem mais elevado que o realizado pelo mercado aeroespacial – 120 bilhões – e automobilístico – 39 bilhões.

Eu fiquei surpressa quando vi estes resultados. E nossos amigos parisienses também. Os próprios franceses não conhecem a contribuição real da indústria da moda para a economia do país. E de acordo com a mídia especializada, esta indústria é subestimada também pelos poderes públicos. Eles não estão conscientes do seu impacto no nível mundial.

Isto me fez pensar que quando aqui cheguei, há 30 anos, um pesquisador francês me perguntou o que a França representava para mim, brasileira. Respondi que no imediato a França era sinônimo de luxo, charme, perfumes, cosméticos, vinhos e gastronomia. Diante da sua imensa surpresa, ponderei que, após dois segundos de reflexão, diria também que a França é sinônimo de cultura e direitos republicanos.

Com esta resposta perdi a ocasião de fazer um amigo. Ele era economista e pesquisador do INSEE e interpretou minha visão da França como frívola, museal e política. Para ele, a visão séria e correta seria a descrição de um país situado no topo da liderança industrial.

Enfim é graças ao luxo, charme, perfumes e cosméticos que 580.000 pessoas encontram emprego, em 2016, na França. E se adicionarmos os empregos dos setores comunicação e comércio, os números aumentam para 1 milhão.

As seis semanas da moda em Paris, duas para a alta costura, duas para o prêt-à-porter e duas para a moda masculina, permitem gerar 10.3 bilhões a cada ano. Elas proporcionam também aos hotéis, restaurantes e táxis 1.2 bilhões em volume de negócios.

Trinta anos mais tarde, quando leio que o presidente da divisão moda do grupo Puig diz que no estrangeiro “não se fala em Airbus mas em Chanel e Saint Laurent” fico tranquila. A visão que tinha é atual até hoje. Diante daquele que não se tornou um amigo, minha resposta foi somente decepcionante e não incorreta.

Se quiserem aprofundar o assunto leiam esta análise.

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