No final das contas, um estupro é um estupro.
Não sabemos, e provavelmente nunca saberemos, o que ocorreu naquele quarto do Hotel Sofitel em Nova Iorque e que deu origem a acusação de crime sexual cometido por Dominique Strauss-Khan ex-chefe do FMI. Todavia, tão logo essa notícia alcançou a mídia, um conjunto de interpretações e disputas começa a emergir e torna esse caso emblemático das tensões que o mundo vive atualmente.
Tensões que motivaram um manifesto das feministas alertando para a tentativa de se relativizar o suposto crime, com o tradicional argumento do ato consentido, e assim desencorajar vítimas de abuso sexual e estupro de denunciarem os seus agressores. O efeito pedagógico dos argumentos levantados pela defesa do acusado representaria um grande retrocesso na luta contra o sexismo e a violência de gênero.
Vítima e réu parecem igualmente ganhar uma dimensão de representantes de religiões e grupos identitários distintos e opostos, de modo que o caso em questão adquiri contronos de “guerra de civilizações”. A vítima, mulçumana, frequentadora assídua de uma mesquita e o agressor, branco, européu, judeu e membro da elite política seriam as principais variáveis em jogo nesse evento. Essa percepção, que rapidamente tomou conta do senso-comum, acabou desviando a atenção da natureza dos crimes sexuais, que se fundamantam na desigualdae de poder entre homens e mulheres, para mobilizar outros tipos de sentimentos e conflitos que acabam prevalecendo na interpretação do caso. Dessa forma, mais uma vez, a sociedade parece ter dificuldade de encarar de frente o significado do estupro e do abuso sexual no âmbito da dominação masculina.
Bila Sorj, professora titular de sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autora de vários livros e artigos sobre desigualdades de gênero.
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35 Comentários
Jane
Lina
…parece que os franceses querem mesmo o DSK na presidência,não é?
conexaoparis
Jane
Estamos aqui esperando para ver. Impossível saber se ele um dia poderá ou não voltar ao cenário político.
Maria Castilla
DSK provavelmente vai poder voltar a seu país e continuar com sua agressividade sexual. Deixando o moralismo de fora, eu me pergunto como um homem que esteve a frente do FMI faz uma besteira dessas em NY. A vida pessoal dele não é importante, mas pelo menos as aparências deveriam ser preservadas. Aí também entra o apetie da imprensa na busca de notícias. O homem é um “galinha” mesmo, e pelo visto ele deveria ficar alguns meses na clínica que Michael Douglas foi por ser viciado em sexo. Ele teve de falar publicamente no assunto. Mas ainda fico com medo que DSK tenha tomado decisões por impulso…
Beth
Pernelle
Tem que perguntar para o Sarkozy como a gente faz para monitorar a fortuna do Palocci…
aparecida aragão marques tenorio
Qualquer crime há de ser punido, após ser provada a autoria, que ainda permanece duvidosa neste caso, porisso acho mais plausível, neste momento, as posições moderadas de Pernelle e da Helena Bäuerlein. Merece atenção o alto nível de argumentação de todos. Tida
Luciano Melo
Pernelle
Gostei muito da maneira da exposição dos fatos como você descreveu.
É lógico que qualquer político tem sua vida investigada, e eu acho que deve ser mesmo assim. Em páíses como o Brasil e os EUA isto normalmente é feito pela Imprensa, coisa que na França não acontece porque existe uma cultura de acobertamento (inclusive admitida por jornalistas importantes). Realmente não é ético usar o aparelho governamental para espionar adversários (coisa que também vemos aqui). O Sr. DSK merece o benefício da dúvida e realmente algumas coisas não fecham. Por outro lado também é prudente evitar neste momento a tentação de jogar a culpa dos fatos sobre outros, pois corre-se o risco de primeiro ser totalmente injustos (já que justiça é o que se quer), segundo de ficar “com o pincel na mão” se as acusações forem verdadeiras. Não vejo com bons olhos tanto o fato de transformar DSK num monstro (evocando seu suposto passado de deslizes), nem tampouco isenta-lo como se tudo fosse uma conspiração internacional. Sabemos muito pouco sobre os fatos. Cautela e prudencia de todos os lados é a melhor solução…
maria moreira
Não sei quem tem razão, mas só queria saber, se foi um estupro, como como ter sido sexo oral? ou foram os dois? então DSK e uma máquina sexual? e se foram os dois atos a camareira não conseguiu reagir em nenhum momento? pq ela não não deu uma bela mordida? Não estou aqui fazendo apologia violência, pq acho que em nenhum momento ela foi usada, e mesmo pq como a moça não sabia de quem de tratava, ela poderia ter reagido bem antes, mas que é estranho ela entrar no quarto antes do hóspede sair, isso é, já pensou se fosse um casal em lua-de-mel?
Pernelle
França
Sarkozy monitorava vida privada de Strauss-Kahn, diz jornal
Le Monde afirma que uma equipe do presidente francês acompanhava a vida íntima de DSK para usar informações contra o rival
Sarkozy conhecia a vida privada de seus rivais políticos, segundo jornal francês (Lionel Bonaventure/AFP)
Aliados do presidente da França, Nicolas Sarkozy, monitoravam a vida privada do ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn, indiciado por crimes sexuais nos Estados Unidos. A informação foi divulgada nesta terça-feira pelo jornal francês Le Monde.
Jornalistas do diário teriam recebido de colaboradores do presidente Sarkozy informações de que há um registro policial sobre Strauss-Kahn. Segundo o documento, DSK – como é conhecido no país – teria sido visto em uma “posição indecorosa” dentro de um carro em uma área de prostituição de Paris.
“O Palácio do Eliseu (sede da Presidência francesa), bem mais do que a imprensa, não ignorava nada da vida privada de Strauss-Kahn. O poder, alimentado pelas redes policiais, sabe os segredos mais íntimos dos políticos e usa até mesmo as informações com caráter sexual que dispõe”, afirmou o Le Monde.
Investigação – Segundo o jornal, Sarkozy nomeou uma equipe para postos importantes dos serviços de inteligência e de polícia em 2002, logo depois de assumir o cargo de ministro do Interior. Isso significaria que cinco anos antes de chegar à Presidência, ele já conhecia aspectos da vida privada de políticos que poderiam representar uma ameaça eleitoral.
“Na época dos fatos, foi decidido no alto escalão não dar continuidade ao ocorrido, nem penalmente nem na mídia. Como DSK não havia passado nas primárias socialistas, no final de 2006, ele não representava mais o mesmo desafio”, diz o artigo do jornal francês.
Quando Sarkozy apoiou Strauss-Kahn a assumir a direção do FMI, a oposição interpretou a atitude do presidente como uma forma de ele se livrar de um forte rival nas eleições presidenciais de 2012. Afinal, DSK teria de renunciar ao seu cargo no Fundo para concorrer à Presidência. De fato, nas últimas pesquisas de opinião realizadas na França, Dominique Strauss-Kahn aparecia como o favorito dos eleitores.
“Nos últimos meses, à medida que DSK avançava nas pesquisas, colaboradores de confiança de Sarkozy se vangloriavam diante de jornalistas de ter o diretor do FMI nas mãos. Foi assim que esse registro policial veio providencialmente à tona”, escreveu o Le Monde.
Histórico – Esta não é a primeira vez em que Sarkozy está envolvido em um caso de espionagem. Em 2010, o Le Monde acusou a Presidência francesa de violar a lei sobre o sigilo das fontes dos jornalistas. Segundo o periódico, o governo utilizou o serviço de contraespionagem para identificar uma pessoa citada em uma reportagem do mesmo jornal sobre o escândalo envolvendo a empresa L´Oréal e um financiamento ilegal da campanha de Sarkozy, em 2007.
Jane Curiosa
Não sei.Fiquei aqui pensando…
Talvez tenha tido muito Sarcozy no *Viagra de Strauss…
Jane Curiosa
Beeeeeeeeeeeeeth!!
Grandes heroínas,então?
Beth
Samuel
O mundo sempre foi das mulheres!
Elas sempre foram a Glória ou o Desastre de um homem…