Eu sou defensora da tese que a separação noturna favorece a união diurna. Mas a assunto é tabu. Alguns casais confessam que dormem em camas saparadas. Mas, quartos separados? Poucos ousam a aventura.
Os defensores da união noturna consideram minha posição pouco romântica. Desconfio que eles desconheçam as delícias de uma cama de casal somente para si, do conforto supremo da ausência de roncos, da liberdade de ler na cama até altas horas da madrugada e do repouso de um sono assumidamente egoísta. Dormir em quarto separado é um imenso privilégio.
Nos USA 20% dos casais norte americanos dormem em camas separadas e, atenção, alguns dormem mesmo em quartos separados. Mas o fenômeno se desenvolve e as previsões são de que 60% das novas construções possuirão dois quartos matrimoniais.
No Canadá, os pesquisadores da Universidade de Toronto afirmam que de 20 a 30% dos casais dormem em quartos separados. E com a ajuda de scanners cerebrais eles provaram os benefícios da separação noturna. Os casais que dormem juntos dizem dormir melhor a dois. Mas quando os seus cérebros são vigiados os médicos constatam que eles acordam várias vezes com o movimento do outro e, claro, possuem um sono menos reparador.
E na França? A França vai mal neste aspecto. Os parisienses bem que gostariam de copiar os americanos, mas eles respeitam o leito conjugal. Resultado: 95% dos franceses dormem não somente no mesmo quarto, mas na mesma cama.
Diante da ameaça vinda do outro lado do Atlântico, sociólogos franceses defendem o “dormir junto” como uma das características do casal. Este ato seria um ritual que solda a dupla amorosa. E evocam mesmo pesquisadores americanos que defendem a tese seguinte: ter uma pessoa ao lado, na cama, aumenta a liberação de neurotransmissores implicados na qualidade do sono.
No meu círculo de amigos franceses a questão é tabu. Quer dizer, quase todos dormem mal (juntos) e não ousam estabelecer a norma do dormir separado. Todos acabam a noite no sofá do escritório.
Então, o leito conjugal é obrigação inútil e cansativa ou momento exclusivo e reconfortante? O dormir separado hoje, é resultado de individualismo exacerbado ou liberação de normas antigas?
Leia artigo sobre “dormir junto ou separado” no Huffingtonpost.fr.
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38 Comentários
Madá
Gostei do Liberté do Eymard. Acho que tudo é válido para o casal se amar mais, como disse a Sophia. Os padrões de sono são tão heterogêneos que não dá para ter o “bom” e o “ruim” para todos os casais. Acho que ruim é fazer o casal que não dorme junto se sentir como se estivesse em eterna crise, ou mesmo esconder essa prática dos amigos. Liberté! Conheço um casal super feliz que dorme em quartos separados há mais de 25 anos e dizem que é super romântico quando um visita o outro no meio da noite.
Respondendo à Lina, talvez seja um retorno às normas ainda mais antigas.
Lina
Amigos,
Na página do Conexão Paris do Facebook, a maioria é a favor do “dormir separado”. Estou realmente surpresa. Pensei que no Brasil todos seriam por “dormir juntos”. Muito feliz com este resultado. Acho dormir separado um luxo imenso.
Daniela
Dormir de mãos dadas, de conchinha… tudo muito lindo até um começar a roncar e o outro não conseguir pegar mais no sono. Qualidade de sono é qualidade de vida e de saúde. E já existe muita literatura científica sobre isso. Dormir separado não diminui o romance. Após quebrar alguns paradigmas, todo mundo fica feliz e descansado.
Sophia
Estou com o Eymard. A decisão de como dormir – e de qualquer outro aspecto – é exclusiva do casal. Simplesmente odeio quando tentam construir a ideia de que só existe um jeito “certo” de conviver como casal. Há casais que optam até por ter casas separadas. Se são os pequenos incômodos da convivência cotidiana que estão minando a relação, mas existe amor, química e cumplicidade, por que simplesmente não eliminá-las? O mais engraçado é que há pessoas que optam por se separar como casal (!) em vez de resolver isso de uma maneira pragmática, separando quartos, banheiros e até casas.
O acordo que optamos em fazer e que vem funcionando há mais de 10 anos é de ficarmos grudados o todo o tempo que temos disponível (que não é muito, pois “sou funcionário, ela é dançarina”, como diz a canção do Chico). Mas sempre falo para o meu marido que, se ficar incômodo em algum momento, para qualquer coisa, reveremos os acordos.
Tânia Ziert Baião
Dormir juntos! Sempre! Eu nem consigo dormir, se por alguma razão de força maior o AAA (amor, amigo, amante) não está ali. Hora boa para a conversa a dois, para o aconchego… Como diz Francy, dormir de mãos dadas é um alento.
alvaro coutinho
Boa discussão! Para incrementar, não devemos nos esquecer uma questão muito simples: espaço! Nos USA as casas/apartamentos são geralmente muito maiores que na Europa/Paris (OK, NYC não necessariamente …). Na realidade depende muito do tamanho da cama – para mim king size e melhor e ja sofri muito em camas pequenas, com colchão mole etc etc … Mas acho que tem pesquisador ai com falta de assunto …
Bianca
Concordo com o eymard. Junto ou separado sempre será uma decisão do casal!
Francy
Gosto de dormir juntinho,reconfortante …É uma decisão bem pessoal ,e independe da relação ser boa ou não .Seria uma questão de hábito ? Nos momentos dificeis ,e com o passar dos anos ,estes momentos não são raros.dormir de mãos dadas ,é uma delícia !Definitivamente ,prá mim dormir junto ,por favor !!!
jorge fortunato
Por mais complicado que seja, dormir junto é muito bom! Mas vai mesmo do gosto de cada um. Desconheço no meu círculo de amigos casais que durmam em quartos separados ou pior no mesmo quarto em camas separadas! Pessoalmente prefiro junto e misturado…rsrsrsrs No mais acho que os pesquisadores andam com muito tempo livre…
Tamires Ferreira
Acho muito estranho duas pessoas que decidem passar o resto da vida juntas não conseguirem dividir um momento tão íntimo como esse. A convivência requer concessões, e isso também vale para a hora de dormir: eu gosto de ficar acordada até tarde lendo, e não abro mão disso. Meu marido precisa dormir cedo, mas aprendeu a adormecer com o abajur ligado. Ele acorda 389793749343 vezes durante a noite, e eu acho isso um horror, mas aprendi a ignorar. Tudo pra passar uma noite inteira ali com ele, saber que ele está ali por perto, há um braço de distância ou menos. Acho que nada (barulho, sonambulismo, etc) é mais importante do que ter a pessoa que você gosta ali do lado, pra apertar durante a noite. 🙂 E a história dos neurotransmissores confere.
eymard
Oba! Mais um assunto quente e polemico. Acho incrível que a França, berço do Liberté, seja tão (vou usar uma expressao antiga) careta (na falta de outra melhor) em certas matérias. Dormir junto ou separado, no mesmo quarto ou em quartos separados é uma decisão do casal. Quando E’ uma decisão do casal, vale o que for combinado por eles e ponto. Não pode ter regra. Muitos casais dormem na mesma cama e se estranham o dia inteiro. Outros, em quartos separados, e se amam e se dão bem porque aceitam um ao outro. A ciencia nada tem a ver com isso. Me desculpe. Mas essa história de liberar “neurotransmissores”….O que importa, na verdade, é a decisão que mais agrada o casal e que eles vivam a relação por inteiro e não pela metade. Na mesma cama, no mesmo quarto ou em quartos separados. Cumplicidade amorosa independe do leito!