Por Tom Pavesi
Diane de Poitiers teve uma história amorosa tão forte com o rei Henrique II que ainda encontramos traços espalhados desta paixão por toda França atual.
Ela nasceu em dezembro de 1499 e aos 15 anos de idade casou-se com o vice-rei da Normandia, Louis de Brezè de 56 anos.
Como nasceu a paixão de Henrique II por Diane de Poitiers?
Francisco I, viúvo e pai de Henrique, nas suas transações políticas entregou como reféns ao espanhol Carlos V seus dois filhos menores: Francisco de 8 anos e Henrique de 7 anos.
No dia da entrega das crianças, as damas da corte e Francisco I deram mais atenção ao filho mais velho, o preferido do pai. Neste momento difícil, Henrique se sentiu rejeitado e abandonado. Apenas uma dama percebeu seu desamparo e angústia. Diane de Poitiers deu-lhe um forte abraço e um beijo carinhoso na testa transmitindo força e coragem para enfrentar os dias de cativeiro.
Como o tratado não foi respeitado por Francisco I, as crianças ficaram presas até novas negociações. Os anos foram se passando, Henrique sonhava na prisão com aquela bela dama da corte e seu beijo mágico.
Francisco I pagou em moedas de ouro o resgate dos filhos e ainda teve que se casar com Eleonora da Áustria, irmã do imperador espanhol Carlos V.
Para comemorar a liberação das crianças, foi organizada uma grande festa onde, como de costume, cavaleiros combatiam em homenagem a uma dama da platéia. O filho mais velho, Francisco, agora com 12 anos, escolheu a amante do pai. O irmão, Henrique de 11 anos, que deveria escolher a nova rainha Eleonora, escolheu sua sonhada e querida Diana de Poitiers, de 31 anos.
Com a morte de Louis de Brezé em 1531, a jovem e bela viúva ficou livre para ser novamente cobiçada por pretendentes da nobreza. Ambiciosa, bem decidida a não se casar novamente, aos poucos construiu um personagem que seduziria a todos, a “mulher fatal” do século XVI. Como uma boa atriz, usava o branco e o preto, símbolo da viuvez.
Com a morte de Francisco, o filho mais velho, Henrique torna-se herdeiro do trono.
Henrique havia se casado, obrigado, três anos antes com a sobrinha do papa Leão X, Catherine de Médicis. Casamento sem afinidades, puramente por razões políticas entre a França e a Igreja. A doce italiana Catherine, nada bela, mas muito inteligente, falava bem o francês, impressionava seus contemporâneos pelos inúmeros conhecimentos em matemática, física, ciências naturais e astronomia. Henrique era totalmente indiferente a ela.
Diane enfim se entregou ao sedutor adolescente, 20 anos mais novo. Ela, 37 anos, usava de todos os meios para guardar sua juventude. Banhos gelados, exercícios físicos ao ar livre, dieta espartana, nenhuma maquiagem nociva para pele, somente um creme a base de carne moída de pomba (ver receita abaixo), e um segredo: um copo de água misturado com ouro. Recursos misteriosos para conservar a boa forma e uma beleza escultural.
Em 1547, o rei Francisco I morre. Henrique, 28 anos, sobe ao trono conhecido agora como Henrique II. Diana tem 48 anos e eles se amam há mais de 10 anos.
Agora como rei, este ménage à trois tem novo sentido. Com Catherine de Médicis, ele a usará para suas obrigações divinas e soberanas deixando um máximo de herdeiros que futuramente darão continuidade à sua política de reformas do Estado. Com Diane de Poitiers, ele transformará este amor em algo misterioso e sagrado. Adotou o preto e o branco da viuvez de Diana, mandou espalhar o monograma com a letra H e dois D entrelaçados por paredes e fachadas de vários castelos da França (foto acima).
Encomendou esculturas em baixos relevos de Diana a Caçadora com seus atributos, o arco, a lua crescente, cachorros de caça, a gazela.
Em 1559, Henrique II, comemorando o casamento da sua primeira filha, morre acidentalmente na altura da atual Praça de Vosges. Enfim, Catherine de Médicis, (40 anos), poderá se vingar daquela que a humilhou e que a fez sofrer durante 23 anos.
Diane é obrigada a restituir as jóias da coroa e o mais belo presente dado pelo rei, o castelo de Chenonceau, no Vale do Loire, um dos mais bonitos castelos da França. Ela terminou sua vida no Castelo d’Anet, herança do marido, e continuou a beber do “Elixir da beleza Eterna” até morrer intoxicada pelo ouro, aos 66 anos, linda e jovem.
Uma autópsia realizada em 2008 nos restos mortais e mechas dos cabelos de Diana foram encontradas uma taxa de ouro 250 vezes maior que o normal.
Creme rejuvenescedor por Diane de Poitiers:
“Para ter uma pele clara e lisa, faça um mistura com suco de pepino, melão, planta aquática nenúfar, flor-de-lis e fava. Mistura-se tudo adicionando carne moída de pombo, coloca-se manteiga, açúcar em pó, seiva de cânfora e miolos de pão branco. Colocar em seguida vinho branco. Deixar repousar por algum tempo. Destilar o excesso de líquidos até obter um creme untuoso. Depois do banho frio, espalhe o creme pelo corpo e o rosto.”
Atenção, beber ouro em excesso é altamente prejudicial a saúde.
Como ir de Paris até Chenonceau
- Trem: não existe trem direto de Paris até o castelo, pegue o trem até Amboise e de lá carro ou ônibus regional para Chenonceau. A viagem de trem até Amboise tem cerca de 1h20 de duração. Compre sua passagem antecipadamente – clique aqui – para garantir os melhores preços.
- Carro: a viagem tem cerca te 2h30, passando por Orléans e outra cidades menores. Belo passeio pela região do Vale do Loire. Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França aqui.
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50 Comentários
Camila
Visitei esse castelo e é maravilhoso (tanto na arquitetura como os jardins). Conheci esse castelo através do passeio da Cityrama. Até fiz um relato a respeito no meu blog, caso alguém tenha interesse em ler: https://oxigenacao.wordpress.com/2012/12/02/paris-9o-dia/#more-1007
celia brito
Muito interressante o blog, e a história. Pode enriquecer mais com a informacao dos jardins.
Cesar Barroso
“Atenção, beber ouro em excesso é altamente prejudicial a saúde”… e ao bolso.
Ieda
Oi Lina, gostaria de saber quais dos castelos do Vale do Loire você considera imperdível para uma primeira vez na Europa.
Não teremos muito tempo no Vale, apenas um dia e meio.
[ ]s
Lina
Ieda
Veja Chenonceau e Chambord.
Ieda
Oi Lina, gostaria da sua ajuda para comprar passagens de trem em 2 trechos:
1º Tours à Carcassone
2º Carcassone à Barcelona
Vi que há mais de uma opção para Carcassone e Barcelona. Como decido qual delas?
De Paris à Tours foi mais fácil.
Enviei ontem uma pergunta sobre museum pass e Versailles e não encontrei hoje a resposta e nem a pergunta…o que será que houve?
No aguardo, agradeço.
[ ]s
Lina
Ieda
Minha resposta é publicada no artigo onde você deixou sua questão. Você se lembra onde publicou o seu comentário?
Você deve decidir em função do tempo de viagem ou do preço. Veja quais são as diferenças e observe bem se tem trocas de trem ou não. As opções são várias. Umas mais caras, outras com tempo de viagem mais longo.
Ana Paula Rosas
Texto delicioso! Me fez lembrar da inesquecivel visita ao Louvre com minha familia, acompanhados pelo Tom, que nos deleitou com historias incríveis! Ele nos mostrou a estatua e o emblema! Em uma viagem anterior conheci Chenonceu, vale a pena! Adoro essa historia!
Mirella
Lina
Vou para Paris em fevereiro de 2013. Ficaremos 10 dias.
Tenho loucura para conhecer o Vale do Loire, mas será inverrno…
O que você me diz?
Ou tem uma outra sugestão para esta época?
Obrigada
Lina
Mirella
Mesmo no inverno você pode conhecer os castelos do Loire. Acho boa opção.
Daiane
A história esta bem fragmentada, e acaba passando uma visão completamente errada do caráter de diana, seria necessário expor o quanto Diana colaborou na formação de Henrique como homem e rei.
Mauricio Christovão
Bom post, Tom. Interessante e didático, sem ser chato. Acho que se Diane de Poitiers(belo nome!) vivesse hoje em dia, teria no seu nome um spa para ricos, uma grife de alta costura e uma linha de cosméticos. Seguindo a tendência atual, é provável também que contratasse uma vinícola para fazer algumas garrafas com o seu nome…
marcy
Bela aula ! conhecia um pouco, mas ñ deu p ver na visita ao Louvre ( é museu p mtas idas ).