Visitei o novo Departamento de Artes do Islã do museu do Louvre. Quando os primeiros artigos sobre o projeto foram publicados, fiquei fascinada pelas fotos da maquete do arquiteto francês Rudy Cicciotti e sua proposta de tapete voador. Esperei com impaciência o final das obras e a inauguração do departamento.
Vivi uma experiência que muitos já viveram. Quando vamos ao encontro do novo e do desconhecido, se não ficarmos alertas, chegamos com nossa própria idéia da realidade a ser descoberta. Um dos grandes riscos que corremos, nós, viajantes, é partir para conferir se o país visitado corresponde realmente à idéia prontinha que temos dele.
Foi exatamente o que aconteceu comigo. Corri para ver, não o projeto real, mas o tapete mágico que criei durante meses através de leituras e fotos.
Por isso que o filósofo Michel Onfray, no seu delicioso livro Théorie du voyage – Poétique de la géographie – afirma que para um conhecimento real temos que fabricar uma inocência, no sentido que temos que apagar todo o conhecimento anterior e abordar o novo com a alma de uma criança.
E diante do tapete real tive que me desfazer das minhas imagens fantasiosas para poder apreciar este projeto extraordinário.
O departamento de Arte do Islã se encontra no andar -1, Mezanino, cor verde. Clique aqui para ver o mapa do Louvre em português.
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24 Comentários
Mauricio Christovão
Além de uma bela arquitetura, a cobertura é uma obra de engenharia soberba, aliando força e leveza. Assim como a pirâmide, ela também é composta de elementos menores, que interligados, permitem a construção dessa “belezura”, como diria meu mestre de obras. Quanto a gostar dela ou não, lembrem-se que a pirâmide também causou(e ainda causa) muita controvérsia. Dica anotadísima e estarei lá na próxima visita.
Regina Vasconcelos
Pois eu achei o Tapis Volant maravilhoso, leve, lindo, adorei a ala nova que conheci em novembro e vou visitá-la novamente esse ano! É belíssima!
Jacqueline
Gente, isso vai ficar pra sempre ali? Não me assustei porque pensei que era temporário. Tira a visão do Louvre e fica parecendo uma feirinha de bairro. Os parisienses já se cansaram de protestar em vão contra a invasão de coisas modernas em espaços tombados? Tá bom, sei que esse meu pensamento é reacionário, rançoso, mas que posso fazer? Mentir que gostei para não fazer feio?
Jane Curiosa
Marcos
Sim,olhando de cima parece duna.Boa!
Nilza Freire
Gente, em novembro último decidi visitar o Louvre mais uma vez somente para ver a Ala Islâmica e a exposição Raphael. Fomos à noite, em um dia que o museu fica aberto até às 21 h. Pois bem, primeiro vimos Raphael, que fica abaixo do nível principal, e ficamos de queixo caído, em êxtase… Talvez isso explique porque não me empolguei ao ver o tão comentado “tapete” e sua coleção. De fato, as peças são divinas e contam uma história ancestral magnífica, mas eu imaginava um espaço mais amplo, maior quantidade de obras e uma cobertura mais leve e volátil. Volátil não daria para ser na realidade, mas deve haver técnicas para conferir à armação uma leveza que ao vivo não encanta. É diferente e belo, mas eu esperava mais, tendo em vista toda a divulgação do novo espaço e a expectativa em conhecê-lo. Talvez a pouquíssima luz que há lá dentro à noite comprometa o conjunto, quero voltar com a luz do dia…
Lenna Ranghetti
Jane Curiosa, adorei o vídeo (ainda não assisti todo)! Sim, há vida pulsante no Louvre, dia e noite…
Ótima idéia: na próxima vez vou levar patins para percorrer aqueles vastos caminhos!
Jane Curiosa
Lenna
Que imaginação voadora!Fiiuuu.Que legal!
Trouxe-lhe algo que assisti já faz um tempo.Se você for paciente e um pouquinho curiosa irá gostar.Talvez até já conheça,mas,enfim…é o Louvre que nós não vemos;são as pessoas que não percebemos.
Aos 50:32 min.,preste atenção à música que eles assobiam.Poderia ir para o post das rosas,hehehe
La Ville Louvre,de Nicolas Philibert:
http://www.youtube.com/watch?v=rW-Jr3H3YDI
São pelo menos 82 min.Não desanime,eles fazem até musculação lá dentro.
Marcos
O tapete, ou a duna (prefiro esta imagem!), é realmente impressionante!
Fotografias feitas a partir do interior validam o que foi dito pelo Marcello Brito, a cobertura parece realmente muito leve e os jogos de luz e sombra, elemento típico da arquitetura mourisca, belíssimos!
Tania Baiao
Você pode (e deve!) ler muito, pesquisar o seu roteiro a fundo. Mas, leve junto a sua ingenuidade e curiosidade infantil para ser surpreendida e emocionada pelo que vai conhecer.