Foto: Galerie Vivienne
Moro perto da Opera Garnier e aqui cheguei após 13 anos passados percorrendo as ruas do Marais. Confesso que vim a contra-gosto, arrependida da decisão tomada e pesarosa de deixar para trás todo o charme do 4° arrondissement de Paris.
Cheguei com opinião formada, achando a região bonita, claro, mas sem charme, área conhecida por ser a sede de empresas, bancos e companhias de seguros. Para piorar a situação, perto do boulevard Haussmann, centro do consumo de Paris e endereço obrigatório para quem desembarca nesta cidade. Quer dizer, área essencialmente turística!
Doze anos mais tarde, continuo evitando os passeios da Galeria Lafayette mas, no resto, a minha conversão foi rápida e radical. Nunca mais saio daqui. Descobri que moro em ponto estratégico na confluência da vários bairros, de vários estilos de vida.
Se caminho em direção ao norte, à Montmartre, percorro as ruas do 9ème, bairro interessante com hotéis, restaurantes e lojas já comentadas aqui. Se o céu é de brigadeiro, estico até a boemia de Pigale.
Se decido virar à direita chego na Madeleine, centro da alta gastronomia com Fauchon, Hédiard, Caviar e companhia.
Se vou até a Opera Garnier sou invariavelmente atraida pela Place Vendôme ou pela Place du Marché Saint Honoré e acabo desembocando na rue Saint Honoré e aí só me resta conferir as novidades moda e design na Colette.
Quando estou precisando de emoções estéticas caminho em ritmo parisiense, passos rápidos e nervosos, até o Museu do Louvre, ou então o Orangerie, ou a Pinacoteca, ou o pequeno e desconhecido Musée de la Vie Romantique. Posso mesmo esticar até o Musée Orsay e incluir o prazer de atravessar uma ponte do Sena.
Às vezes saio de casa, sigo em frente, compro jornais e revistas, escolho uma mesa ensolarada no Palais Royal ou nos restaurantes do jardim Tuileries e fico horas entre leituras distraídas e observação etnológica dos passantes.
E de tempos em tempos, por puro prazer, tiro um dia para conferir as passagens cobertas de Paris. Começo pela Galerie Vérot Dodat e dou uma olhadinha no Louboutin, em seguida a Galerie Vivienne e a minha cave preferida, a Legrand. De lá sigo até boulevard Montmartre para ver as novidades da Galerie Panorama, atravesso a rua e finalizo meu roteiro na galeria situada exatamente do outro lado da rua.
Antes vivia nos limites do Marais, adormecida pelo charme intenso das ruas e dos habitantes deste lugar maravilhoso. Com a mudança de endereço introduzi a diversidade divertida que me proporciona o centro da cidade. No mesmo dia vou dos sex-shops de Pigale às exposições temporárias do Louvre e dos objetos puro design da Colette ao ambiente kitsch do Museu de Cera Grévin.
Para finalizar, abaixo, mais dois dos meus endereços preferidos da região Opéra:
Harry’s Bar – endereço histórico que todos conhecem festeja seus 100 anos. Ideal para um aperitivo no final da tarde, excelente piano bar – 5 rue Daunou 75002 Paris.
Café Guitry – situado no Théatre Édouard VII, discreto endereço situado longe da agitação. Ideal para almoço simples nas mesas ensolaradas da varanda – 10 Place Édouard VII 75009 Paris.
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121 Comentários
neuza
Olá Lina,
havia muito que planejavamos uma viagem, afinal fomos .
E as dicas do conexãoparis foram muito bem aproveitadas.
O problema é o tempo. Impossível ver tudo, o bom é fazer em doses homeopáticas.
Já estamos planejando a próxima e com certeza precisarei do guia.
Chegamos a Paris, depois partimos em direção a Grasse, Geneve, Nancy e voltamos a Paris.
Ficamos no Bairro Madeleine. Adorei.
Sucesso com o blog sempre. É uma viagem deliciosa.
Abraços
MICHELE
Cheguei hoje (há menos de 5 horas!) de Paris e fiquei hospedada exatamente nesta região! Concordo com você em gênero, número e grau!!!
Paris inteira é maravilhosa, foi minha primeira ida, com certeza a primeira de muitas. Fiquei 8 dias, que no início achei que seria muito, que daria tempo de ir a outras cidades, mas não, preferi explorar Paris e ainda ficou muita coisa para as próximas…
As dicas do Conexão Paris foram fundamentais!!!
Bjs
Michele
Beth
Lina,
Excelente texto!
Muito agradável e surpreendente!
Leio sempre seu blog porque me sinto literalmente nas lindas ruas de Paris… Ser transportada por alguns minutos a cidade luz me da energia para seguir o trabalho, que uma hora as ferias chegam!
Abs,
Beth
Adriana Pessoa
Lina!!
parabéns pelo belo texto! Maravilha!
Ainda me falta conhecer as galerias cobertas dessa região tão diversa, conexão entre todas as outras e amada por você.
Beijos.
Claudia Pimenta
lindo texto, lina! tb adoro esta região (tem como não gostar?), em especial as passagens cobertas! e, com alma de bailarina, a opéra é destino certo… muitas e muitas vezes! quem sabe não nos esbarramos em alguns destes passeios? sempre fico por aí, qdo estou em paris! quem sabe da próxima vez? bj gde, querida!!!
Marcia
Uau! Que bela declaração e que bacana ter a consciência dessa felicidade. Parabéns!
Marcia Lube
Lina
Que delícia seu o relato .
E em parte dele fizemos ,Vianney e eu , longas caminhadas.
Em um dia, estava justamente indo até a Galerie Viivienne para conhecer a cave de vinhos que a Beth havia me indicado.
Parece que a melhor maneira de se conhecer um lugar é assim mesmo : caminhado e observando.
Aloysio
C´est la vie en rose!
É bem melhor aí que aqui. Aí só não tem é neto!
conexaoparis
Aloysio
Tocou no ponto dolorido.
Maria das Graças
Lina, em set/2011, fiquei duas noites no Hotel Vignon a caminho da Provence. Isso me rendeu um dia inteiro sem nenhum compromisso. Aproveitei e explorei o entorno seguindo em direção a Opera. A Place Édouard VII é um oásis inesperado diante do intenso movimento do Bd des Capucines. Uma beleza!
Fernando
Moro em Paris somente há 5 meses, e ainda me surpreendo como uma cidade tão pequena (em termos de território) consegue variar TANTO, muitas vezes de uma rua para a outra. Moro no 18eme, onde isso grita: no quarteirão onde eu moro, todos os bares da comunidade africana no maior estilão Chateau-Rouge. 500m a frente começa um parquinho, edifícios haussmanianos e o clima muda absolutamente.
Meu namorado tem uma farmácia na Rue des Martyrs e sempre achei legal ver os seus comentários sobre coisas que eu conhecia. 😀 Realmente, o 9eme é um bairro muito particular: não é tão burguês como o 8eme, não é tão bobo como o 11eme e o Marais, não é tão turístico como os bairros centrais – é o equilíbrio ideal de tudo isso. Com ótimas conexões de metrô, com uma vida de bairro (que aqui em Paris quer dizer supermercado, uma boa padaria, uma boa loja de queijos, um bom açougue…). Perfeito. Ultimamente tenho andado apaixonado por Cadet e imediações.
Você conhece um restaurante bem “comida de casa francesa” perto da Picard, no início da Rue des Martyrs?
Abraços,
Fer
Beijos,
Fer
conexaoparis
Fernando
Você acertou a descrição do 9ème. Por isso o adoro.
Não conheço esse restaurante. Me dê a dica.