Denis Dubourdieu é professor de enologia na Universidade de Bordeaux. Figura conhecida e muito respeitada nos meios universitários e enófilos.
Graças á este professor erudito me reconcileiei com a cerimônia de degustação de vinhos.
Vamos lá, um pequeno desabafo. Quando me vejo rodeada por pessoas dissertando sobre cores aveludadas, sabores redondos e perfumes das folhas mortas do outono para descreverem o vinho que degustam, me sinto a última dos mortais. A reação seguinte é próxima ao tédio profundo.
Dubourdieu me consola ao considerar como “difícil” a pergunta “o que você pensa deste vinho”. Encontrar palavras para descrever sensações no domímio do gosto, da textura é tarefa árdua. Além do mais certas sensações não podem ser verbalizadas. A degustação é um exercício ligado aos sentidos e não ao intelecto.
Apesar da dificuldade, se quisermos descrever as sensações de uma degustação Dubourdieu aconselha o seguinte método despretensioso e divertido.
Formem um grupo de amigos próximos e durante as degustações, sem complexos e bem à vontade, tentem encontrar as palavras que possam descrever as sensações. Deixem as associações livres e as palavras soltas. Brinquem com a situação e “experimentem” tanto o vinho quanto as palavras.
Sobretudo não sejam papagaios, não repitam as opiniões “sábias” que leram ou ouviram um dia. Cada indivíduo vai encontrar a sua forma de expressão e as suas próprias palavras.
Vejam só que liberação!
Vídeo publicado pelo jornal Le Monde.fr
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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48 Comentários
EduLuz
Não sou o Denis, mas faz um tempão (cerca de 6 anos) que publico no dcpv as opiniões mais escrachadas e normais que temos dos mais variados vinhos.
Eu costumo dizer que o encontro de duas coisas vivas (bebedor e vinho) tem que resultar em descrições super pessoais e intransferíveis. Ou seja, qualquer vinho poderá e talvez, deverá apresentar uma sensação diferente pra cada pessoa.
Nick, quanto ao tal Renato, ele é um daqueles verdadeiros e legítimos enochatos! 🙂
Vaninha
Adorei este post,posso compartilhar?Com os devidos créditos ,claro.
conexaoparis
Vaninha
Claro.
Lana Lacerda
Lina
Alinho-me a voce na sensação de ” ser a yltima das mortais”. Entre os deuses da sabedoria. Para mim degustar o vinho é e deve ser puramente prazer, sem outras pretensões.
Grata por seus artigos
Vivian Mara Côrtes Camargo
Lina, sábias palavras! ” a degustação ligada aos sentidos e não ao intelecto…” concordo plenamente!
Nick
É isso aí Lina, concordo plenamente. Abaixo os “enochatos”….tinha um programa aqui no Brasil no GNT, que a parte de culinária era uma delícia, mas quando um famoso âncora de telejornais começava a discorrer sobre os vinhos….ahhhh….pretencioso demais e um tédio total.
bjs
Suely
Lina, é verdade eles conseguem até sentir o sabor das folhas mortas do outono,rsrs…vou continuar como a Nilva sem pretensão de descrevê-los,apenas apreciá-los,porque o melhor vinho é aquele que mais gostamos.Bjs a todos
Nidia Caldas
Boa participação no conexão.
Nilva Ruggiero
Lina, querida! Você não imagona o quanto fiquei feliz ao ler suas palavras “…me sinto a última dos mortais.” É exatamente assim que me sinto quando ouço aqueles tipos de comentários. Por outro lado, é um momento de discontração ouvi-los porque os comentários são muito engraçados e exagerados, algumas vezes! Valeu!
Enquantro isso, vou continuar degustando meus vinhos prazerosamente, sem a menor pretensão de descrevê-los, apenas apreciá-los. Bjs e obrigada.
Luciana Betenson
Lina, adorei! Tenho um grupo de vinho há mais de 5 anos que faz exatamente isto: degustar vinhos sem pretensões que não as de nos divertir, aproveitar os momentos, descobrir vinhos de que gostamos. Um abraço,
Luciana
Monica Amadeo
Nossa Lina que delicia ler isso…adoro vinho, mas fico com certo receio de opinar, pois acho que não entendo patavina do assunto…qdo gosto, gosto e pronto não consigo ficar definindo os sabores, tipo de uva, e tudo mais…me sinto meio “retardada”,hehehehehe…