Denis Dubourdieu é professor de enologia na Universidade de Bordeaux. Figura conhecida e muito respeitada nos meios universitários e enófilos.
Graças á este professor erudito me reconcileiei com a cerimônia de degustação de vinhos.
Vamos lá, um pequeno desabafo. Quando me vejo rodeada por pessoas dissertando sobre cores aveludadas, sabores redondos e perfumes das folhas mortas do outono para descreverem o vinho que degustam, me sinto a última dos mortais. A reação seguinte é próxima ao tédio profundo.
Dubourdieu me consola ao considerar como “difícil” a pergunta “o que você pensa deste vinho”. Encontrar palavras para descrever sensações no domímio do gosto, da textura é tarefa árdua. Além do mais certas sensações não podem ser verbalizadas. A degustação é um exercício ligado aos sentidos e não ao intelecto.
Apesar da dificuldade, se quisermos descrever as sensações de uma degustação Dubourdieu aconselha o seguinte método despretensioso e divertido.
Formem um grupo de amigos próximos e durante as degustações, sem complexos e bem à vontade, tentem encontrar as palavras que possam descrever as sensações. Deixem as associações livres e as palavras soltas. Brinquem com a situação e “experimentem” tanto o vinho quanto as palavras.
Sobretudo não sejam papagaios, não repitam as opiniões “sábias” que leram ou ouviram um dia. Cada indivíduo vai encontrar a sua forma de expressão e as suas próprias palavras.
Vejam só que liberação!
Vídeo publicado pelo jornal Le Monde.fr
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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48 Comentários
Marcello Brito
Isso, Madá, o conteudo do texto é perfeito, a forma a meu ver é que foi infeliz para o local que seria publicado.
Alexandra fez no seu otimo blog boa vida uma defesa bonita e sincera sobre os acontecimentos e o texto.
A verdade é que o caso extrapolou o universo da gastronomia e esta tendo repercussão mundial.
Li comentarios e criticas corretas, outras iradas e muitas inaceitaveis em varios locais.
O erro da jornalista acabou por trazer a tona questões pertinentes sobre como o Brasil se insere no mundo e particularmente na america latina e também a terrivel constatação de que ainda navegamos em mar de preconceitos ( não foram poucas as mensagens que adjetivavam o Brasil como país de segunda classe por ser multiplo de raças e crenças)
Mas em todas as replicas ao texto de Alexandra fica evidente que o mundo começa a ler o Brasil como um país que dá as costas ao restante da america latina e é arrogante em sua afirmação de grandeza e liderança na regiao
Essa constatação para mim foi reveladora e preocupante mas evidentemente esperada devido ao nosso crescente protagonismo na regiao.
A hora para equilibrar a rota é agora.
Madá
Gostei, Marcello, nada como um Romanée-Conti. Fechou com chave de ouro!
Eu entendi o ponto da Alexandra e ela tem toda razão ao dizer, de forma infeliz, que somos muito fechados e não badalamos nossas delícias gastronômicas. Foi uma pena ela errar o tom, mas ela tem crédito. Para piorar (ou melhorar dependendo do estado de espírito) ela escolheu o país campeão do duplo sentido, até então restrito às crônicas esportivas.
Marcelo
Entrevista do produtor do Romanée-Conti, ou seja um dos Papas do vinho http://veja.abril.com.br/entrevistas/aubert.shtml
Revista Veja – Os especialistas costumam descrever uma infinidade de aromas, alguns meio esquisitos, nas taças de vinho. Isso não intimida um pouco os consumidores que não conseguem distinguir estas coisas?
De Villaine – Não fico surpreso que as pessoas não identifiquem estes aromas todos nos vinhos que compram. Eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho muito aborrecido. Não estou interessado nisso, e sim na personalidade do vinho. Até admiro quem tem esta capacidade. Mas para mim, não há interesse algum
conexaoparis
Marcelo
Inteligente, este produtor. Gostei.