por Rodrigo Lavalle
Clamato é o mais recente empreendimento dos donos do famosinho restaurante Septime, eleito um dos 50 melhores restaurantes do mundo em 2013. Eles ficam um ao lado do outro na rue de Charonne no 11° arrondissement de Paris. Essa região, juntamente com o vizinho 10° arrondissement, vem se tornando a meca dos novos restaurantes em Paris.
O Clamato é especializado em peixes e frutos do mar (enfoque nas ostras, servidas somente nos meses que possuem a letra “r”) e serve pratos rápidos. Podemos dizer que são entradas mais elaboradas. A dica é cada pessoa da mesa pedir um prato diferente e todos compartilharem.
A atmosfera do lugar é bem descontraída e aconchegante. A decoração e os móveis pendem para o lado rústico com bancos compridos de madeira e paredes caiadas de branco. No aspecto geral temos a sensação de estarmos em um bar em Búzios ou em alguma ilha grega; infelizmente sem o mar mas felizmente sem a areia.
Fui até lá em um domingo recente e o restaurante estava cheio. Os clientes eram basicamente as famílias cool que vêm se mudando para o bairro. Pais e filhos impecáveis. Todos possíveis personagens de um filme que Woody Allen faria sobre a burguesia intelectual fashionista parisiense. O clima era bem amigável e as mesas interagiam entre si. Todos – clientes e funcionários – pareciam já se conhecer.
No quesito comida, o cardápio se divide nas seções “Ostras”, “Pratos Frios” e “Pratos Quentes” (preços em torno de 10€). Minha companhia e eu pulamos as ostras e pedimos dois pratos frios e dois pratos quentes que, na verdade, foram escolhidos pelo nosso garçom italiano:
O 1° prato frio era composto de tiras de truta com dill e creme branco acompanhadas de blinis de centeio. Gostosinho, sutil.
O 2° eram fatias de bresaola de atum servidas com folhas de espinafre, manjericão e beterrabas. Na minha singela humildade, eu achei as beterrabas as estrelas do prato. Elas não eram escuras e roxas mas sim amareladas e rosadas com aquele leve gostinho terroso. Minha amiga me contou que essas beterrabas eram cultivadas antigamente, depois caíram no esquecimento e foram resgatadas nos dia de hoje pelos novos chefs. Beterrabas à parte, o prato todo estava delicioso.
O 1° prato quente foi petoncles, algo como uma vieira pequena, com manteiga de ervas derretida e pequenos trevinhos frescos por cima. Por causa da manteiga, eu achei o gosto um pouco similar ao dos escargots.
O 2° prato foi, por acaso, o melhor. Saint-Jacques, servido ainda preso à concha, com manteiga de avelã derretida e nozes trituradas. Juro que senti um gostinho de caramelo no conjunto. Saborosíssimo.
Todos os mariscos que comemos não tinham aquele ranço do mar que às vezes percebemos nesse tipo de comida. Todos estavam bem leves.
Tudo isso foi regado por um vinho branco grego que, em princípio era seco, mas depois ficava um pouco doce. Resolvemos arriscar o vinho grego porque, além de exótico, achamos que ele combinaria com o ambiente e o clima do lugar. Além disso, ele foi bem recomendado pelo nosso outro garçom, dessa vez um australiano. O staff, por sinal, é todo bem simpático e solícito, quase sedutores, prepare-se para se sentir paquerado e desejado.
Clamato: aberto de quarta à sexta de 19:00 às 23:00; sábados e domingos de 12:00 às 23:00 – 80, rue de Charonne, 75011. Metrô linha 8, estação Faidherbe-Chaligny ou linha 9, estação Charonne.
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12 Comentários
Madá
Mauricio, só vc mesmo, estou aqui rindo, imaginando a cena… Parabéns atrasado ou adiantado, já que estamos no seu signo 🙂
Paulo R. Filomeno
Rodrigo, uma dúvida: Vi em muitos lugares de Paris bancas de ostras (muitas delas em balcões na frente dos restaurantes, pegando sol) junto com outros frutos do mar. Aí em Paris comem-se ostras frescas com regularidade (isto é, abre-se e come-se) ou na maioria das vezes elas são escolhidas e depois cozidas para serem servidas?
Rodrigo Lavalle
Paulo, essas ostras nos balcões nas calçadas são servidas frescas, geralmente somente nos meses que possuem a letra R, que são meses onde a temperatura é mais baixa mesmo havendo sol.
Abraços.
Paulo R. Filomeno
Pegando carona no comentário do Maurício, vai ficar perigoso ir com minha esposa (de Aquário). Pode acabar virando uma bouillabaise. E eu de libra (balança) vou só servir para pesar os peixes…
Flics
… e eu em Paris, fico comendo tanta porcaria tipo foi-gras, cuisse de canard confit, escargots, fromage blanc… sem falar das terrines, patês e os mil-um queijos franceses… bueno, da próxima vez vou experimentar esses frutos do mar sem gosto de mar… isso sim, levo uma baquete/fromage para o depois…
Sophia
Rodrigo, mais uma resenha impecável! De fazer chorar alguns críticos gastronômicos.
Rodrigo Lavalle
Sophia, obrigado!
Abraços.
Bianca
Rsrsrs… “todos possíveis personagens de um filme que Woody Allen faria sobre a burguesia intelectual fashionista parisiense”! Achei ótimo!!
kariny
Acho que ficaria apenas com as entradas…
Mauricio Christovao
Se o “staff” é quase sedutor, e vou me sentir paquerado e desejado, acho que não vou lá não, pois sou de Peixes e podem me querer para prato principal…Pior ainda, pois Mme S. é de Câncer(ou Caranguejo) e aí teríamos uma sopa de frutos do mar!!!
Madá
Gostei da dica! Adoro essa região, acho que deve valer ir após o Baron Rouge.
Lourdes Marques
Deu água na boca. Está anotado para provar. Abraços!!