A biker Fernanda Hinke, idealizadora dos passeios de bike do Meia Noite em Paris, está desbravando as ciclovias francesas para estudar a possibilidade de oferecer passeios de bicicleta guiados fora de Paris. Fernanda já passou pelo Vale do Loire e pela Borgonha. Agora, fez uma viagem pela região da Champanhe, acompanhada por Renata e Guilherme (O Casal da Bike), ativistas da bicicleta como mobilidade urbana no Brasil. O grupo nos conta abaixo suas aventuras.
Texto e vídeo: Fernanda Hinke e O Casal da Bike | Fotos: Alfredo Brant, fotógrafo
Diferentemente do roteiro da Borgonha, em que alugamos as bikes em Dijon, desta vez saímos de Paris com nossas próprias bicicletas. Pedalamos até a Gare de l’Est e lá pegamos um trem para a região de Champagne, conhecida pelas famosas caves de champanhe, como Veuve Clicquot, Ruinart, Pommery e Moët & Chandon, que ficam em torno das cidades de Épernay e Reims. Reims é ainda conhecida por abrigar a catedral mais bonita da França.
A ideia era explorar a região e checar in loco se ela está “pronta” para receber o cicloturismo, experimentando a infra-estrutura e as ciclovias.
Na França, quase todos os trens intermunicipais (TER) e internacionais (Thalys, TGV, etc.) aceitam o transporte de bikes. No TGV, você paga um extra de 10 euros por bicicleta; já o Thalys aceita apenas bicicletas dobráveis ou guardadas em mala-bike. Optamos pelo TER, já que transporte das bikes é gratuito (dica: consulte antes de viajar se o trem possui vagão especial para bike, e, na hora de comprar o bilhete, sinalize que você viaja com bicicleta).
Tínhamos um desafio para que a viagem fosse realizada de maneira agradável: levar o mínimo de bagagem possível. Por isso, colocamos um alforje nas bikes, espécie de bolsa/mala para colocar no bagageiro e equilibrar o peso. Dentre roupas e uma pequena necessaire, tínhamos kit primeiro socorros, barras de cereais e proteína, capa de chuva, jaqueta corta-vento, luzes extras e um pequeno kit de reparação.
Épermay e Reims
Saímos de Paris numa sexta-feira cedinho e chegamos na pequena cidade de Dormans, a 180 km de Paris. Nosso objetivo era pedalar de Dormans até Reims, passando por Épernay, somando um total de 77 km.
O trajeto entre Dormans e Épernay é rodeado de plantações de Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, as uvas usadas para a fabricação do champagne. E também de caves de champanhes abertas para visitação. Como nosso objetivo era explorar as ciclovias, não paramos para degustações.
O trajeto entre Épernay e Reims tira o fôlego duplamente – pela grande subida das montanhas de Reims e pelo deslumbrante cenário de outono, com pequenos morros repletos de plantação de uvas e longas subidas pelas altas montanhas com uma linda paisagem de floresta fechada que tem até cogumelos vermelhos com pintinhas brancas.
Em Reims, passear pelo centro histórico da cidade de bike é um delícia. Nas ruas, os carros são obrigados a andar em baixa velocidade. E há vias exclusivas para pedestres e ciclistas. Vale a pena!
No percurso Dormans – Épernay – Reins, as vias de bike apesar de compartilhadas com automóveis são segura. Para identificar essas estradinhas no mapa é só procurar por estradas que tem no nome a letra D mais um número – ex. D213. Porém, em campo, vimos que não há nenhum tipo de sinalização específica para bicicleta como havia sugerido o mapa, o que torna a cicloviagem tensa. Nos perdemos em diversas ocasiões e sabíamos que podíamos acabar caindo em auto-estradas que não são seguras – até mesmo proibidas para trânsito de bicicleta.
Além o mal sinalizadas, as vias são muito acidentadas, é preciso ter perna! Por isso, a indicamos apenas para bikers experientes, que estejam em boas condições físicas, equipados com uma bike leve (preferencialmente a speed) e um GPS.
Sudeste da Champanhe
Em Reims, pegamos um trem para o Sudeste da Champagne pois a maioria das rotas verdes (exclusivas para bicicletas) fica neste região. Descemos em Saint-Dizier, uma cidade simpática que tem música ambiente em toda sua região central, e de lá, pedalamos 12 km ao lado de um canal até o lac du Der-Chantecoq, o maior lago artificial da Europa Ocidental.
Ficamos boquiabertos com a beleza do local. O lago abriga aves aquáticas que, no outono, se preparam para migração. E, o melhor para nós: uma ciclovia de 18 km percorre toda a circunferência do lago, alternando as margens com florestas intactas. No fim do passeio, antes de irmos para o hotel, nos demos de presente um belo pôr-do-sol e um piquenique regado a champanhe.
Nos hospedamos no hotel Cheval Blanc, no vilarejo de Giffaumont-Champaubert. Trata-se de um hotel simples, mas muito simpático, que se orgulha em exibir o selo: Accueillant Vélo (acolhemos bicicletas). Nos sentimos bem-vindos.
(Vale ressaltar que, nessa região, as cidades pelas quais passamos não são muito bonitas em si. Possuem monumentos interessantes, como belas igrejas e castelos. Mas o bonito, interessante e atraente aqui são as paisagens, as vinícolas, as florestas e as montanhas.)
No dia seguinte, ainda tínhamos uma parte do lago para pedalar até chegar no nosso próximo destino: Vitry-le-François, de onde pegamos o trem de volta para Paris. Fomos presenteados com um dia ensolarado de outono e com os bandos de pássaros que se formavam no céu. Deixamos o lago e pedalamos por uma zona rural, com muitas plantações, incluindo girassóis.
Para quem quiser se iniciar em viagens de bicicleta, o trajeto Saint-Dizier – Lac Du Der – Vitry-le-François é acessível a todos os níveis de bikers, somando um total de aproximadamente 60 km. Tudo cicloviado, plano, bem sinalizado e cercado de muita natureza.
Veja o vídeo do passeio completo:
Detalhe: para pegar o trem levando as bikes entre as cidades, você deve ser ágil. Permaneça ao centro da plataforma, identifique o vagão com o adesivo da bicicleta e se dirija rapidamente até ele, já que colocar mais de uma bike no trem leva alguns minutos.
Informações práticas
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Por ora, caso tenha interesse, a Fernanda poderá criar um roteiro personalizado pela Champanhe. Caso tenha interesse, envie um email para ola@conexaoparis.com.br
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6 Comentários
Renata
Para Ana Helena:
O trajeto de Epernay – Reims passa por uma floresta na montanha. A paisagem é linda, mas o percurso é difícil.
Como sugerimos no artigo, é preciso que o ciclista tenha pelo menos um nível intermediário e muita resistência física.
Como não é uma rota muito bem sinalizada para os ciclistas (as placas informam trajetos para os carros), pode ser perigoso. Na chegada de Reims há um trafico mais intenso de carros e caminhões e é preciso, então, pegar rotas alternativas mais tranquilas.
Espero ter ajudado.
Qualquer coisa, não hesite em perguntar.
Cordialmente,
Renata.
Ana Helena
Oi gente,
o quão difícil seria o trajeto Reims-Epernay ?
Para chegar/sair de Reims seria muita subida/descida ?
Estou pensando em fazer, no final de abril/começo de maio, Chalons-et-Champagne (pois tenho um amigo que mora lá e vou visitá-lo) – Reims – Epernay – Chalons, mas parando em Reims para conhecer e dormir lá uma noite.
Vou estar com 25 anos na época e não sou biker, mas sei andar tranquilamente de bicicleta há muito tempo e sou magra.
Queria então saber a respeito da topografia.
Obrigada !
Carolina
Bom dia pessoal!!!!
Qual Cave de Champagne visitar dia 20 de Dezembro (Sábado) em Reims?
Rodrigo Lavalle
Carolina, nesse artigo nós citamos várias caves da região e seus horários de funcionamento no inverno: https://www.conexaoparis.com.br/2013/12/12/quer-visitar-as-caves-de-champagne-no-inverno-veja-os-horarios/.
Abraços.
Maurício Christovão
De bicicleta você vai um pouco mais rápido que a pé, mas com o mesmo grau de envolvimento com a paisagem e o clima, já que você não está abrigado num carro, isolado do mundo exterior pelos vidros, etc…Viajandão!!!
fernando henriquies
amo pedalar eu vou