Nem só no Brasil a questão do assédio diário sofrido pelas mulheres está na pauta do dia.
Um estudo conduzido pelo “Alto Conselho para a igualdade entre as mulheres e os homens” mostrou que das 600 mulheres dos departamentos Seine-Saint-Denis e Essonne entrevistadas, todas já tinham sido vítimas de algum tipo de assédio no transporte público. Desde os famosos “fiu-fius” e comentários sobre a aparência e a roupa até contatos e agressões físicas.
“A fronteira entre a paquera e o assédio é simples. É o consentimento”. Com essa frase Pascale Boistard, secretária de Estado encarregada dos direitos das mulheres, explicou a campanha nacional lançada para combater o assédio sexual nos transportes públicos na França. Segunda ela, os objetivos da campanha, chamada “Stop ça suffit” (Pare, é suficiente), são “fazer evoluir o comportamento, para que nenhuma agressão seja banalizada ou ignorada” e “dar a cada um e cada uma as ferramentas para reagir”.
O vídeo da campanha mostrando o modo usual de agir dos assediadores faz uso do mapa de uma linha de metrô com suas estações e mostra como um elogio “respeitoso” vai degradando até chegar a agressões verbais constrangedoras e violentas. De “Mademoiselle” até “Responde, sua cadela suja”. O vídeo pede também que tanto a vítima quando as pessoas em volta reajam e tenham a coragem de intervir e dizer “Pare, é suficiente”.
A campanha impressa vai espalhar cerca de 7.000 cartazes nas principais cidades francesas (estações, metrôs e espaços públicos). Seguindo a mesma ideia ela mostra a escalada de pensamentos que passam pela cabeça da mulher que está sendo assediada até que ela ou alguém presente diga “Pare, é suficiente!”
A fim de desencorajar os assediadores, a campanha divulga também as penas e multas relacionadas a cada uma de suas ações: injúrias e ameaças (6 meses de prisão e 22.500€ de multa); exibicionismo (1 ano de prisão e 15.000€ de multa); avanços e gestos obscenos (2 anos de prisão e 30.000€ de multa); contatos físicos como beijos forçados, mão nas nádegas e “encoxadas” (5 anos de prisão e 75.000€ de multa). Veja a campanha completa aqui.
Apesar disso a França e Paris são locais seguros onde as mulheres andam sozinhas sem preocupações no metrô e pelas ruas, mesmo durante à noite.
Leiam nossos artigos escritos por leitoras do blog que vieram sozinhas à Paris:
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Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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3 Comentários
Maria Aparecida Carvalho Rodrigues
Entendo que infelizmente temos que separarmos essas mulheres num vagão rosa, ônibus rosa, etc. Desses monstros que só estão no mundo por causa do nascer através de uma mulher…
Maria das Graças
Já sofri com esse problema nos trens da Central do Brasil, aqui no Rio, há 40 anos atrás. Mas usávamos de um artifício que era de uma eficácia…
Como viajávamos no mesmo horário e no mesmo vagão eles já sabiam e mantinham a distância.
Mauricio Christovão
Do jeito que a coisa vai, daqui a pouco Paris vai ter o “Vagão Rosa” como nos trens do Rio, no qual só viajam(em teoria, pelo menos) mulheres. Nos transportes públicos, infelizmente, existem sempre uns imbecis que assediam as mulheres e chegam às vezes até a agressão.