Ele se chama Olivier Teboul, é francês, mora em Belo Horizonte e publicou, no seu blog, uma lista divertida e perspicaz intitulada Aqui no Brasil onde compara duas culturas diferentes: a francesa e a brasileira/mineira.
Dos 65 ítens selecionei os que mais me divertiram:
. Aqui no Brasil todo é gay (ou ‘viado’). Beber chá: é gay. Pedir um coca zero: é gay. Jogar vólei: é gay. Beber vinho: é gay. Não gostar de futebol: é gay. Ser francês: é gay, ser gaúcho: gay, ser mineiro: gay. Prestar atenção em como se vestir: é gay. Não falar que algo é gay : também é gay.
. Aqui no Brasil, os homens não sabem fazer nada das tarefas do dia a dia: não sabem faxinar, nem usar uma máquina de lavar. Não sabem cozinhar, nem a nível de sobrevivência: fazer arroz ou massa. Não podem concertar um botão de camisa. Também não sabem coisas que estão consideradas fora como extremamente masculinas como trocar uma roda de carro. Fui realmente criado em outro mundo…
. Aqui no Brasil, o cliente não pede cerveja pro garção, o garção traz a cerveja de qualquer jeito.
. Aqui no Brasil, sempre tem um padre falando na televisão ou na radio.
. Aqui no Brasil, o clima é muito bom. Tem bastante sol, não esta frio, todas as condicões estão reunidas para poder curtir atividades fora. Porem, os domingos, se quiser encontrar uma alma viva no meio da tarde, tem que ir pro shopping. As ruas estão às moscas, mas os shopping estão lotados. Shopping é a coisa mais sem graça do Brasil.
. Aqui no Brasil, comida salgada é muito salgada e comida dolce é muito doce. Até comida é muita comida.
. Aqui no Brasil, não se assuste se estiver convidado para uma festa de aniversário de dois anos de uma criança. Vai ter mais adultos do que crianças, e mais cerveja do que suco de laranja. Também não se assuste se parece mais com a coroação de um imperador romano do que como o aniversário de dois anos. É ‘normal’.
. Aqui no Brasil, não tem o conceito de refeição com entrada, prato principal, queijo, e sobremesa separados. Em geral se faz um prato com tudo: verdura, carne, queijo, arroz e feijão. Daí sempre acaba por comer uma mistura de todo.
. Aqui no Brasil, o Deus está muito presente… pelo menos na linguagem: ‘vai com o Deus’, ‘se Deus quiser’, ‘Deus me livre’, ‘ai meu Deus’, ‘graças a Deus’, ‘pelo amor de Deus’. Ainda bem que ele é Brasileiro.
. Aqui no Brasil, quando um filme passa na televisão, não passa uma vez só. Se perder, pode ficar tranquilo que vai passar mais umas dez outras vezes nos próximos dias. Assim já vi “Hitch” umas quatro vezes sem querer assistir nenhuma.
. Aqui no Brasil, quando você tem algo pra falar, é bom avisar que vai falar antes de falar. Assim, se ouve muito: “vou te falar uma coisa”, “deixa te falar uma coisa”, “é o seguinte”, e até o meu preferido: “olha só pra você ver”. Obrigado por me avisar, já tinha esquecido para que tinha olhos.
. Aqui no Brasil, relacionamentos são codificados e cada etapa tem um rótulo: peguete, ficante, namorada, noiva, esposa, (ex-mulher…). Amor com rótulos.
. Aqui no Brasil, o povo é muito receptivo. É natural acolher alguém novo no seu grupo de amigos. Isso faz a maior diferença do mundo. Obrigado brasileiros.
. Aqui no Brasil, dentro dos carros, sempre tem uma sacola de tecido na alavanca de mudança pra colocar o lixo.
. Aqui no Brasil, os brasileiros escovam os dentes no escritório depois do almoço.
. Aqui no Brasil, se limpa o chão com esse tipo de álcool que parece uma geleia.
. Aqui no Brasil, tem um lugar chamado cartório. Grande invenção para ser roubado direito e perder seu tempo durante horas para tarefas como certificar uma copia (que o funcionário nem vai olhar), o conferir que sua firma é sua firma.
. Aqui no Brasil, parece que a profissão onde as pessoas são mais felizes é coletor de lixo. Eles estão sempre empolgados, correndo atrás do caminhão como se fosse um trilho do carnaval. Eles também são atletas. Tem a energia de correr, jogar as sacolas, gritar, e ainda falar com as mulheres passando na rua.
. Aqui no Brasil, pode pedir a metade da pizza de um sabor e a metade de outro. Ideia simples e genial.
. Aqui no Brasil, não tem água quente nas casas. Daí tem aquele sistema muito esperto que é o chuveiro que aquece a água. Só tem um porém. Ou tem água quente ou tem um débito bom. Tem que escolher porque não dá para ter os dois.
. Aqui no Brasil, quando encontrar com uma pessoa, se fala: “Beleza?” e a resposta pode ser “Jóia”. Traduzindo numa outra língua, parece que faz pouco sentido, ou parece um diálogo entre o Dalai-Lama e um discípulo dele. Por exemplo em inglês: “The beauty? – The joy”. Como se fosse um duelo filosófico de conceitos abstratos.
. Aqui no Brasil, marcar um encontro as 20:00 significa as 21:00 ou depois. Principalmente se tiver muitas pessoas envolvidas.
Seja bem vindo, Olivier!
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107 Comentários
Mariana
Acho que ele esqueceu de escrever que diferente do francês o brasileiro é um povo que recebe bem seus turistas, que adora conversar com gringo mesmo que seja na mímica. Que aqui no Brasil apesar da desigualdade social, violência, etc o povo é em grande parte bem humorado!!!
Que aqui se usa desodorante e se toma banho todos os dias.
Amo a França, passo 1 mês por ano por lá mas nao a nada igual ao povo brasileiro!!!
Jane Curiosa
Ói qui ,ó:
Ocês tão cunfundin’ tudin como se a brincadeira do Olivier traduzisse sua ideología.E não é,né?Era só para ser divertido…
I ói qui eu cumeço a contá piada de tudo qui
eu quisé,aí ocês vão vê o qui é bão pra tosse,digu,pru figo.
Exopila,genti…exopila!
Ou vão pescar…ou pecar,que é tudi bão também.
Bá, tchê! Desse jeito,até o Analista de Bagé,teria de recolher o pelego.
Vai uns joelhaços,não?
Antonio H.
Diante de tanto inconformismo com os comentários do gajo, lembro que nós mesmos, constantemente, fazemos críticas e generalizações sobre estados e cidades brasileiras, do tipo “na Bahia assim, o carioca é assado, o mineiro faz isso, o paulista aquilo, o gaúcho então…”. Cito um livro, em inglês, o The Undutchables” – este sim, uma crítica ácida – no qual os autores, não holandeses claro, fazem uma narrativa minuciosa e hilária dos hábitos e costumes dos batavos, indo da falta de educação das crianças ao formato das privadas e como eles as utilizam, e nem por isso foram arder na fogueira dos hereges; ao contrário, teve boa vendagem por lá….
Sergio A
Saber rir de si próprio é importante. Esta lista cabe em qualquer pais, qualquer estado brasileiro e até de uma cidade para outra….despretensiosamente engraçado!!!
Mariana
Também não achei nada de surpreendente a lista – tem uns lugares comuns verdadeiros que não são novidade pra ninguém e uns clichês que talvez pareçam, mas não são verdadeiros. O fato é que o moço tá aqui faz pouco tempo, veio de um país diferente e não dá pra crucificá-lo por não ter tido nenhum insight sociológico inovador. Pra mim o pior é a impressão geral de que o pessoal ou achou o texto GENIAL (o que não é, mas também acho que não pretendia ser) ou tá querendo jogar pedra no coitado do rapaz (que não parece ter tido a intenção de jogar pedra no país, só de escrever o que achou curioso, seja bom ou ruim). Se o texto original era banal, a resposta tinha um tom de mágoa que o original não tinha. Acho essa necessidade de jogar pedra na frança em retorno muito mais vira-latismo do que curtir o texto do francês – mostra uma necessidade de auto-afirmação que parece ser de uma falta de auto-estima muito maior do que achar que uma lista de obviedades é algo tão digno de nota.
Marcio
Sonia S,
peraí…vc quer dizer, que BH é que ruim???
hahaha….faz-me rir!!!
De novo.
Sonia S
Lina e todos que amaram a lista do francês,
Desculpem-me.
Mas, não é divertida e tampouco perspicaz, assim penso eu, aprendiz da das cidades e da vida.
É, sim, de um francês que parece que conhece um pedaço do Brasil. E generalizou. O que é perigoso.
Preconceituoso.
Podemos nos divertir com textos controversos e inteligentes. Esses, eu os defendo de forma democrática e republicana.
How to be a carioca é inteligente,divertido, perspicaz e verdadeiro; não há como compará-lo a esse pobre texto, em quase sua totalidade inverídico e lamentável.
Esse francês deveria vir ao Rio, num luminoso dia de sol, ver as águas límpidas do Arpoador, as pessoas felizes. Gays? Sei lá! Importa?!?!
Falei apenas do Arpoador, mas no Rio há incontáveis maravilhas, e, lamentavelmente, tristezas que desmontam qualquer um.
Há uma Brasil continental para conhecer. Inhotim está perto desse senhor. Será que já foi lá?
Pois é ,apesar de estarmos melhor, em alguns pontos que a Europa, o complexo de vira-latas ai grassa forte.
Adoro Paris, estive lá há pouco com meus netos, que também a adoram, embora sejam crianças.
Incentivo, juntamente com os pais, esse gostar, sem, no entanto, deixar de mostrar-lhes as riquezas e mazelas do Brasil.
Achei Paris suja como nunca e com muitos pedintes. Estava muito frio, as pessoas dormindo nas ruas. Foi bem triste ver aquilo.
No entanto, não vou sair por aí escrevendo sobre os problemas de Paris, cidade que, felizmente, há muitos e muitos anos me encanta, me acolhe e que bem conheço.
Obrigada, um abraço a todos,
Márcia
Esqueci de dizer que o que mais aprendi na França foi super ultra mega valorizar o que temos de bom.
Márcia
Nao fale de Minas, nem de BH. A vida deste rapaz deve ser muito limitada pq aos domingos ele pode participar dos varios grupos de tracking, bike, trilha de jipe e moto ou curtir os festivais culturais que acontecem na cidade. A BH dele nao é a minha.
José Rodrigues
Dúvidas sobre o complexo de vira-lata?
Aposto que alguns aqui que usam expressões de adoração aos comentários do francês teriam cólicas de ódio de se algum brasileiro criticasse a França ou pior Paris.
Um brasileiro que reclamar de Paris será tratado por alguns como uma aberração, recalcado e por aí vai.
Um francês faz crítica ao Brasil e aos brasileiros e escrevem, ótimo, excelente, perspicaz e por aí vai.
Algumas vezes o óbvio precisa ser repetido, nem tudo de fora é melhor e nem tudo daqui é pior.
Sophia, obrigado.