Por Penélope do blog Sob o Céu de Paris
Nem todo mundo conhece Serge Gainsbourg ou suas músicas, mas, sempre que eu cantarolo um pedaço de Je t’aime…moi non plus, a reação é a mesma: “ah, sim, aquela música de motel!”. Eu realmente não sei se essa música tocava muito em rádios de motel antigamente, ou se foi usada em alguma propaganda, só sei que ela é conhecida assim para a maioria das pessoas que não sabem quem foi Gainsbourg.
Ontem, em Paris, Madonna fez uma versão da polêmica canção. E eu nem preciso dizer que usar a palavra polêmica para descrever qualquer coisa relacionada à Rainha do Pop é redundância. Depois de ser ameaçada de processo pela ex-presidenciável Marine le Pen por associar a sua imagem à de Hitler e projetar uma imagem de Marine com uma suástica na testa, Madonna voltou a Paris com a turnê MDNA e fez uma versão (um tanto controversa) de Je t’aime…moi non plus. Durante o show, Madonna ainda reverenciou Édith Piaf e homenageou artistas franceses.
E Madonna, com o seu espírito rebelde, não poderia ter feito uma escolha melhor. Je t’aime…moi non plus mal tinha nascido e já gerava controvérsia. A canção, composta a pedido de Brigitte Bardot, foi inicialmente gravada em 1967 com vocais de Gainsbourg e da musa inspiradora, mas foi retirada das rádios um dia depois por conta de uma ameaça do então marido da BB, que ameaçou processar Gainsbourg. Ela só foi ser lançada novamente em 1969, em dueto com Jane Birkin, então companheira de Serge.
“Sans conteste le Vatican”
O sucesso da música no borbulhante final da década de 60 foi estrondoso e, naturalmente, devido ao altíssimo apelo sexual (ou melhor, sensual) desagradou ao Vaticano. Logo que o jornal católico (apostólico e romano!) L’Osservatore Romano a qualificou como obscena, a música foi proibida na Itália, para depois ser seguida pela Suécia e pela Espanha.
Segundo contam, Gainsbourg, sempre sarcástico, quando um jornalista perguntou qual era o melhor agente de publicidade, prontamente respondeu: “Sans conteste le Vatican”.
Abaixo, algumas das várias versões existentes de Je t’aime…moi non plus.
A de Nick Cave com Anita Lane.
A dos Pet Shop Boys.
Pela primeira vez com duas mulheres cantando em dueto.
E uma paródia do ator comediante Bourvil.
http://soboceudeparis.com
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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20 Comentários
Gustavo Reis
Post antigo, mas não poderia de deixar meu pitaco…
Acho que todos que eu conheço ja ouviram essa música, inclusive já satirizaram aqui (Pânico). Já ouvi a original com a BB, mas com a Jane ficou imortal…
Creio que o Serge consegui se imortalizar com ela, é conhecida mundialmente!
LUIZ LISKA
Polemica mais gostosa e quebra o gelo de qualquer ser humano normal, PARABENS pela pesquisa e “FANTASTIQUE” este site, BEJO DO FOFOOOOOOOOO
Tania Baiao
Excelente trabalho de pesquisa histórica.
Comprova como os hábitos mudam e como o tempo passa rápido demais…Realmente foi uma musica que embalou nossa adolescência com imagens “proibidas”….
Agora seria uma musica que crianças cantariam sem rubor…
Mauricio Christovão
Eram os anos 70… Rezava a lenda que a versão de Gainsbourg+Birkin incluía os sons de uma “transa” dos dois. Nos bailinhos(hi-fi) da época, era garantia de pista de dança cheia!!!
Erivaldo Cesidio
Sim Penelope. Pelo menos na minha cidade (Fortaleza-CE) essa música já foi tema de comercial de um famoso motel o qual foi veinculado no rádio. Mas certamente é uma música lindíssima.
Silvia
Tema do filme Emmanuelle. Estou me sentindo muito velha.Rss. Assisti em Paris quando fui pela 1a vez em 73 ou74. O filme tinha sido proibido no Brasil.Comprei ate o disco com o tema. Foi um sucesso quando cheguei.
Beth
Piaf, Chevalier e outros teoricamente iam cantar para os prisioneiros de guerra franceses na Alemanha. Mas nada impedia os alemães de aproveitarem para transmitir seus shows…
Eymard
Penélope, a musica embalou gerações nos cinemas do interior do Brasil (quando existiam) nas pornochanchadas brasileiras. Filmes que comparados com cenas atuais chegam a ser inocentes, pueris. De Emmanuelle a Rita Cadillac….o brega que virou “cult” e agora, pelo visto, virou pop!
Jane Curiosa
“Bretanejos e Sertanojos.É uma dupla?
Penélope
Lela, sobre Édith e os nazistas, há controvérsias. Realmente, ela cantava para os alemães mas, no fim da guerra, ela alegou que fazia parte da Resistência e há alguns fatos que comprovam isso, embora nada que seja definitivo. Prefiro acreditar que é verdade.