A cada exposição de arte contemporânea em Versailles, já sabemos, os grupos super conservadores se sentem chocados e reagem com polêmicas previsíveis. Anish Kapoor acabou de entrar para a lista negra de alguns deles.
Qual a proposta deste famoso artista britânico? Como ele vê sua presença em Versailles?
Nas suas entrevistas Kapoor manifesta um primeiro desejo, o de contrastar o caos com os jardins metodicamente organizados do castelo. De instalar a desordem dentro do espaço hiper organizado do Reil Sol. E um segundo desejo, o de revelar que este maravilhoso monumento faz parte de um período histórico “negro”. Que a superfície elegante e organizada esconde segredos abjetos. Que a ordem pode ser vista como contraponto ao caos de uma época da história francesa.
O diálogo esta aberto, uma ocasião para refletir sobre o simbolismo de Versailles para todos os franceses.
Dirty Corner, um imenso funil de aço instalado entre pedras quebradas. Ele se encontra no impecável gramado do Château. Um elemento de desordem no jardim de um rei que acabou se tornando o símbolo do fim da monarquia e da história sangrenta da Revolução francesa.
Sectional Body Preparing for Monadic Singularity, obra instalada no Bosque da Estrela – Bosquet de l’Etoile – e criada especialmente para Versailles. Um cubo de aço negro atravessado por duas entradas vermelhas explícitamente sexuais. A obra indaga o machismo do monarca? Ou se trata de um reflexo das atividades que a corte praticava discretamente dentro dos pequenos bosques do jardim?
C-Curve, espelhos que deformam a imagem do castelo e de seus jardins.
Uns gostam, outros não. Arte pode, também, provocar indagações e questionamentos.
Anish Kapoor em Versailles: de 9 de junho a 1° de novembro de 2015. Entrada gratuita (menos nos dias de Grandes Eaux Musicales, de Jardins Musicaux e de Grandes Eaux Nocturnes). Mais informações aqui.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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11 Comentários
Susana Mendonça
Estive hoje em Versailles e confesso que me ” doeu” ver o jardim revirado, mas depois que li sobre a obra achei sensacional. Quanto ao espelho, eu adorei!! Passei um bom tempo fazendo fotos lá. Essa Foi a minha segunda visita a Versailles( estive antes há dois anos) e o achei um pouco sujo e menos cuidado. Seria a grande quantidade de turistas ou desleixo no cuidado dos espaços?
Monika
Olá! Alguém saberia informar se é permitido ingressar com carrinho de bebê no palácio? Em caso negativo, há local para deixá-lo com segurança? Obrigada
Rodrigo Lavalle
Monika, não é permitida a entrada de carrinhos de bebê no palácio. No local há um guarda-volumes gratuito.
Abraços.
Jessica Costa
o C-Curve é excepcional, simples mas indagativo
Ana Schw
Estive em Versailles mês passado e eles estavam instalando o dorty corner, provavelmente era o primeiro dia, pois os operários ainda estavam descarragando, confesso que achei que seria alguma reforma do jardim (não me julguem, não dava pra prever o que seria!) e foi decepcionante, nada daquela foto clássica dos jardins com aquele tubo e escavadeiras 🙁
Marcia Lube
Admiro a obra de Kapoor mas neste contexto concordo com o Jorge Fortunato : admissível apenas sendo exposição temporária.
jorge fortunato
O trabalho do artista é incontestável, mas não gosto de vê-lo exposto dessa forma e neste local. Versailles é Versailles e ponto, por mais segredos, traições, torturas que guardem aquelas paredes. Nesse ponto, sou conservador. Acho que o turista que chega ao Palácio quer ver a monumentalidade do palácio, dos seus jardins e não encontrar arte contemporânea. Se estivesse lá, iria detestar….
Mauricio Christovão
Adoro essas interferências em locais “arrumadinhos” e clássicos como Versailles. Esse contraste é tudo!!!
Tânia Ziert Baião
Genial!!!! Quero ver ao vivo!!!
Madá
Maravilhoso! Se nas fotos já está belíssimo, imagino ao vivo. Esse C-Curve está uma viagem, adoro esse efeito de nos colocar dentro da obra.
Marcello Brito
brilhante. ao propor um entulho disforme que bloqueia a mais emblemática perspectiva imperial do planeta, Kapoor relativiza o poder que emana de qualquer absolutismo seja ele político ou do triunfalismo estético.