Um passeio pela “Champs Élysées dos vinhedos”, como costumam se referir os franceses à estrada que liga a cidade de Beaune a Dijon. São 45 km de vinhedos, pequenas cidades, caves e restaurantes.
Ao longo da estrada N74, ao sul de Dijon, estão as duas áreas vinícolas mais importantes da Borgonha: Côte de Nuits e Côte de Beaune. Juntas, formam a Côte d’Or (uma alusão ao solo dourado).
Que amante de vinho não sonha em algum dia passear pelos terroirs da Borgonha?
Na Côte de Nuits encontramos tintos profundos e elegantes à base da Pinot Noir. Na Côte de Beaune estão os mais famosos vinhedos de Chardonnay do mundo, incluindo Corton-Charlemagne e Le Montrachet.
Beaune é um bom ponto de partida para uma visita à região por abrigar hotéis e restaurantes de primeira e a sede de muitas vinícolas importantes. Uma boa maneira de começar o dia na cidade (e um tour pela região) é visitando o Musée du Vin de Bourgogne que não pode ficar de fora do roteiro de nenhum enófilo. Em salas separadas é possível conhecer a história da Borgonha vinícola desde as épocas grega e romana; constatar a importância das condições naturais (safra, clima, cepas, solo etc.); acompanhar a produção do vinho e dos barris, esta última na salle de la tonnellerie; e divertir-se com as tradições associadas a acessórios como garrafas e taças.
Ao sair do museu, quase em frente à sua entrada, fica um restaurante cujo nome diz tudo, Le P’tit Paradis. O recomendo tanto pela qualidade das especialidades regionais como pelos preços convidativos. Não percam um “reabastecimento” nesse “pequeno paraíso” gastronômico. O cardápio apresenta menus que começam a 28 euros com entrada+prato+queijo ou sobremesa.
Para quem está de carro (e isso é quase indispensável para se aproveitar ao máximo uma viagem à região), o melhor é seguir pela N74 até o início da Côte de Nuits, em Marsannay la Côte. E voltar pela pequena D122, conhecida como a Route des Grands Crus. É algo indescritível para todos os sentidos, particularmente olhos e paladar.
Os vinhedos da Côte de Nuits se estendem por oito pequenas cidades conhecidas por seus grandes vinhos tintos, cada qual com pelo menos um restaurante de excelente qualidade: Marsannay, Fixin, Gevrey-Chambertin, Morey Saint Denis, Chambolle Musigny, Vosne Romanée e Nuits Saint Georges.
Próximo de Marsannay, de menor importância, temos Couchey e Chenôve. As três comunas têm vinhedos que produzem vinhos incluídos na AOC Marsannay (categoria regional), como os Bourgogne Marsannay e os interessantes rosés Marsannay.
Marsannay é a porta de entrada dos prestigiosos vinhedos da Borgonha, mas não abriga vinhedos premier ou grand cru, só regionais. Vale a visita ao Château de Marsannay que produz vinhos de diferentes regiões da Borgonha.
A seguir vem Fixin e aqui (como em praticamente todos os lugarejos) é possível comer bem a preços módicos. Uma opção é o Chez Jeannette cujo menu-degustação ( 47 euros) oferece uma seqüência de pratos simplesmente fantástica: jambon persillé maison, boeuf bourguignon, chariot de fromage e brioche façon pain perdu à la poire et sa glace vanille. Para ficar na memória! O cardápio oferece menus a partir de 26 euros.
Fiel às dicas do alsaciano Serge Dubs, um dos melhores sommeliers do mundo, pedimos, para acompanhar o boeuf bourguignon, um bom Gevrey–Chambertin, o Vieilles Vignes 2000, da Domaine Philippe Naddef. Intenso na cor, mostrou aromas de frutas vermelhas (Cassis) com notas animais (couro) e de defumado, potente, com muita estrutura e equilíbrio na boca. Mostrou-se à altura do prato.
Deixando Fixin, passa-se por Brochon (com vinhedos que produzem vinhos nas apelações Fixin, Gevrey-Chambertin e Côtes de Nuits-Villages) e chega-se à Gevrey-Chambertin.
Na próxima vez falamos de Gevrey-Chambertin.
Site do Museu do Vinho de Beaune. O museu se encontra no Hotel des Ducs de Bourgogne – Rue d’Enfer. Aberto das 9.30h até 18.00 de 1 de abril até 30 de novembro. Das 9.30h até 17.00h, menos nas terças, de 1 de dezembro até 31 de março. Fechado dia 25 de dezembro e 1 de janeiro.
Texto e autoria do médico Gerson Lopes, editor do site Vinho e Sexualidade.
Como ir de Paris até Beaune, cidade super charmosa na Borgonha com ótimas opções de hotéis:
- Avião: a viagem de avião até Lyon dura 1 hora, depois é possivel pegar carro ou trem para ir até Beaune. Pela Air France, você pode comprar a passagem direto do Brasil para Lyon, fazendo uma parada grátis em Paris (na ida e/ou na volta). Veja aqui as melhores ofertas da Air France.
- Trem: a viagem tem 2h30 de duração. Compre sua passagem antecipadamente – clique aqui – para garantir os melhores preços.
- Ônibus: esta é a opção mais barata, mas também é a mais longa, a viagem até Dijon tem cerca de 4h30 de duração, depois é possivel ir de trem ou carro até Beaune. Consulte valores e faça a compra da passagem pelo site da empresa de ônibus OuiBus.
- Carro: a viagem dura cerca de 3 horas. Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França aqui.
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64 Comentários
Erika
Pois é Edu, meu esposo é um francês com alma brasileira e um tanto ‘indiscreto’. Fez questão de saber os pormenores da tragédia com os funcionários. Passamos apenas dois dias no hotel mas nos sentimos em casa, todos muito atenciosos. A família mantém o padrão do lugar.
Eduardo Luz
Claúdia, postamos juntos.
Também conto com você, na realização do sonho.
EduLuz
Madá, nós também. 🙂 E precisaremos dos seus préstimos!
Beth, mais do que anotado. Na verdade será colocado no roteiro! rs
Antonio, grandes dicas. Da moita ao lugar mais alto do pódio.
Erika, o Loiseau também é uma grande dica. Continua excelente apesar da sua morte trágica. Este já estava na lista e melhor, dá pra dormir por lá mesmo!
E como o Vinícius falou, acho que se o casal gosta de vinho, contratarem um motorista. Senão …
Pra todos e como dizem por lá: bon apétit et large soif.
Cláudia Oiticica
Gerson, mas que belo relato!!! Fiquei aqui imaginando como um apaixonado por vinhos como você aproveitou essa viagem.
Eu não sou uma conhecedora de vinhos(apenas apreciadora) mas também fiquei totalmente fascinada pela Borgonha por tudo o que a região oferece. As paisagens, a quantidade de animais nos pastos, os canais navegáveis, uma tranquilidade a perder de vista, lindos castelos pelas estradas. Nunca me esqueço da chegada a um deles aleatoriamente, perto de Vézelay, ser super bem recebida pelo proprietário, elegantíssimo com lenço de seda no pescoço e dirigindo um trator. No castelo funcionava um museu de carros de antigos presidentes.
Dijon, Beaune, são lindas e imperdíveis, e concordo com o Antônio Sérgio de que só o Hôtel-Dieu já valeria a visita. Mas, na minha opinião, a verdadeira alma da Borgonha está nessas estradinhas que passam por vilarejos desertos e do meio do nada surgem lugares onde se come e se bebe maravilhosamente bem, abadias lindíssimas,vinícolas, as péniches…
Guardo com muito carinho as recordações dessa minha viagem que já faz quase 10 anos. Estávamos em família, com pessoas queridas que já se foram e nos divertimos muito.
Quanto ao L’Espérance que a Beth falou, tenho ele como a minha melhor experiência gastronômica. Cheguei lá por recomendação de uma francesa. Não sei se voltasse lá hoje, continuaria a pensar assim, mas é dessa maneira que arquivei nas minhas lembranças. Um local bucólico, atendimento excelente, comida excepcional. Do lado de Vézelay, de sua basílica no alto do morro, antigo local de peregrinação.
Um tempo atrás, revi “La Grande Vadrouille” com o Louis de Funès e todas as suas atrapalhadas por essa região.
Tomara que um dia ainda volte à Borgonha!!
Érika, tenho uma amiga que foi ao Loiseau de Vignes e também adorou.
conexaoparis
Claudia Oiticica
Você está sumida. Saudades.
Vinicius José
Voltamos, minha mulher e eu, desta região há alguns dias, observamos grande movimento de policiais na estrada do vinho, tivemos muito cuidado no quesito beber e dirigir.
Sheyla
Mônica,
Só pra reforçaro coro: faço das minhas as palavras da Beth.
E ,como agravante, devo ser a única mineira que perdeu 2 trens no mesmo dia! Sou alvo de piadas ótimas devido a este episódio!
Vá tranquila! Depois nos conte!
Erika
Acrescentando aqui uma sugestão: o Hotel ou apenas um jantar no Le Relais Bernard Loiseau em Saulieu ou outro restaurante da rede Bernard Loiseau, o Loiseau des Vignes, em Beaune. Excelente gastronomia e serviço atencioso.
Euzébio de Andrade
Grande Gerson!
Seu texto é muito mais que um convite; é uma saudável imposição ao enófilo para conhecer e desfrutar da Borgonha.
Parabéns!
Jane Curiosa
Lina
O que já era muito bom,está conseguindo ser melhor ainda a cada dia.
E os comentaristas…é impressão ou estão ainda muito mais afiados? Hoje,ou melhor, agora à noite consegui ler muito dos assuntos e dos comentários no
Conexão Paris.(Sim,eu estava atrasada para caramba,e quero sempre ler tudo,tudíssimo,principalmente porque os comentários por aqui são imperdíveis!)
O Conexão está mais substancioso,sinto até dó de mim por poder vir aqui tão pouco.
conexaoparis
Jane Curiosa
Você anda sumida mesmo. Sinto sua falta.
Sueli OVB
Que maravilha de post!
Só vem corroborar tudo o que penso dessa região.
Parabéns ao Gerson, pelo belo texto, ao Antonio Sergio por sua colaboração e a cada um dos comentaristas que aqui deixaram uma pequena dica, que junto aos dois posts da Lina nos dão uma visão bastante rica dessa região.