Do ponto de vista da blogueira que hoje sou, conheci a Provence e a Côte d’Azur de uma maneira totalmente desorganizada. “Descia” de Paris, ora a convite de amigos que moravam em Maubec, ora para visitar a cunhada que morava em Cannes. Aos poucos fui conhecendo as cidades mais importantes, os vilarejos pendurados nas montanhas, as abadias, as belas cidades da orla marítima, os burgos medievais, os mercados de antiguidades, os mercados dos produtos locais e os restaurantes mais famosos. Sem contar que desde 1985, todos os anos, eu vou de Paris até o porto comercial de Marseille para pegar o navio que me leva até a Córsega. Inúmeras vezes ficamos um ou dois dias nesta fascinante cidade portuária tentando descobrir seus segredos. Uma vez, a convite de uma amiga que lá estava expondo seus quadros, outra vez para degustar uma bouillabaisse ou uma bourride. Tivemos até pernoites forçadas, motivadas por uma bandeirola que dizia: trabalhadores do porto de comércio de Marseille em greve.
Tentei várias vezes escrever sobre a Provence e a Côte d’Azur, mas me faltava a vivência enquanto turista visitando estas duas regiões de uma maneira organizada. E foi o que fiz em outubro de 2009.
Primeira questão: quantos dias são necessários para conhecê-las? Nós ficamos cinco dias na Provence e cinco dias na Côte d’Azur. Mas tenho um amigo que diz, no mínimo, três semanas em cada uma delas. Optei por um programa mais realista. Em cinco dias é possível sentir o ambiente e conhecer as principais cidades.
Segunda questão: quantos hotéis reservar e onde? Nós decidimos reservar somente um hotel para a Provence e outro para a Côte d’Azur. Saíamos pela manhã e voltávamos no final da tarde. Me dei conta que o ideal teria sido reservar dois hotéis para a Provence. Um em Aix en Provence ou em Marseille para conhecer estas duas cidades e outro no centro da região que se chama Luberon. A opção de somente um hotel para a Côte d’Azur foi correta.
Terceira questão: é possível conhecer estas regiões sem carro? Eu acho absolutamente necessário conhecer as duas regiões de carro. Sobretudo o Luberon. Já a Côte d’Azur possui um trem, o TER, que liga Marseille, Toulon, Cannes, Nice e Mônaco. Mas algumas pequenas cidades interessantes não estão integradas nesta rede.
Vou escrever três artigos. O primeiro chamado Provence/Luberon e o segundo Côte d’Azur. O terceiro com uma lista de hotéis e restaurantes.
Provence/Luberon
Porto de Marseille
O Luberon é uma cadeia de montanhas da Provence e se tornou o nome de uma região bem delimitada. O roteiro dos cinco primeiros dias inclui a visita de Marseille e Aix em Provence em seguida o percurso das pequenas cidades do Luberon: Roussillon, Gordes, Baux de Provence e Ménerbes.
Eu aconselho, saindo de Paris, pegar o TGV direto até Marseille. São somente três horas de viagem e a passagem custa em torno de 80 euros. Se saírem cedo de Paris ainda terão o final da manhã para conhecerem o porto, o chamado Vieux Port.
Nós almoçamos neste pequeno bistrot que se chama Le Bouchon Provençal (6, Place aux Huiles 13001 Marseille, tel. 04 91 33 44 92). Tudo muito gostoso, o preço correto, 11 euros o prato com uma taça de vinho. Ele está em uma região muito interessante ao lado do porto. Outra escolha seria um restaurante de frente para o porto, O Miramar, um dos endereços de Marseille para vocês conhecerem uma verdadeira bouillabaisse (12 quai du Port, tel 04 91 91 10 40).
Na parte da tarde, visitem a cidade com um daqueles ônibus de turista. Eu fiz este passeio e gostei muito. Saindo do porto, o ônibus pega a estrada da orla marítima. A vista é maravilhosa e as casas deslumbrantes. Na volta, ele vem por dentro da cidade e temos uma outra visão de Marseille.
Como hospedagem conheço um pequeno hotel ao lado do porto (Vieux Port).
Trata-se do Oceania Marseille Vieux Port (www.oceaniahotels.com). Quartos confortáveis, limpíssimos e banheiros novos. Diárias em torno de 85 euros. Um dos melhores hotéis de Marseille é o Sofitel. Vista maravilhosa do porto e um restaurante-bar excelente (www.sofitel.com)
No dia seguinte peguem o trem para Aix en Provence, que está a 15 minutos de Marseille. Preço da passagem 5 euros. Passem o dia nesta cidade, uma das mais interessantes da Provence. Aconselho a vocês alugarem um carro a partir de Aix. Descendo do TGV, peguem o carro na estação e passem o dia nesta cidade.
Geralmente todo passeio começa na praça Rotonde, ponto de partida para conhecerem a famosa avenida Cours Mirabeau. Bela avenida com suas árvores (platanes), seus cafés, suas fontes. Esta avenida é um verdadeiro teatro e a calçada do lado esquerdo, mais ensolarada, está sempre cheia de estudantes e turistas do mundo inteiro. É no Cours Mirabeau que se instala, nos sábados, a feira dos antiquários da região.
É da praça Rotonde que começa, também, o passeio pelo antigo bairro de Aix.
Ruelas ocupadas por uma multidão alegre.
Pequenas praças elegantes.
E milhões de pequenos restaurantes. Nós almoçamos no Le Pain Quotidien (5 Place Richelme). Sempre que encontrarem restaurantes desta cadeia, podem confiar. As refeições são leves, gostosas e baratas.
Durante o dia vocês viram o principal de Aix en Provence. No final da tarde peguem o carro rumo ao hotel que reservaram no Luberon. Nós ficamos em um pequeno hotel já citado aqui no blog pela leitora Patrícia.
Trata-se de cinco chambres d’hôtes situadas no prédio de um restaurante delicioso que se chama Le Vieux Bistrot ( www.vieuxbistrot.com ). São somente cinco quartos, todos lindos e charmosos. Uma precisão importante: os pais do proprietário possuem uma casa com piscina e alugam alguns quartos também. No site do Vieux Bistrot os quartos do restaurante se chamam Côté Village e os da casa dos pais Côté Champs. Eu preferi os quartos do Côte Village. O restaurante foi citado por dois guias, o Michelin e o Pudlo France.
Jantamos quase todas as noites, sem nenhuma nota falsa, no Vieux Bistrot. Na foto, o jovem proprietário do restaurante e das chambres d’hôtes.
O Vieux Bistrot está em uma pequena cidade que se chama Cabrières d’Avignon, vilarejo fora do circuito turístico, calmo e muito bonito.
Todas as manhãs, antes de começar a dura vida de turista, eu caminhava uma hora pelas ruelas desta cidade. Casas construídas com pedras brancas, ruas vazias e, de tempos em tempos, alguns turistas a cavalo.
Nestes três dias restantes conhecemos:
a maravilhosa cidade de Gordes,
a não menos maravilhosa cidade de Roussillon,
e percorremos as trilhas do ocre.
Visitamos também a fascinante cidade-fortaleza de Baux de Provence.
de onde se tem a mais bonita vista de toda a região.
Fomos também a Ménerbes,
Para conhecer esta torre:
Para ver a casa da Dora Maar:
E para comprar o famoso vinho rosé da Provence:
Ficou faltando Saint-Rémy-de-Provence, Lacoste, Oppède Le Vieux, a Fontaine du Vaucluse e a famosa Abbaye de Sénanque. Meu ritmo é lento, caminho de manhã, tomo café com calma, mas um turista esportivo poderá integrar nestes três dias a visita de quase todos estes lugares. A região é pequena e tudo é perto.
Os próximos dois artigos serão sobre a Côte d’Azur e a lista de restaurantes e hotéis.
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257 Comentários
Cláudia Oiticica
Lina, que maravilha de post! Uma região que merece mesmo ser visitada. Estive duas vezes na Provence e quero voltar outras.A primeira vez foi com bem calma, mas como foi num mês de maio, não tinha nem uma lavandinha sequer, mesmo na Abadia de Sénanque, local clássico para tirar foto.Não tinha engarrafamento, tudo fluia tranquilo e apesar da cigarra ser um dos símbolos da região, não deu para entender o porquê. Mas quando voltei em julho passado fiquei impressionada com o barulho delas por toda a parte.É lindo! É mágico! E faz toda a diferença! Tem aquele algo mais que não sei explicar. A região de Gordes é um episódio à parte e dessa vez conheci o vilarejo de Joucas (5 km de Gordes), onde fui visitar uma amiga da minha filha que estava trabalhando no Le Phebus( Relais Châteaux), um hotel muito charmoso. Fontaine de Vaucluse também é um lugar lindo como todos os outros que conheci. Ir até a Pont du Gard também acho que vale a pena, aliás tem muito lugar lindo nessa região. Tem um programa na TV5 que se chama Les Villages de France e toda vez que assisto vejo que ainda tem tantos outros lugares menos conhecidos mas de uma beleza impressionante. Passaria um bom tempo por lá. Alguém já leu o livro “Bom Tempo na França” do Amaury Temporal?
Marseille,nunca me esqueço quando me deparei com o Vieux Port todo iluminado e a igreja deNotre Dame de la Garde se destacando lá no alto. Uma cidade diferente das outras.Um quê africano.
O trajeto até Cassis é imperdível.A visão dos Calanques,insquecível, só que tem dias de muita ventania e os barcos não fazem o passeio.
Marcello, coitado do Peter Mayle,rs,rs
Maria da Conceição
Que sugestões maravilhosas! Fiquei deliciada… Eu e meu marido estamos planejando viajar pelo interior da França na primavera e suas dicas foram essenciais. Foram todas anotadas…. Já sinto o cheirinho da lavanda…
conexaoparis
Valéria
Acho que até 6 de janeiro. Não tenho certeza.
conexaoparis
Márcia
Na bagagem do porão sem problemas. Mas todas as farmácias na França vedem o alcool gel.
conexaoparis
Clara
Nice será citada no próximo artigo que terá por título Côte d’Azur.
conexaoparis
Clara
Ah! As cores do outono são lindas nas florestas. Mas não tenho dicas organizadas neste sentido. Uma boa idéia.
conexaoparis
Heloisa Luz
Maio e junho, setembro e outubro são os melhores meses para visitar a Provence.
Helena Bäuerlein
Lindo Post, Lina.
Estou sem tempo para curtir tudo mas com mais tempo , volto a ler saboreando tudo que vc escreveu.
Adoro a Provence! Meu marido adora andar de bicicleta. Ele vai na magrela e nós( nossas filhas e eu) de carro. Pois não é que ele subiu o Mont Ventoux na byke ? Eu me segurei com medo que o vento me levasse. Mas a vista que se descortina, é sublime !
Vc vai escrever um Guia sobre as regiões da França ?
Bjk,
Helena,
Sueli OVB
MARA
Antes mesmo que eu respondesse o Marcello Brito já sinalizou. Os campos ficam floridos em pleno verão, junho/julho e em agosto se faz a colheita. Um belo lugar para vê-las e fotografá-las, além do já citado pelo Marcello, é a Abadia Notre-Dame de Sénanque.
Em maio há muitas papoulas vermelhas.
MARCELLO BRITO
Bravo! Sempre uma aula de como aproveitar as belas e boas coisas da vida.
Valéria
Oi Lina,
Bom ano Novo e parabéns pelo conexaoparis.
Gostaria de saber quando é retirada a decoração natalina da Avenue Champs Elysee ?