Segui com atenção os comentários dos jornais franceses sobre a ida de Lula ao Iran. Quase todos chegaram a conclusão que o encontro provocou uma reação contrária ao seu objetivo: um endurecimento das posições da Comissão de Segurança da ONU.
Com uma análise diferente, me chamou a atenção um artigo do jornal Le Monde que resumo abaixo.
“Os livros de história vão guardar esta data, 17 de maio 2010. O dia em que os países emergentes mandaram um recado aos cinco países que controlam a questão nuclear no mundo: daqui para frente vocês terão que contar conosco, o Brasil e a Turquia.
China, Estados Unidos, França, Gran-Bretanha e Rússia terão que levar em conta que o peso das nações evolui em favor dos emergentes e que a ordem internacional não pode ser regulamentada pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU.
As ambições políticas do Brasil e da Turquia são legítimas”.
Sem julgar o acordo específico o Le Monde deu uma outra leitura do fato.
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133 Comentários
André Gomes
Lina,
Parabéns pelo espaço democrático.
Mariene,
Nota 10 para seu comentário.
Realmente estamos longe de sermos um país perfeito mas olhando para 8 anos atrás……..
Helena Bäuerlein
Mariene, Robson e Orlando,
Política , sexo e religião não se discute.
Mas permitam-me discordar totalmente de vcs.
Estamos falando de pessoas diferentes. O Lula que conheço não é o mesmo de quem vcs falam.
Não vou me estender, mas vcs acham mesmo que um presidente só, conseguiria pagar todas as contas do governo anterior, se a economia já não estivesse forte, se a inflação não estivesse zerada ?
E as politicas do governo anterior, que votaram sempre contra e depois desavergonhadamente, puseram em prática ?
Desculpem. Gosto de assuntos mais amenos aqui no Blog. Vcs não conseguirão fazer minha cabeça, nem eu a de vcs.
Como é que mesmo ? Ado, ado … .
Robson Sabóia
Gente,
Outro artigo. Dessa vez do Herald Tribune.
Trecho que seleciono:
“Vou começar pelo último ponto. O Brasil e a Turquia representam o mundo pós-Ocidental emergente, que vai continuar emergindo; a secretária de Estado Hillary Clinton, portanto, deve ser menos rápida no gatilho em matar os “esforços sinceros” de Brasília e Ancara com fracos elogios.”
Link:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2010/05/21/ao-ignorar-o-acordo-com-o-ira-obama-se-afunda-em-mais-um-fracasso.jhtm
Lina, desculpe por ter usado tanto seu espaço.
Abraço
Robson Sabóia
Gente,
Veja essa artigo do El Pais, de hoje. Fala justamente da diplomacia brasileira. Muito bom. Link no fim da postagem.
Trecho que seleciono:
“Essa atitude corresponde a uma política internacional de cunho realista, que é conduzida sobretudo pelos interesses do Brasil como potência americana com vocação global. É uma aposta que compete diretamente com os europeus, cuja nutrida presença nas instituições internacionais, além de acentuar sua cacofonia e sua capacidade divisora, não faz mais que salientar a antiguidade de uma arquitetura internacional que se mantém quase intacta desde que terminou a última guerra mundial, há 65 anos.”
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2010/05/21/lula-atua-como-foguete-para-situar-o-brasil-no-alto-do-cenario-global.jhtm
MARIENE
Obriga por me enviar o link do artigo Lina e aproveito para também para agradecer pela generosidade com que você, por todo este tempo, vem acolhendo as mais divergentes opiniões e, permitindo assim, ricas manifestações, sem fazer consideração alguma sobre o mérito de adequação ou não, deste ou daquele comentário.Elegante e sábia como de costume.
beijos à todos
Robson Sabóia
Marcello,
Não acredito que o fato do Lula falar isso atente contra suas intenções pacifistas, que para mim é o principal. A diplomacia brasileira, e ele, consequentemente, cometeram erros. Como toda diplomacia já cometeu. Como disse um desses especialista em direito internacional, toda diplomacia tem perdas e ganhos, principalmente quando age. Óbvio que quando está parada, morta, não perde, mas também não ganha. Prefiro uma diplomacia efetiva. O que se desenha é um mundo sem o peso gigantesco dos EUA. Claro que permanecerá ainda por muito tempo essa influência, mas tende a diminuir algumas toneladas. Isso por vários fatores.
Até onde eu sei, Lula não prega a intolerãncia religiosa, a perseguição a homossexuais ou a destruição da bela “democracia” (que, como dizem por aí, “melhor isso que outra coisa”). Na verdade muitos democratas brasileiros de direita são totalmente contra direitos pra algumas minorias. Porém, existe, qualquer ledor (nem precisa ser leitor) sabe, uma “má-vontade” da mídia brasileira em relação ao Lula.
Absolutamente ninguém acha o nosso presidente um semi-deus para além do bem e do mal. Nem seu governo um má de rosas.
Defendo uma diplomacia de verdade.
Ativa.
Querer que uma pessoa se torne presidente de um país e seja simplesmente um burocrata pragmático é o sonho de qualquer pragmatista, mas não é possível. Todos temos ideologias, seja quais forem. Todos nós. A tal da frieza científica, a razão pura, não existe. O próprio fato de ficar calado já é posicionamento ideológico e, consequentemente, compromete. Indiferença e neutralidade são ideologias. O que adianta alguém dizer que apoia a greve do ativista cubano simplesmente porque é um excelente ponto no placar do jogo midiático quando tem poder para fazer algo e não faz? A França, os EUA, a Inglaterra, deveriam cessar o comércio com a China, não acha? Vivem recebendo o Dalai Lama.
A propósito, as nações iluministas e iluminadas disseram que boicotariam a China nas olimpíadas? A imprensa disse que foi a mais bela e impressionante da história!
Acreditar que as grandes nações ocidentais estão envolvidas com a liberdade, igualdade e a fraternidade é a maior das ingenuidades.
Dentre muitas das coisas que devemos discutir na atualidade está a democracia. Mas, concordando com o maior escritor vivo, José Saramago, pode-se falar sobre tudo, mas a “democracia” é intocável.
Gosto de embates.
Concordo contigo quanto ao espaço do Conexão. Talvez tenha sido o maior culpado por essa má utilização. Mas também, penso, a Lina não colocou essa notícia à toa. Como bom defensor da análise do discurso de linha francesa, sei que não.
Encerro por aqui,
Abraço.
Eduardo Aquino Martins
Para todos:
Apesar de tudo, “Nós sempre teremos Paris”…
solange
Lina, uma das alegrias do seu blog é que aqui a política e suas paixões passam ao largo- ou vêem passando até agora…..o blog é seu, e claro voce posta nele o que bem lhe aprouver mas…será que ….??????
conexaoparis
Solange
Saber o que a mídia francesa pensa da política brasileira, do Brasil como um todo, dos brasileiros em particular sempre foi importante para mim.
Quando cheguei aqui em 1983 era vista como uma historiadora vinda de um país com ditadura militar e sub-desenvolvido em todos os sentidos da palavra.
Estamos em 2010 e tudo mudou.
Nas reuniões informais não me perguntam mais:
. e os travestis do Bois de Boulogne?
. e os assassinatos dos pivetes?
. e a destruição da Amazônia?
. e a miséria?
Agora querem saber:
. qual a taxa de crescimento do Brasil mesmo?
. vocês tem uma autonomia energética, não?
. os países emergentes estão salvando alguns setores da economia francesa, não é mesmo?
Como não ficar fascinada diante de uma mudança tão radical.
Solange, este blog é o resultado da minha paixão por uma cidade estrangeira que me acolheu.Gosto de pensar esta paixão de forma abrangente: da paixão pela ponte Alexandre III até a paixão pelas discussões acaloradas que tenho com estes franceses tão politizados.
Em três anos de blog, dois artigos por dia, este é o primeiro post centrado sobre a política brasileira (vista a partir da França).
Não vai causar danos a ninguém, não é mesmo?
Marcello Brito
Robson,
O que o lula parece desconhecer ‘e que um chefe de estado ou um presidente jamais fala como pessoa fisica.
Assim quando ele fala que as manifestacoes no ira foram “choro de perdedor” ele esta proferindo uma posicao do estado brasileiro e avalisando sim uma pratica politica de outro pais, nas suas palavras se metendo no jardim alheio.
O mesmo principio se aplica quando ele em cuba desqualificou a greve de fome enquando um dissidente morria dela.
E quando em honduras ele ofereceu a embaixada brasileira como bed & breakfast para o zelaia e falou poucas e boas do governo golpista.
Quanto ao jogral proselitista-politico nao acho que o CP seja o local adequado para tal.
Preferia um embate de ideias mais interessante e pessoal
MARIENE
LIna, tentei localizar o artigo mencionado no Le Monde, pela internet, para lê-lo na íntegra, e não consegui. Você pode me passar mais algumas referências?
conexaoparis
Mariene
http://www.lemonde.fr/opinions/article/2010/05/19/nucleaire-iranien-le-sud-emergent-veut-sa-place-dans-la-negociation_1353888_3232.html