Segui com atenção os comentários dos jornais franceses sobre a ida de Lula ao Iran. Quase todos chegaram a conclusão que o encontro provocou uma reação contrária ao seu objetivo: um endurecimento das posições da Comissão de Segurança da ONU.
Com uma análise diferente, me chamou a atenção um artigo do jornal Le Monde que resumo abaixo.
“Os livros de história vão guardar esta data, 17 de maio 2010. O dia em que os países emergentes mandaram um recado aos cinco países que controlam a questão nuclear no mundo: daqui para frente vocês terão que contar conosco, o Brasil e a Turquia.
China, Estados Unidos, França, Gran-Bretanha e Rússia terão que levar em conta que o peso das nações evolui em favor dos emergentes e que a ordem internacional não pode ser regulamentada pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU.
As ambições políticas do Brasil e da Turquia são legítimas”.
Sem julgar o acordo específico o Le Monde deu uma outra leitura do fato.
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133 Comentários
Eymard
Ontem estava eu assistindo ao Roda Viva com o Historiador Jorge Caldeira (uma reprise de programa gravado em março). Gosto do olhar observador dele. De ver nas contradições e mostrar o que, mesmo não hegemônico, constui um jeito de fazer história e política. Um pouco o que faz também o Dirmenstein quando revela práticas saudáveis e inovadoras. A gente pode não mudar o mundo. Pode não mudar a vida das pessoas para sempre. Mas a gente pode mudar em casa; no bairro; nas relações interpessoais. Aqui mesmo, neste blog, nós podemos manter uma convivência “serena” mesmo com a exposição de posições tão antagônicas e contundentes. Sempre respeitando o olhar e a experiencia do outro. Isso é fazer POLITICA. Isso é ser Político. Vocês já observaram como políticos profissionais, em geral, não têm dúvidas? Só têm certezas. Não gosto de gente cheia de certezas. De julgamentos. De dedo em riste. Estou mais para Chico Buarque do que para Geraldo Vandré! Mas respeito ambos. Parabéns a todos pelo nível do debate e à Lina pela imoderação moderada!
conexaoparis
Eymard
Obrigada pelas palavras serenas.
Tatyana Mabel
Ana,
Ótimo texto! Didático o suficiente paar entendermso como algumas fórmulas discursivas são perniciosas.
Grata.
Scan,
Parabéns! Penso que a discussão só mostra o quanto o Conexão tem a oferecer com um bom debate, seja quando trata da leveza de uma champanhe francesa, seja quanto esquenta a conversa em tons mais políticos.
Abraços.
Eduardo Aquino Martins
Aninha, plausos também para a sua lógica e serenidade!
Elaine
Quanta gente inteligente, cada texto bem escrito, palavras sábias!
Fiquei encantada com tanta sabedoria. Li todos os comentários e alguns até babei e fiquei recheada de conhecimentos… adorei!
Aliás… Lula é meu Presidente sim e será por muito tempo.
Obrigada pelo conhecimento e felicidades à todos!
Eduardo Aquino Martins
Scan, só me resta aplaudir!
Aninha
Serena Terça a todos!
O raciocínio dedutivo pode ser construído de forma certa levando-nos à deduções corretas – silogismo – ou o contrário – sofisma -. O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva. Na sua forma padronizada é constituído por três proposições: As duas primeiras denominam-se premissas e a terceira conclusão. O silogismo só é verdadeiro se as premissas forem verdadeiras e levarem a uma conclusão também verdadeira segundo certas regras de inferência. O sofisma, é um falso silogismo, é a mentira que parece verdade. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentado-a sob esquemas que parecem seguir as regras da lógica. Normalmente é resultado de um raciocínio viciado – utilizado intencionalmente para induzir ao erro.
Assim… segundo a lista postada aqui, texto tido como o mais verdadeiro já recebido, denominado como:
“O brasileiro é assim…”
Todo brasileiro é desonesto
Eu, Ana, sou brasileira,
Logo, eu Ana, sou desonesta
Porém… segundo minha história e minhas escolhas…
Eu, Ana, não sou desonesta
Eu, Ana, sou brasileira
Logo, nem todo brasileiro é desonesto
Para mim, Ana, e eu só posso falar por mim, por questão de bom senso e gentileza, a lista, de péssimo gosto, é um caso clássico de um falso silogismo, ou melhor, sofisma. O sofisma da falsa analogia, que consiste em tirar conclusões baseadas apenas em analogias parciais ou simples, transferindo inconsistentemente conclusões de um contexto para o outro.
Quando tive o desprazer de ler a lista em um espaço tão bonito como o Conexão Paris – obrigada de coração Lina, vc não imagina que bem tem me feito essas páginas -, pensei em mim e em muitos brasileiros que não são desonestos, e não se fazem representar por ela..
É triste, pois já se faz tarde… embora ainda exista muita esperança. Tarde para me deparar com a generalização rançosa, que em nada contribui, nada contribui para a discussão.
Tatyana Mabel, Scan, Claudia Amado, Eymard, obrigada pela elegância e pela reflexão!
Entre silogismos e sofismas…ou/e apesar deles…
Que venha a tecnologia para a saúde e para paz!
Beijinho sereno
conexaoparis
Aninha.
Beijos serenos para você também.
Scan
Caros Robson, Eduardo e Tatiana.
Como podem ver, algumas pessoas ainda mantém a tradição do “não lí e não gostei”. Claro, afinal não foi noticiado no Jornal Nacional nem na Veja, nem na FDSP. Portanto deve ser mentira…
Orgulham-se de não serem nem de “esquerda”, nem de “direita” (sabe-se lá o conceito que têm de uma e outra…).
Ah! Mas o mundo cruel não os deixa em paz para que comentem apenas sobre Paris! Não! Por serem de centro, exibem na cabeça galos simétricos, resultantes das pauladas que recebem tanto da esquerda quanto da direita. Sofrem mais, portanto.
Geralmente repetem a ladainha de serem “livres pensadores”. E o são, efetivamente, por não poderem ser pensadores livres: suas idéias(?) foram há muito comprometidas pelo colonialismo do qual se julgam representantes.
Para tais pessoas, os EUA ainda são os paladinos da Justiça e tudo o que deles se fala de mal, é coisa de stalinista subdesenvolvido invejoso e possivelmente portador de algum complexo de inferioridade latente.
O que importa se no Vietnam foram mortos mais de 1 milhão de viettnamitas? Se os EUA apoiaram Saddan na guerra contra o Irã fornecendo-lhe armas, dinheiro e logística? O que importa se Pol Pot recebeu dinheiro americano para desestabilizar o governo democrático do Vietnam do Norte sob Ho Chi Min? O que importa se no Vietnam do Sul (o aliado!) foi guindado ao poder a família Dien, cujos asseclas rasgavam o ventre de mulheres grávidas nos “campos de internação” criados pelos EUA? O que importa se em Guantánamo existem centenas, talvez milhares de pessoas aguardando um julgamento por crimes que não cometeram? E no Haiti, se os Tonton Macoute, assassinos a soldo de Papa e Baby Doc foram financiados por dinheiro americano?
Mais perto ainda, o Chile democrático de Salvador Allende, assassinado covardemente pelo dinheiro americano? Nem vou falar do Brasil e de Mr. Gordon.
Poderia citar aqui centenas de exemplos da democracia americana em ação. Mas é inútil.
No oriente, a contraparte à democracia americana é a democracia do Estado de Israel. A Faixa de Gaza fica ao lado e o muro de Berlim não caiu: apenas se deslocou geograficamente.
Enfim, para mentes tacanhas, democracia ainda é definida como o “direito do povo votar e escolher seus representantes”. Faltou um “livremente” antes do “escolher” aí na frase, mas é apenas um detalhe.
E agora as revelações do governo da Africa do Sul sobre os entendimentos de venda de artefatos nucleares de Israel àquele país há 30 anos atrás. Ao governo DEMOCRÁTICO do Apartheid? Mandela, que importa se passou 28 anos na prisão? Certamente devia ser um comuno-estalinista raivoso e ditatorial!
Alguem aí se lembra das eleições democráticas que elegeram Bush filho? Lembram-se do imbrólio causado na Flórida pelo irmão do Bush, à época governador do estado? Verdadeiro estelionato eleitoral? Mas quem se importa? Lá é uma DEMOCRACIA, não se esqueçam disso.
Enquanto pessoas insistirem em ver o mundo através das colunas do Jabor e do Reynaldo Azevedo ao invés de Chomsky, John Gerassi, Bertrand Russell, o mundo DELES continuará imutável.
Nós continuaremos sendo, sob a ótica deles, “inocentes úteis”. Pode ser. Preferível isso a um culpado inútil, cuja existência só pode, a duras penas, ser justificada por uma greve geral de coveiros.
São as pessoas de “mente aberta”. De fato, alguns tem a mente tão aberta que o cérebro já pulou pra fora e deu no pé há muito tempo.
São pessoas moralistas, as mesmas sobre as quais B. Russell dizia que com um par delas montava-se um bordel.
Em post anterior, pedi-lhes um pouco de paciência. Volto a pedir-lhes: em uma geração a posição subserviente e colonizada de tais pessoas será lembrada apenas nos livros de História.
Poderemos olhar nos olhos de nossos netos, descrentes do passado, e dizer, como Gonçalves Dias, “Meninos, eu ví!”
Em tempo: deixo claro que considero Israel o Estado mais pernicioso do oriente, justamente pelo seu papel de capacho dos EUA.
Jamais fui racista, portanto jamais anti-semita. Mas serei sim, sempre, ferrenho anti-sionista, enquanto Israel reperesentar seu abjeto papel e uma clara ameaça à Paz na região.
Saudações
Tatyana Mabel
Scan,
Precisamos mesmo construir essa noção de perspectiva. Parabéns!
Deusdedit Leite
Apenas sobre a primeira frase do seu comentário (que, de certo modo, foi colocada por outros interlocutores)… A discussão é motivada pelo olhar de um jornal francês. Falar do Brasil na imprensa francesa é falar tb daquele país, do modo como nos vêem. Penso que teremos que nos acostumar em alternar os relatos sobre a Cidade Luz e temas como o Brasil e a França, pois, se somos pauta na imprensa internacional (e francesa) é sinal de que os holofotes estão, de algum modo, voltados para cá. O Conexão… para fazer a conexão, não poderá ficar fora dessa, não é?! Mas, certamente, outros temas dessa relação BrasilxFrança podem ter outro colorido (lembro que Lina, recentemente, comentou sobre uma cantora brasileira que faz sucesso na França) e, quem sabe daqui uns dias, não estaremos comentando o placar FrançaxBrasil… (risos)
Viviane
É bom ter um presidente tão popular. Pena que esse presidente fale tanta besteira.
Deusdedit Leite
Pelo que vejo, bom mesmo é voltar para os comentários sobre Paris.
Sou presunçoso, talvez, por não aceitar ser de “esquerda, de direita”. ora, ninguém pensa por mim.
Depois da queda do muro de Berlim o Le Monde vem, também, caindo, e dizem que atualmente anda ruiim das pernas, de modo que esta sempre à cata de “alguma coisa” que renda “algum”.
Vi aí um comentário contra os Estados Unidos que, ainda que contra, mostra com muita clareza o famoso complexo de inferioridade, e li também sobre crueldade americana no Iraque(!) isto é opinião daquele time que defendia que aquele país não tinha arma de destruição em massa, sem enxegar que o próprio Sadam, que de uma só vez mandou envenenar água de população rebelde e contabilizou mais de 50 mil mortes, o mesmo era uma arma de destruição em massa.
Li que o Irã está cercado de bombas atômicas, e por isso o fanático Adolfinho, que nega até o holocausto, pode ter a bomba e “acabar com o estado de Israel”.
Tomo a liberdade de lembrar que Israel é uma DEMOCRACIA, e que isso é, para o atraso muçulmano, é arma pior que bomba atômica. Qualquer pessoa inteligente, ou seja, não militante acéfalo, descobre.
Finalmente, o Lula e os ventrílocos não foram buscar nenhum acordo, foram buscar publicidade, só os inocentes úteis românticos e os crentes do Pe.Cícero, não sabem. Os stalinistas no poder sabem e estão sendo bem sucedidos na aplicação da lavagem cerebral.